DESIGUALDADE DE RENDA
7 - A TARDIA
INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
A industrialização do Brasil ocorreu a partir de 1930, cerca
de 2 séculos após a da Inglaterra (item 6.1) e a dos EUA (item 10.5.2). Com o cultivo do café, empresários brasileiros puderam acumular
poupança (renda não consumida) para financiar o processo de industrialização.
É por esta razão que a indústria brasileira teve início em regiões cafeeiras:
Rio de Janeiro e São Paulo.
Nossa industrialização provocou efeitos semelhantes aos
verificados em outros países. Na agricultura, por exemplo, o uso de tratores,
adubos e defensivos químicos e outras tecnologias modernas elevaram substancialmente
a produtividade e a oferta de alimentos. Em consequência, o custo de produção
entrou em processo de queda – em benefício dos consumidores.
Em tempo 1:
foi a concentração de renda no bolso dos empresários do café que viabilizou a
industrialização do Brasil, que melhorou – e muito – a qualidade de vida de
todos os brasileiros. Desconfie, portanto, de críticas generalizadas sobre
desigualdade de renda!
Em tempo 2: antes da Independência (1822), o comércio
era monopólio dos portugueses, ou seja, o capital comercial não era acumulado
aqui.
7.17 – DESIGUALDADE
CONTRIBUI PARA REDUÇÃO DA POBREZA
Objetivo: entender que desigualdade de
renda é necessária para erradicar a... pobreza!
Não obstante os esquerdistas considerarem a concentração de
renda (desigualdade) como efeito perverso da economia de mercado (capitalismo),
que deve ser combatida, ela, a desigualdade, tem sido importante para a redução
da pobreza, através do empreendedorismo (ver item 15.16).
Vamos lá: desigualdade significa que alguns ganham menos,
outros ganham acima do necessário para o consumo. É esse ganho “a mais” (sobra
do consumo) que é investida em novos empreendimentos, pelo próprio ou por
terceiros, no caso de o poupador preferir aplicar a poupança em bancos, que a
emprestarão a empreendedores (item 15.5 - Intermediação Financeira).
Já vimos no início deste capítulo como a concentração da
renda do café deu início à industrialização do Brasil. Outro exemplo foi citado
no capítulo 4: as primeiras cidades, na Mesopotâmia, foram construídas pelo
“dizimo” arrecadado pelos reis-sacerdotes.
Na verdade, o que deve ser erradicada é a pobreza. Ocorre que
a maneira sustentada, eficaz, de erradicar a pobreza é através do
empreendedorismo, que exige poupança, ou seja, desigualdade. Por não entender
este mecanismo, governos de esquerda têm levado economias ao desastre (Dilma e
outros, ver gráfico no item 10.3.1).
Em tempo 1:
no Brasil, infelizmente, a maior parte da poupança é repassada para o governo
rolar a dívida (item 15.7), prejudicando seriamente o empreendedorismo e o
crescimento da economia.
Em tempo 2: a
poupança também pode ser importada com a vinda de empresas multinacionais, como
estão fazendo a China e outros asiáticos. Mas, nossa esquerda nacionalista
também... é contra!
15.16 – A DESIGUALDADE
AUMENTOU COM A REDUÇÃO DA POBREZA
Há muita manipulação do conceito de desigualdade de renda (item
7.17). Exemplo: “No governo militar, embora o PIB tenha crescido bastante,
aumentou a desigualdade de renda”. Correto, mas isso foi ruim? Vamos então
entender como é feito o cálculo da desigualdade: a soma da renda da metade mais
rica é dividida pela soma da renda da metade mais pobre:
(Há outros métodos de calcular, como dividir a renda dos 20 %
mais ricos pela renda dos 50 % mais pobres, que não alteram nossa
demonstração).
Para efeito de cálculo, a população é dividida em 10 grupos
com igual número de pessoas, com renda média decrescente.
Em 1930 (início da industrialização brasileira), apenas 10 %
(primeiro grupo) da população eram ricos e remediados, com renda média,
digamos, de 10 (ver item 7.11). Todos os demais grupos (formados por camponeses
pobres) tinham renda média suposta em 1. Grosso modo, era a configuração da
população brasileira em 1930. Como demonstrado no quadro seguinte, a renda da
metade rica era 2,8 vezes a renda da
metade pobre:
40 anos depois, em 1970, com o processo de industrialização
em curso, a classe média/alta ganhou mais 20 pontos percentuais (de 10 % para
30 %). A pobreza caiu de 90 % para 70%. E
a desigualdade de renda aumentou: a renda da metade mais rica passou a ser 5,8
vezes a renda da metade mais pobre (quadro abaixo). É isso: a desigualdade aumentou exatamente porque diminuiu a pobreza.
Matematicamente, a desigualdade aumenta até que o processo de
inclusão econômica favoreça a metade mais pobre. Daí em diante a desigualdade
passa a diminuir.
É o que vem ocorrendo no Brasil desde 1998 ou um pouco
depois, conforme a metodologia usada. Em 2005 a pobreza atingia 30 % população.
Suponhamos então que a soma da renda dos 5 grupos mais ricos (10+9+8+7+6) era
40 (quadro seguinte). E a soma da renda
dos 5 grupos mais pobres (5+4+1+1+1) era 12. A taxa de desigualdade caiu para
3,33 – porque o processo de redução da pobreza chegou à metade mais pobre.
Vamos ler o site da BBC: