domingo, setembro 01, 2019


DESIGUALDADE DE RENDA

7 - A TARDIA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
A industrialização do Brasil ocorreu a partir de 1930, cerca de 2 séculos após a da Inglaterra (item 6.1) e a dos EUA (item 10.5.2). Com o cultivo do café, empresários brasileiros puderam acumular poupança (renda não consumida) para financiar o processo de industrialização. É por esta razão que a indústria brasileira teve início em regiões cafeeiras: Rio de Janeiro e São Paulo.
Nossa industrialização provocou efeitos semelhantes aos verificados em outros países. Na agricultura, por exemplo, o uso de tratores, adubos e defensivos químicos e outras tecnologias modernas elevaram substancialmente a produtividade e a oferta de alimentos. Em consequência, o custo de produção entrou em processo de queda – em benefício dos consumidores.
Em tempo 1: foi a concentração de renda no bolso dos empresários do café que viabilizou a industrialização do Brasil, que melhorou – e muito – a qualidade de vida de todos os brasileiros. Desconfie, portanto, de críticas generalizadas sobre desigualdade de renda!
Em tempo 2: antes da Independência (1822), o comércio era monopólio dos portugueses, ou seja, o capital comercial não era acumulado aqui.
7.17 – DESIGUALDADE CONTRIBUI PARA REDUÇÃO DA POBREZA
Objetivo: entender que desigualdade de renda é necessária para erradicar a... pobreza!















Não obstante os esquerdistas considerarem a concentração de renda (desigualdade) como efeito perverso da economia de mercado (capitalismo), que deve ser combatida, ela, a desigualdade, tem sido importante para a redução da pobreza, através do empreendedorismo (ver item 15.16).
Vamos lá: desigualdade significa que alguns ganham menos, outros ganham acima do necessário para o consumo. É esse ganho “a mais” (sobra do consumo) que é investida em novos empreendimentos, pelo próprio ou por terceiros, no caso de o poupador preferir aplicar a poupança em bancos, que a emprestarão a empreendedores (item 15.5 - Intermediação Financeira).
Já vimos no início deste capítulo como a concentração da renda do café deu início à industrialização do Brasil. Outro exemplo foi citado no capítulo 4: as primeiras cidades, na Mesopotâmia, foram construídas pelo “dizimo” arrecadado pelos reis-sacerdotes.
Na verdade, o que deve ser erradicada é a pobreza. Ocorre que a maneira sustentada, eficaz, de erradicar a pobreza é através do empreendedorismo, que exige poupança, ou seja, desigualdade. Por não entender este mecanismo, governos de esquerda têm levado economias ao desastre (Dilma e outros, ver gráfico no item 10.3.1).
Em tempo 1: no Brasil, infelizmente, a maior parte da poupança é repassada para o governo rolar a dívida (item 15.7), prejudicando seriamente o empreendedorismo e o crescimento da economia.
Em tempo 2: a poupança também pode ser importada com a vinda de empresas multinacionais, como estão fazendo a China e outros asiáticos. Mas, nossa esquerda nacionalista também... é contra!
15.16 – A DESIGUALDADE AUMENTOU COM A REDUÇÃO DA POBREZA
Há muita manipulação do conceito de desigualdade de renda (item 7.17). Exemplo: “No governo militar, embora o PIB tenha crescido bastante, aumentou a desigualdade de renda”. Correto, mas isso foi ruim? Vamos então entender como é feito o cálculo da desigualdade: a soma da renda da metade mais rica é dividida pela soma da renda da metade mais pobre:


 



(Há outros métodos de calcular, como dividir a renda dos 20 % mais ricos pela renda dos 50 % mais pobres, que não alteram nossa demonstração).
Para efeito de cálculo, a população é dividida em 10 grupos com igual número de pessoas, com renda média decrescente.
Em 1930 (início da industrialização brasileira), apenas 10 % (primeiro grupo) da população eram ricos e remediados, com renda média, digamos, de 10 (ver item 7.11). Todos os demais grupos (formados por camponeses pobres) tinham renda média suposta em 1. Grosso modo, era a configuração da população brasileira em 1930. Como demonstrado no quadro seguinte, a renda da metade rica era 2,8  vezes a renda da metade pobre:
 




40 anos depois, em 1970, com o processo de industrialização em curso, a classe média/alta ganhou mais 20 pontos percentuais (de 10 % para 30 %).  A pobreza caiu de 90 % para 70%. E a desigualdade de renda aumentou: a renda da metade mais rica passou a ser 5,8 vezes a renda da metade mais pobre (quadro abaixo). É isso: a desigualdade aumentou exatamente porque diminuiu a pobreza.






Matematicamente, a desigualdade aumenta até que o processo de inclusão econômica favoreça a metade mais pobre. Daí em diante a desigualdade passa a diminuir.
É o que vem ocorrendo no Brasil desde 1998 ou um pouco depois, conforme a metodologia usada. Em 2005 a pobreza atingia 30 % população. Suponhamos então que a soma da renda dos 5 grupos mais ricos (10+9+8+7+6) era 40 (quadro seguinte).  E a soma da renda dos 5 grupos mais pobres (5+4+1+1+1) era 12. A taxa de desigualdade caiu para 3,33 – porque o processo de redução da pobreza chegou à metade mais pobre. 


Vamos ler o site da BBC:

“Desigualdade - Os índices de desigualdade no Brasil cresceram de forma contínua a partir dos anos 1960, com uma piora expressiva durante o período da ditadura militar (...) A tendência de queda sustentada começa em meados dos anos 1990, (...) tanto durante o governo Fernando Henrique Cardoso quanto nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva.”   Fonte:IBGE: redução da desigualdade no Brasil estaciona nos níveis de 2011”, no site BBC BRASIL

  FONTE: DO LIVRO "DESVENDANDO A LÓGICA DO ENRIQUECIMENTO", da autoria deste blogueiro

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