STF derruba Lei de Imprensa
7 dos 11 ministros decidiram tornar sem efeitos a lei, pois concluíram que ela era incompatível com democracia
Mariângela Gallucci, de O Estado de S. Paulo
TRANSPARÊNCIA, DEMOCRACIA, MUNICIPALISMO
7 dos 11 ministros decidiram tornar sem efeitos a lei, pois concluíram que ela era incompatível com democracia
Mariângela Gallucci, de O Estado de S. Paulo
Autor(es): Luciana Nunes Leal |
O Estado de S. Paulo - 30/04/2009 |
As prefeituras ganharam um alívio financeiro. A Câmara aprovou ontem medida provisória que, depois de modificada pelos deputados, garante a suspensão do pagamento das dívidas com o INSS por período que varia de três a oito meses. Durante a carência - termo adotado no texto -, União e municípios farão encontro de contas, em que os dois lados reconhecerão débitos e créditos e chegarão a um valor final. Dependendo do montante negociado, os municípios terão até 20 anos para pagar a dívida previdenciária. MAIS |
O Estado de S. Paulo - 30/04/2009 |
Incentivado por leis federais que vêm sendo editadas há treze anos, o chamado processo de "municipalização do ensino" até hoje não apresentou os resultados esperados para a qualidade da educação infantil e básica. A iniciativa, prevista pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, foi justificada com base na premissa de que, quanto mais as prefeituras assumissem a responsabilidade pelas oito séries do ensino fundamental, perfazendo funções até então executadas pelas Secretarias estaduais de Educação, maior seria o aproveitamento dos estudantes, uma vez que as autoridades municipais saberiam adaptar os currículos às características sociais e econômicas específicas de suas respectivas regiões e solucionar mais rapidamente eventuais problemas pedagógicos. Uma pesquisa feita pela FGV revela que isso não aconteceu, pois a maioria das prefeituras assumiu as novas tarefas sem se preparar, tecnicamente, para gerir o sistema escolar com maior autonomia funcional. Os municípios, principalmente os de pequeno e de médio portes, receberam vultosos recursos adicionais dos governos estaduais e da União para administrar a rede pública de ensino fundamental, mas não desenvolveram projetos pedagógicos na medida de suas necessidades, não aparelharam as escolas sob sua responsabilidade e não qualificaram os corpos administrativo, técnico e docente. O número de alunos da rede estadual de educação fundamental caiu de 16,7 milhões, em 1991, para 11,3 milhões, em 2009. No mesmo período, o número de alunos da rede municipal desse nível de ensino passou de 8,7 milhões para 17,6 milhões. O Sudeste e o Nordeste são as regiões que têm a maior porcentagem de estabelecimentos transferidos dos Estados para os municípios - 41% e 28%, respectivamente. Depois de comparar resultados de alunos da 4ª série do ensino fundamental de 4.934 escolas públicas em todo o País, nas disciplinas de matemática e português, a pesquisa da FGV concluiu que o desempenho dos estudantes das escolas municipalizadas, em 1997, 1999, 2001 e 2003, foi praticamente o mesmo dos estudantes da rede estadual. Uma das principais fontes de informação do estudo da FGV foi a Prova Brasil. Criada em 2005, desde então ela é aplicada em todas as escolas públicas para os alunos da 4ª à 8ª séries do ensino fundamental. Até 2005, a única avaliação existente, o Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb), era feita por amostragem. Os pesquisadores cruzaram os dados das duas avaliações, definiram uma base de comparação para análise dos dados do Saeb anteriores à Prova Brasil, "descontaram" a influência de fatores como idade dos alunos, cor, gênero e escolaridade dos pais e constataram que, em matéria de aproveitamento escolar, quase nada mudou nos colégios estaduais que foram municipalizados. "A municipalização não surtiu efeito", diz André Portela, professor da Escola de Economia da FGV e coordenador da pesquisa. "Muito se dizia que o desempenho das escolas deveria melhorar à medida que elas ficassem mais perto do centro de tomada de decisões, mas esse processo se deu de forma descuidada", afirma o presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), César Callegari. Para a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria Pilar Lacerda, como cerca de 80% dos municípios brasileiros têm menos de 20 mil habitantes, eles não dispõem de "massa crítica" para assumir as responsabilidades previstas pela LDB. Nas pequenas cidades, inclusive no Estado de São Paulo, lembra ela, a secretária municipal de Educação costuma ser a diretora da única escola existente. A municipalização do ensino fundamental é uma estratégia importante para melhorar a qualidade da rede escolar pública. Mas, para que surta efeito, é preciso que as prefeituras invistam em projetos pedagógicos e que os gestores municipais sejam fiscalizados e cobrados. Nos países onde a descentralização do ensino foi acompanhada de responsabilização das autoridades educacionais municipais, a experiência deu certo. É essa medida que precisa ser adotada no Brasil. |
Depois de um dia de brigas entre PMDB e técnicos do Ministério da Fazenda, governo e oposição construíram na noite desta quarta-feira acordo para votar mudanças na medida provisória 457 - que trata da renegociação de dívidas das prefeituras junto ao INSS -, a fim de dar mais um alívio financeiro aos municípios.
Por pressão dos próprios prefeitos e do PMDB, o texto em negociação à noite prevê um encontro de contas entre prefeituras e União sobre o valor real dos débitos previdenciários, e ainda um prazo de carência para começar a pagar os valores renegociados - a MP prevê o alongamento das dívidas em até 240 meses. As 22h15 a Câmara aprovou o novo texto, ressalvado os destaques.
Na prática, a carência será um período de suspensão dos pagamentos dos débitos junto ao INSS, o que permitirá aos prefeitos manter mais dinheiro em caixa. Leia mais em: Câmara aprova MP que beneficia prefeituras com dívidas junto ao INSS
Sinceramente, jamais imaginei que o cargo de presidente da Associação Comercial de Itapeva (ACIAI) fosse tão importante (ou lucrativo) a ponto de perverter princípios de cidadãos com formação democrática e induzi-los a se valer de artifícios ditatoriais para se manter no poder. Dia 1º próximo (6ª feira) na aprovação do novo estatuto da entidade, a atual Diretoria está propondo aos seus associados um documento de índole totalitária com o artigo 52 e seu parágrafo único, que, capciosamente, vão eternizar no cargo o atual presidente e seus acólitos. É um procedimento absurdamente chocante num país em que a democracia e os direitos do cidadão foram conquistas que custaram caro a todos nós, após o golpe civil-militar de 64 em que os militares se mantiveram no poder por mais de 20 anos. É isso que pretende a Diretoria da ACIAI? Manter-se por décadas na direção da instituição? Que reais interesses estão por trás de tamanho paradoxo? Será a ACIAI outra “fraternidade” secreta de amigos do rei?
O ex-vereador Israel Almeida, presidente do PT/Itapeva, foi indicado pelo vereador Tarzan (PSDB) para um cargo “fantasma” ganhando R$ 1.780,00 p/mês a ser pago pela Câmara, cuja “função” seria “abrir portas” para o prefeito Cavani ir “atrás de recursos” em Brasília (petista ajudando tucano!). Segundo se comenta, Tarzan (mestre do fisiologismo) quis fazer um agrado para o ex-vereador que traiu seus companheiros petistas na eleição para a Mesa da Câmara na segunda gestão Wilmar Mattos. O Israel ainda não assumiu o cargo porque o vereador Júnior Guari, membro da Mesa, se negou a assinar a proposta (parabéns, vereador). Dizem que se o afilhado do Tarzan assumir o cargo corre o risco de ser expulso do PT e perder a mamata de assessor do Chinaglia.
A Câmara é valhacouto de desempregados?
O Tarzan ainda vai conseguir essa mamata para o amigão Israel porque o plenário da Câmara aprovou um “pacote” de cargos, que também vai beneficiar outros como o advogado Maurício, que tomou o lugar da advogada Renata, promovida a chefe, e Oséas como assessor “especial” da Presidência (Paulinho)! Lindo, não? Dinheiro público é bom pra isso, o vereador pode esbanjar à vontade, que a maioria dos eleitores não sabe de nada, pois não lê jornal e não vai às chatíssimas sessões da Câmara. Por isso, o vereador não liga para as críticas da imprensa porque sabe que o SEU eleitor nunca vai saber disso. Então, se falta dinheiro para saúde, esporte, cultura, promoção social, creches, manutenção de ruas e estradas etc., para a Câmara nunca falta, sobra dinheiro. A Câmara é a filha rica de uma cidade pobre que se dá ao luxo de construir um palácio para abrigar seus dez vereadores, dezenas de funcionários e assessores parlamentares (a maioria “fantasmas”). Se reduzisse esse pessoal a um terço tudo funcionaria da mesma forma, até melhor. Os vereadores-marajás esbanjam dinheiro à vontade, cuja principal preocupação é se reeleger e tirar máximo proveito do cargo. Mas e o povo carente das vilas e sítios como é que fica? Ora o povo, ao povo as batatas.
Diz o ditado que o cachimbo faz a boca torta, a Câmara de tanto se preocupar em ajudar prefeitos relapsos acabou esquecendo do município e do povo que mora nele. Raramente o vereador apresenta projeto de interesse da população, a maioria deles passa os quatro anos em brancas nuvens. Tem vereador, como o Tarzan, que inventa projetos estapafúrdios como o dia do perdão, dia do evangélico, cantar o hino da cidade na Câmara (que ele mesmo não sabe de cor), mudar nome de ruas, título de cidadão sem exigir merecimento, desde que seja amigo ou puxa-saco. E para o povo as abobrinhas.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, nesta quarta-feira, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual. Com isso, a taxa praticada no país passa a ser de 10,25%.
AINDA É O TERCEIRO JURO MAIS CARO
Com a decisão, o Brasil deixa o posto de país com os maiores juros reais do mundo. De acordo com a consultoria UpTrend, a taxa (que desconta a inflação), passa a 5,8%, atrás de China (6,6%) e Hungria (6,4%).MAIS
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Comtur está na busca por uma cidade bela | |
Do site Portal Itapeva: | |
Uma cidade limpa, organizada e bela. No que depender do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), assim será a Itapeva prestes a receber turistas que vão chegar em busca das riquezas históricas, naturais e culturais do município. Foi com foco nesta meta que o Comtur procurou nesta semana apoio da Prefeitura Municipal. O apoio foi prontamente oferecido pelo prefeito Luiz Cavani. A reunião, realizada na segunda-feira (27), contou também com a participação da Associação Comercial de Itapeva (Aciai) e do Sindicato dos Bares, Restaurantes e Similares. Segundo o presidente do Comtur Sandro Pedrol, para dar estrutura à beleza do município são necessárias mudanças no que diz respeito à ocupação nos locais públicos. --Espaço público é local de lazer e não pode ser utilizado como depósito de lixo ou comércio inadequado. Ele destaca que as mudanças não visam apenas a beleza da cidade, mas também a sanidade da população. Para Ernesto Bonilha, vice-presidente da Aciai, o comércio que não é regulamentado e ocupa o espaço público, prejudicando muitas vezes o trânsito de pedestres, também representa uma concorrência desleal com o comércio regulamentado, que oferece empregos e paga impostos. Outro pedido feito ao prefeito pelo Comtur é que sejam retiradas barraquinhas de alimentos fixadas no espaço público. Segundo a entidade, essas barraquinhas atrapalham o trânsito de pedestres e causam poluição visual em prédios históricos, como o da escola Acácio Piedade, na Avenida Acácio Piedade. O Comtur solicita ainda a regulamentação para a instalação de outdoors na cidade, além da retirada do ponto de ônibus que fica ao lado da Casa da Cultura Cícero Marques, na Praça Anchieta, região central. “Com o ponto de ônibus naquele local fica difícil evitar a depredação do prédio”, diz Paula Costa, do Comtur. Ela alerta que para oferecer a cidade como um produto turístico, todo o conjunto arquitetônico deve estar em harmonia. Harmonia que pode ser prejudicada pelos vendedores ambulantes e por outros pontos contemporâneos. O prefeito concorda que as mudanças são necessárias, mas lembra que é preciso ser levada em consideração a questão do desemprego das pessoas que dependem desses trabalhos. “Essa proposta vem ao encontro do que eu penso e faremos um estudo para analisar a viabilidade de cada pedido”, disse. “O caminho não é de curto prazo, mas estamos dando passos importantes”, completou, referindo-se à necessidade da discussão sobre o tema. |
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REDE ESTADUAL NO FIM DA FILA DA EDUCAÇÃO |
Autor(es): Demétrio Weber |
O Globo - 29/04/2009 |
Rio aparece com o maior número de escolas entre as cem melhores do país |
Autor(es): Izabelle Torres | ||||||
Correio Braziliense - 27/04/2009 | ||||||
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Folha de S. Paulo - 27/04/2009 |
Critérios raciais para ampliar acesso a escolas públicas produzem situações absurdas e devem ser abandonados Na sexta-feira, esta Folha noticiou que 25% das matrículas de alunos que passaram no vestibular da Universidade Federal de São Carlos por meio dessa política foram canceladas, após questionamentos. O critério adotado para concorrer às vagas na instituição utilizando cotas raciais é a autodeclaração -o candidato precisa se declarar negro, pardo ou descendente direto de negros (pai ou mãe). Aprovado, o aluno faz a matrícula automaticamente. Se surgir contestação, porém, precisa "provar" o que declarou. Foi o que aconteceu com uma caloura do curso de imagem e som da UFSCar. A universidade não aceitou documentos apresentados pela aluna, que deveriam ter indicação de cor e ser reconhecidos pela Justiça. Não bastou registro em cartório com uma autodeclaração de que é parda. Mesmo com a apresentação de documentos e fotos de parentes, a estudante não conseguiu reverter a decisão, que, segundo a universidade, será discutida judicialmente. Já na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, uma aluna disse que foi vítima de preconceito. A instituição, que destina parte de suas vagas para alunos cotistas, não considerou a estudante parda e retirou-lhe a vaga. A UFSM adotou um modelo de checagem para a reserva racial. O controle se baseia em entrevista feita por uma comissão que inclui professores, técnicos da universidade, estudantes e ativistas de organizações pró-direito dos negros: um autêntico e estapafúrdio tribunal racial. Nas entrevistas, são feitas perguntas, como se a pessoa já se declarou negra ou parda em ocasiões anteriores ou se já foi vítima de preconceito. Segundo a caloura, como afirmou que nunca havia sofrido discriminação, foi excluída. Então a discriminamos nós, foi o sentido da resposta da banca racialista. Outro vexame semelhante, talvez mais emblemático, ocorreu em 2007, na Universidade de Brasília (UnB). Dois gêmeos univitelinos tentaram ingressar na faculdade pelo sistema de cotas raciais. O comitê racial da instituição considerou um deles negro. O outro, não. Todos esses casos são exemplos cristalinos da impossibilidade de categorizar pessoas segundo o parâmetro de raças -diferenciação que não encontra fundamento científico. Mais que isso: revelam a assombrosa banalização, em instituições de ensino superior, de tribunais raciais, uma prática segregacionista, ofensiva à democracia e estranha à história brasileira desde o fim da escravidão. É possível ampliar o acesso de estratos tradicionalmente excluídos ao ensino superior de qualidade sem atropelar direitos fundamentais -e sem alimentar o monstro racialista. Para tanto, é preciso adotar, como único critério nacionalmente válido nas políticas de ação afirmativa, o fato, objetivo, de o vestibulando ser egresso de escola pública. |
Como avalia os últimos episódios no Congresso?
ROBERTO ROMANO: Estão aumentando a sensação de impunidade, alheios à vida civil. É uma espécie de consciência de casta que leva a essa insensibilidade entre o que é ético, moral, legal, normativo.
Mas o que provocaria esse tipo de atitude dos legisladores?
ROMANO: O ponto crucial está no privilégio do foro. A partir do momento que foi proclamado o privilégio de foro, a audácia, a insensibilidade, a grosseria da classe política aumentou. Eles têm certeza da impunidade. Setores do Ministério Público, quando o privilégio de foro foi proclamado, se pronunciaram e disseram que estaria autorizada a vida boa dos improbos. Isso é verdade. Se olharmos o Supremo Tribunal Federal, o ministro que está encarregado de julgar o caso do mensalão (Joaquim Barbosa) já disse que considera o privilégio de foro uma teratologia política, sem razão de ser.
Se fossem julgados como cidadãos comuns, os parlamentares teriam mais cuidado com o dinheiro público?
ROMANO: Há uma coisa problemática do ponto de vista da Constituição, da moralidade administrativa, já que o próprio STF não é questionado por quem de direito. Temos a OAB, o Ministério Público, tudo o que deveria entrar com uma ação de inconstitucionalidade. Aí chegamos à hipocrisia que se instalou no país. É fácil transformar o Congresso na Geni da história, mas não perguntamos por que o STF não é interpelado. Não tenho ilusão de que o fim do foro privilegiado vá acabar com a corrupção, mas não tem sentido continuar do jeito que está. Além da oportunidade da delinquência, você dá oportunidade para quem delinque.
O corregedor da Câmara, ACM Neto, disse que a imprensa tenta fechar o Congresso...
ROMANO: Quando o corregedor usa esses termos, imagina o resto. Acabou a distinção de baixo clero, alto clero. Eles estão no "todos por todos", têm o passaporte da impunidade. Tudo o que se fizer contra eles vai parar no STF, e nunca vai ser julgado. Ninguém, até hoje, foi punido pelo Supremo. A punição que existe é por abuso de autoridade, que levou dois governadores a perder o cargo, o que é problemático, porque privilegia o perdedor, abençoando a pessoa não escolhida pelo eleitor.
Há um protecionismo entre os parlamentares para evitar que se denunciem?
ROMANO: É a lógica da sociedade secreta. Não por acaso, o filósofo Merleau Ponty, analisando Maquiavel, diz que esse mundo político corrompido lembra muito uma comunhão negra dos santos. Quer dizer, são santos na luz do dia. Mas a comunhão negra existe, e todos se protegem.
O prefeito Cavani e seus secretários estão certíssimos em se fazer de mortos diante da enxurrada de denúncias que inunda a Prefeitura como açude rompido. Eles sabem que o tempo é um santo remédio para fazer esquecer, portanto, se ficarem bem quietinhos nos seus gabinetes sem dar satisfação a ninguém, a imprensa e a oposição acabam deixando-os em paz. E aí eles podem continuar a fazer o que vinham fazendo sem essa amolação pequeno-burguesa de transparência, probidade, lisura administrativa, conceitos que em nosso país só servem para ser usados em palanques eleitorais. Pelo que se percebe o esquecimento das maracutaias já ronda os mais indignados e a poeira espessa dos primeiros momentos raleou-se e tende a assentar sob o peso do cotidiano cuja dinâmica dilui tudo na geléia geral da história. É a vitória dos caras-de-pau.
O festival de denúncias que enche as colunas de nossos jornais semanais a vergastar a malfadada gestão Cavani, é o prenúncio de que a indignação que jazia adormecida no coração de todos nós encontrou seu caminho. Foram anos de silêncio pontuados por raros episódios de indignação de uns poucos parecendo que, em Itapeva, prefeitos, secretários e vereadores cumpriam honestamente seu dever de homens públicos. Era uma meia verdade que bastava.
Com a eleição de Luiz Cavani (PT/PSDB) a meia verdade assumiu forma inteira, instalando em Itapeva a “era da unanimidade” em que qualquer suspeita de improbidade na Administração era motivo de escárnio dos vereadores a prejudicar o seu dever de fiscalizar e denunciar na ingênua presunção de que doutor Luiz Cavani e seus acólitos estavam acima de qualquer suspeita; não estavam, como vimos.
O eterno retorno da mediocridade
Enquanto as Secretarias de Finanças, Governo, Esporte, Saúde e Cultura estão sob o fogo cruzado da Câmara e da imprensa por denúncias de irregularidades sobejamente documentadas, as demais secretarias estão tranquilas sem amolação de qualquer natureza. A secretária Selma, tida como vestal de inexcedível honestidade, é a intocável da educação que ninguém ousa mexer; Xixo, cantado em prosa e verso como servidor público de esmerado afinco profissional, transita pelas obras no embalo dessa melodia laudatória, que muita gente diz que já desafinou; o Cassiano (quem é mesmo Cassiano?) ninguém toca o seu nome talvez porque está quietinho no seu canto ou, talvez, porque esteja fazendo o dever de casa, quem é que sabe? Agricultura é coisa que só lavrador entende, diz um vereador; as de Planejamento e Administração estão “engessadas” no “hospital” de outras secretarias: a primeira vive em coma induzido por sofrer de inutilidade funcional crônica, a outra porque não se encontrou ninguém de confiança (do prefeito) para cuidar dela; a de Promoção e a de Defesa Social continuam “Esperando Godot”; e as demais “secretarias” são havidas como de ficção político-eleitoral e ninguém se incomoda com elas, apesar de custarem caro aos cofres municipais. Esse é o retrato 3x4 da gestão do badalado empresário bem-sucedido, Luiz Cavani (PSDB), que todo mundo acreditava iria mudar os rumos histórico-administrativos de nossa querida e sofrida Itapeva. Ilusão que se desvanece.
O tempo passa e não se vislumbra no estreito horizonte político itapevense nenhum nome que se possa dizer com condições de vir a ser candidato a prefeito dentro da exigência mínima de ter vontade e lucidez suficientes para tirar Itapeva do vergonhoso elenco dos Índices Negativos (Ramal da Fome, para os íntimos). O decadente quadro partidário local, que está sob o comando das mesmas lideranças há muito desgastadas pelo repasse de tantas disputas, não oferece alternativa senão os mesmos nomes de duvidosa conduta político-administrativa.
Engana-se quem pensa que as eleições municipais estão distantes, pois em se tratando de ainda ter de encontrar o candidato, as eleições estão perto o suficiente para nos preocupar, pois o dito cujo além de ter o nome limpo precisa reunir outros predicados, dentre os quais o de ter dinheiro sobrando pra campanha. Hare baba.
Dá um desânimo tão grande. Li no Ita News e fiquei assustado. Agorinha mesmo, recebi de um amigo e-mail com a proposta de alteração do estatuto. Meu Deus, pessoas que a gente pensa que são comerciantes modernos, líderes democráticos...
Vejam só o que o grupo que manda na Associação Comercial, já faz tempo, está propondo: só poderá se candidatar a presidente quem já tiver exercido cargo de diretor. Ou seja, quem for do mesmo grupo.
Oposição concorrer? Nem pensar. Parece que estão copiando o Chávez, da Venezuela. Ou os militares, no Brasil de 64.
É preciso que alguém explique aos valentes que sem respeito aos direitos da minoria, não há como falar em democracia. A concorrência não seria justa, como gostam de dizer os comerciantes.
Se, por exemplo, o empresário Gumercindo, do Supermercado Cofesa, ou Antonio Ermírio, da Votorantin, resolvessem se candidatar a presidente da Associação Comercial de Itapeva, da qual ambas as empresas certamente são associadas, não poderiam por nuncar ter exercido o cargo de diretor ou conselheiro.
É como se o governo Cavani baixasse a seguinte lei: na próxima eleição, só os secretários municipais poderão disputar a prefeitura de Itapeva!
Leiam a proposta:
Clóvis Rossi - Clóvis Rossi |
Folha de S. Paulo - 23/04/2009 |
Do deputado Jovair Arantes (GO), líder do PTB na Câmara, sobre a divulgação de gastos de deputados pela internet: --Não quero ser obrigado a colocar minhas coisas na internet" . Suas coisas, uma ova, deputado. Todas as "coisas" relativas ao seu mandato são de propriedade do público. Você é apenas o representante do eleitor, não o dono das "coisas", dinheiro incluído. Mas é essa mentalidade porca que leva aos privilégios de que gozam os pais da pátria, que já são imorais, e, pior, ao abuso até dos privilégios imorais. Para os nobres parlamentares, não há abuso, posto que as "coisas" são deles, e cada um faz o que quiser de suas "coisas". À cara-de-pau o deputado soma a calhordice de achar que "a imprensa quer fechar o Congresso". Diga-se que a família Magalhães entende de fechamento de Congresso: ele é apenas o mais jovem membro de uma dinastia que apoiou gostosamente a ditadura militar, que, esta sim, quis -e conseguiu- fechar o Congresso mais de uma vez. À falta de memória do jovem Magalhães soma-se a mentira. Quem quer fechar o Congresso são os próprios congressistas. Primeiro porque se tornaram absolutamente inúteis, na medida em que são meros carimbadores de iniciativas do Executivo. Segundo porque tudo o que produzem, cotidianamente, é essa imoral confusão entre as "coisas" do público e as "coisas" deles, parlamentares. Só se nota que o Congresso está aberto é pelo noticiário policial que produz. *** E no interiorzao, então? Vige, por aqui, o governo Cavani-Dr.Ulysses-De la Rua-Davi-Rossi-Adelço também se recusa a publicar todos os pagamentos efetuados pela prefeitura no site, de forma detalhada. Recusam-se a prestar contas do dinheiro do povo ao próprio povo... Bem, daí que dá no que tá dando... |
Folha de S. Paulo - 22/04/2009 |
Agências reguladoras, acionistas e credores precisam conhecer o que ocorre nas finanças de empresas brasileiras No Brasil, os elevados prejuízos de empresas em operações com derivativos de câmbio revelaram fragilidades no controle doméstico. Pesquisas sobre as companhias com ações negociadas na Bovespa -como a realizada pelo Grupo de Conjuntura da Fundap e divulgada por esta Folha- mostraram que o setor industrial registrou uma brutal variação em suas transações financeiras. Em 2007, houve receitas financeiras no valor de R$ 386 milhões. Em 2008, as despesas financeiras superaram as receitas em R$ 38,2 bilhões. Esse movimento não pode ser explicado apenas pelas repercussões da desvalorização cambial na estrutura de financiamento das empresas -o que todas as empresas com dívida em dólar enfrentaram. Os vultosos prejuízos em alguns segmentos -como alimentos, papel e celulose e química- foram determinados, sobretudo, por apostas feitas na valorização do real em operações em mercados futuros de câmbio. A julgar pela surpresa desencadeada pela divulgação dos prejuízos, nem os acionistas nem os órgãos reguladores tinham conhecimento desses complexos contratos de derivativos. Em resposta, a Comissão de Valores Mobiliários determinou que as companhias abertas deveriam divulgar, em nota explicativa específica, informações sobre todos os seus derivativos financeiros. Foi uma decisão importante, mas insuficiente. Muitas empresas envolvidas são de capital fechado -e permanecem ao abrigo dessa norma. Pelas regras em vigor, toda operação com derivativos não negociados em Bolsa deve ser registrada na Cetip, a administradora dessa classe de transações, conhecida como "de balcão". Embora se possa conhecer o montante das operações, é impossível determinar qual a aposta de cada agente. Não se sabe, por exemplo, quem vai ganhar ou perder -e quanto- se o dólar passar de determinada cotação. Além disso, algumas operações, a despeito de registradas na Cetip, eram parcialmente realizadas em paraísos fiscais, dificultando ainda mais sua decifração. Autoridades reguladoras, acionistas e credores precisam conhecer o que está ocorrendo nas finanças das corporações brasileiras. Reafirmar tal truísmo é crucial, pois reformas espinhosas como essa, que afetam lobbies financeiros, tendem a ser esquecidas uma vez superado o momento mais agudo da crise. |
Maior opositor de Chávez denuncia perseguição e pede asilo ao Peru |
O Estado de S. Paulo - 22/04/2009 |
O prefeito de Maracaibo, Manuel Rosales, um dos principais líderes da oposição venezuelana, pediu ontem asilo político ao governo do Peru, informou o advogado peruano Javier Valle-Riestra, redator do pedido. Rosales, que está na clandestinidade desde o fim de março, fugiu para o Peru para escapar de acusações de corrupção na Venezuela que, segundo ele, têm motivação política. MAIS |
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Fernando Rodrigues |
Folha de S. Paulo - 22/04/2009 |
A fórmula para estancar a onda de desvios éticos no Congresso é dar transparência total a todos os gastos do Poder Legislativo. Imediatamente. Até porque vai demorar até novas regras entrarem em vigor, com o eventual fim das verbas indenizatórias. Se um deputado souber que a passagem aérea para Miami de sua namorada estará visível na internet, certamente pensará duas vezes antes de espetar a conta no Congresso. Com tudo aberto, o senador habituado a fretar jatinhos também ficará constrangido ao mandar a nota fiscal para ser paga com dinheiro público. Empregadas domésticas recebendo pela Câmara passarão a ser mais raras. Enfim, nessas horas, a luz do Sol é o melhor desinfetante -como sintetizou em 1913 Louis Brandeis (1856-1941), juiz da Suprema Corte dos EUA. Quando o problema é a transparência, a solução é haver ainda mais transparência. É igualmente desejável haver regras mais rígidas. O uso de verbas no exercício do mandato deve ser mais controlado. Mas nenhuma proibição ou norma terá tanto efeito quanto deixar tudo aberto, diariamente, na internet. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), parece ter acordado para essa saída óbvia. Deu indicações de caminhar nessa direção ainda nesta semana. Do Senado não se ouve palavra, numa atitude típica de uma Casa legislativa arrogante, desconectada da vida real e rumo à insignificância. Seria ingênuo vincular o anúncio de mais transparência a uma abertura total das contas. Com essa turma, é melhor esperar para ver -inclusive porque há a proposta disparatada de aumentar salários em troca da divulgação dos dados. Se, por um milagre, prevalecer o bom senso, e o fim da opacidade vier de graça para a sociedade, os deputados poderão talvez recuperar uma parte do prestígio perdido. |
Dir. Combate à Corrupção
Chamo a sua atenção para o fato de que toda a rede deveria acionar os Promotores de Justiça de suas comarcas, a fim de requerer providências para fazer as Prefeituras cumprirem as disposições das Lei 9.755/98, art. 16 da Lei 8.666/93 e Instrução Normativa n. 28/99, do Tribunal de Contas da União.
Entre outras coisas, essas normas estabelecem que as Prefeituras devam publicar em seus sites na Internet a relação de todas as compras efetuadas mensalmente, indicando as seguintes informações:
I - exercício e mês da aquisição;
II - nome do Ministério ou Órgão Superior a que se vincula a unidade administrativa adquirente, no caso da União;
III - nome da Secretaria ou Órgão a que se vincule a unidade administrativa adquirente, no caso de Estados ou Municípios;
IV - nome e CNPJ da unidade administrativa adquirente;
V - nome e CNPJ do fornecedor;
VI - descrição do bem adquirido;
VII - preço unitário de aquisição do bem;
VIII - quantidade adquirida do bem; e
IX - valor total da aquisição.
Acredito que se trata de um importante instrumento a serviço da transparência e do controle social, até agora não utilizado. Embora essas disposições normativas tenham mais de 10 anos, não conheço nenhum município que as obedeça. Precisamos fazer com que essa lei "pegue".
Já enviamos ofício ao Promotor de Januária neste sentido e vamos aguardar um pouco. Se o MP não conseguir obrigar a Prefeitura a fazer isso, pela via administrativa, vamos entrar com uma ação judicial nesse sentido.
(Valeu, SPC)
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Autor(es): MARCIO AITH |
Folha de S. Paulo - 20/04/2009 |
Alta das despesas com pessoal chegou a R$ 40 bi ao ano desde 2006, equivalente ao que deixou de ser desembolsado no pagamento da dívida O governo utilizou quase toda a economia feita com a queda dos juros desde 2006 para contratar pessoal e elevar o salário do funcionalismo, revela estudo do economista Alexandre Marinis, da consultoria Mosaico. De abril de 2006 a fevereiro de 2009, os gastos anuais com juros caíram R$ 40 bilhões, mesmo valor que foi acrescido ao dispêndio com pessoal. Os gastos de custeio subiram R$ 26,7 bilhões. MAIS |