sexta-feira, abril 27, 2012

COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA

Mui amigos 

Volta e meia reitero, aqui, que não tenho nada  pessoal os políticos que critico em minha coluna, faço-o por dever de ofício, mesmo com dor no coração. Não sei o que eles pensam de mim, político está sempre sorridente na presença de jornalistas. Contudo, é bom saber que já tomei cafezinho, adoçado com ciclamato de sódio, na casa do então candidato doutor Luiz Cavani. Dona Sônia, anfitriã mui gentil, ofereceu biscoitinhos água-e-sal numa bandeja linda (de prata) com guardanapinho de linho e tudo. Comovente! Mas reconheço que minha amizade com o prefeito estacionou no cafezinho, não evoluiu para o uísque 12 anos, que ele saboreia todo fim de semana com alguns de seus amigos e secretários prediletos. Mas cafezinho já é alguma coisa, não é?
E o PDT? (Paulinho, Davi e Tarzan?) Sempre estive do mesmo lado deles na política; até trabalhei na campanha para deputado do Tarzanzinho e na campanha do Davi consegui pra ele boa ajuda financeira. Mas eles não se lembram mais disso!
      Desde crianças os três foram muito grudados, era bonito de ver dois europeus, um filho de espanhóis e o outro de família germano-judia, amigos de um brasileirinho pobre, magrinho, calça curta, mas já com o sorrisinho sacana que ele ostenta até hoje. 
            Eles cresceram, o Tarzan ficou malandrinho, deu várias rasteiras políticas no Paulinho, era só ele bobear e o baixinho crau nele. Às vezes os três brigavam entre si, coisa passageira, mas adivinhem quem era o mais arreliento? Acertou quem disse Tarzan. Davi é o mais orgulhoso, metido a espírita, discípulo do judeu francês de origem polonesa, Alan Kardec, é meio esquentadinho, mas inofensivo. Já o Paulinho tem aquele jeitão espanhol, meio brabo, meio manso, coisa que encanta a mulherada, elas se descabelam quando o guapo andaluz dirige-lhes até um simples olhar. Conheço o espanholzinho desde guri, criado com rédeas curtas e poucos agrados. Ele até pode dar um bom prefeito, apesar de não ter se saído bem como empresário. E daí? A Prefeitura sempre foi arrimo de empresários falidos, ou malsucedidos, que ao se elegerem acertaram suas vidas (até hoje), mais um não faz diferença, concordam? Dizem que o Paulinho já está na “panelinha” do prefeito, isso não é bom. Uma pena.
 O Tarzanzinho se não se eleger vereador (o que é difícil), vai ser bom pra ele que sempre quis ser pastor evangélico, e vem treinando para o negócio faz tempo, ele já fala, gesticula e berra como pastor; ele pode se dar bem no ramo religioso, que é bem mais lucrativo que o de vereador e não tem amolação, só badalação. Mas os pastores concorrentes que se cuidem, o Tarzanzinho tem dia que levanta meio Judas Iscariotes, aí ele não respeita nem Jesus Cristo, Paulinho que o diga, foi o seu Cristo inúmeras vezes.
Sempre me relacionei bem com o PDT, bem ou mal nos toleramos. Quanto ao doutor Luiz, só posso saber se a amizade dele é sincera, pra valer, se ele um dia me convidar para tomarmos juntos aquele seu escocês 12 anos. Vou esperar sentado.
Acordou, enfim
Na entrevista ao bissemanário Itanews, 3ª feira, Juninho da Bauma confirmou sua candidatura a prefeito pelo PMDB. E já está fazendo contatos políticos para o seu vice. Sorria, Itapeva, vamos ter campanha. Até que enfim Juninho saiu da toca, nada como uma boa cutucada. Parabéns ao jornal pelo “furo” de reportagem.


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segunda-feira, abril 23, 2012

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA




Tarzan é quem manda

Bastou uma reles prévia para evidenciar que o vereador Tarzan de fato é um líder político ao impor o seu candidato, Paulo de La Rua, e de lambuja dar uma rasteira nos partidos que viviam de namoricos com o prefeito (principalmente PMDB e PV), cujos “líderes” achavam que seriam convidados a participar da decisão dos nomes para disputar a Prefeitura em outubro.  Diziam, à socapa, que esperavam indicar o vice na chapa tucana. Mas o Tarzan, dono da situação, foi irredutível e não deixou, e o prefeito Cavani não teve alternativa senão pedir ao vereador que deixasse, pelo menos, ele indicar seu secretário Antônio Rossi Jr. como vice na chapa. Aí, o Tarzan deixou.

Até os “verdes” do PV, que se arrogavam aliados de primeira hora do prefeito ficaram de fora e “rachados”, boa parte favorável a migrar para outro candidato.

Assim caiu por terra a propalada liderança do prefeito Luiz Cavani, que, como já disse aqui, é líder de caneta, sem a caneta de nomear o prefeito não líder, é só um engenheiro que fez carreira na Sabesp, tornou-se empresário e, por cochilo da oposição e um golpe de sorte, foi eleito prefeito pelo PT, que logo depois ele chutou fora.                                                                  

Chapa pura

A história nos lembra de que um partido disputar eleições com chapa pura pode não ser tão ruim assim, há precedentes que atestam isso. Só para lembrar, em 1988 Armandinho e Kiko Mattos, ambos do PMDB, foram eleitos tendo por adversários Humberto Vasconcelos e Luiz Cavani, apoiados por todos os demais políticos da época: Chimitão, Espiridião, Honorato, Edson Martho, Quincas, Wilmar, Rubens Ribas, dona Paulina, Terezinha e suas rádios e a UDR de Ronaldo Caiado. Era Davi contra Golias.

Esse grupão pluripartidário era composto pela chamada “direita”, os reacionários que apoiaram o golpe civil-militar de 64, muitos deles representando os remanescentes dos caciques e coronéis de triste memória. Foi aí que este escriba crepuscular entrou na briga e publicou, em junho, a matéria que seria o mote da campanha: “Generais de pijama”, enfatizando a luta pela renovação política de Itapeva contra os caciques e coroneis. O prefeito Brugnaro, ao qual me opunha na época, engoliu seco e me convidou para a campanha onde pude desempenhar papel de relevo na consecução da vitória final. O Armandinho deixou pelo na cerca, mas passou.

Entretanto, é bom ressaltar que a história nem sempre se repete, pois depende de uma gama de fatores imponderáveis, que fogem ao controle da lógica, cujo resultado é imprevisível. Por isso, é bom todo mundo colocar as barbas de molho.

Após ressaca da chapa única

Na atual fase da lua o PMDB tem candidato a prefeito e estaria fazendo contatos com partidos para uma eventual coligação majoritária, principalmente o PV, do qual se quer a vereadora Áurea Rosa para vice do Juninho. Senão, o partido sai com chapa pura: Juninho da Bauma e Comeron. Parece que o Juninho muda de vontade de ser ou não candidato conforme a fase lunar, semana que vem é lua nova, e daí? Comenta-se que essa indecisão do empresário deve-se à falta de assessoria, que ele está cercado de gente que não sabe fazer política. Será? É uma pena, pois o festejado empresário dos minérios e da construção civil é um candidato, politicamente viável, que pode vir renovar a política em Itapeva e levar o PMDB de volta ao poder, onde esteve por 14 anos. 

A campanha promete ser bastante animada; o prefeito será o cincerro da tropa e Tarzan o Comandante em Chefe, apesar do peso de seus altos índices de rejeição.

Os tucanos locais, soberbos como o prefeito, montaram sua chapa sem dar satisfação a ninguém, portanto, é provável que os partidos desprezados deem o troco, formando um bloco de oposição em condições de contrabalançar o peso da “máquina da Prefeitura”, que o prefeito jura que não usará. Seja como for, com máquina ou sem máquina, a dupla Paulinho/Rossi (?) vai precisar de muita sorte para ganhar eleitores no gogó e tentar superar o desaforo feito aos demais partidos, principalmente o PMDB, que vivia de afagos com o alcaide e pode reviver o lema de 88: chega de caciques e de “panelinhas” na Prefeitura. Se isso acontecer, o Tarzan vai ter que deixar para depois a realização de seu sonho de ser o poderoso Secretário da Educação.    

A nós, resta torcer para que Itapeva eleja os melhores. Os que acreditam, orem.

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NOTA - O atraso na publicação da coluna se deve a problemas de internet.
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domingo, abril 15, 2012

DESINDUSTRIALIZAÇÃO

Câmbio não é grande vilão da indústria, dizem economistas
3 abr 2012 13:18 BSB
Indústria na Zona Franca de Manaus. ABr
O Brasil vive um cenário de desindustrialização precoce - na medida em que a indústria perde peso no conjunto da economia - mas o câmbio não é o "único culpado" como vem sendo apontado por governo e empresários, segundo os economistas ouvidos pela BBC Brasil.
Para esses especialistas, há um consenso de que o real valorizado afeta a competitividade da indústria brasileira, uma vez que incentiva as importações ao mesmo tempo que atravanca as exportações, embora esteja longe de ser a raiz do problema, como argumentam dirigentes industriais.
Tal cenário piorou com a recessão nos Estados Unidos e na Europa, uma vez que as indústrias desses países, com um consumo interno desaquecido, passaram a buscar novos mercados para escoar sua produção, como o Brasil e outros emergentes. Com menor consumo nos países ricos, outros grandes exportadores, como a China, também vêm buscando ampliar seus mercados onde o consumo permanece alto.
Segundo os economistas, o desaquecimento da indústria nacional deve-se muito mais aos gargalos estruturais já existentes no país, o chamado "Custo Brasil" - como a elevada carga tributária (em torno de 36% do PIB), a infraestrutura precária e a baixa produtividade do trabalhador - além de uma política de expansão fiscal por parte do governo (que, ao gastar mais, deixa de poupar e, assim, investe menos).
A taxa de investimentos privada, incluída aí a compra de maquinários, também é considerada baixa.
"Tudo isso acaba encarecendo o produto final, que não consegue competir com um similar que vem de fora", disse Ruy Quintans, professor de economia do Ibmec-RJ.
No último ranking do relatório Doing Business do Banco Mundial, que mede a facilidade de se fazer negócios em cada país, o Brasil aparece na 126ª posição entre as 183 nações avaliadas.

Causas e sintomas

No ano passado, a participação no PIB da indústria de transformação (representada pela cadeia industrial que transforma matérias-primas em bens de consumo ou em itens usados por outras indústrias ) foi de apenas 14,6%, segundo o IBGE. O patamar é o mais baixo desde 1956, quando esse segmento respondeu por 13,8% da soma de bens e serviços produzidos pelo país.
Para o economista Rodrigo Constantino, fundador do Instituto Millenium, ao anunciar medidas pontuais (como o aumento do IOF - imposto sobre operações financeiras), "o governo tem atacado mais os sintomas do que as causas dos males que afetam nossa indústria".
Daí a necessidade de políticas que atinjam todos os setores da economia, como a tão pedida reforma fiscal, bem como novas regras previdenciárias que custem menos ao setor produtivo, segundo os economistas.
O cenário de desindustrialização tem impactado, de maneira mais forte, alguns setores específicos - caso da indústria têxtil, que teve retração de 9,2% em 2011, frente à entrada cada vez maior de tecidos chineses no país.
De janeiro a dezembro de 2011, a indústria de transformação também cresceu aquém do esperado (+0,1%), o que elevou os temores de que o setor continue perdendo espaço para concorrentes estrangeiros, levando a demissões e ao fechamento de fábricas a curto e médio prazo.
Segundo entidades que representam o setor, no ano passado, a expansão da demanda por manufaturas foi inteiramente suprida por produtos importados.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a atividade industrial seguirá desaquecida. Dados da última pesquisa "Sondagem Industrial" apontaram que tanto a produção quanto o nível de emprego da indústria em fevereiro ainda se encontram abaixo do patamar recomendável, levando a atividade industrial a registrar retração pelo sexto mês consecutivo.

Formação dos trabalhadores

Se a indústria dá sinais de fôlego curto, o setor de serviços, por outro lado, tem crescido e ocupado cada vez mais espaço no conjunto da economia brasileira. Segundo o IBGE, o setor de serviços representa 67% do PIB em 2011, alta de 2,7% em relação ao ano anterior.
Mas o que poderia ser um sinal de desenvolvimento, pode significar um problema adicional, dada a baixa especialização dos trabalhadores brasileiros. A baixa produtividade (fruto da educação deficiente) também funciona como um freio no desenvolvimento da economia brasileira.
Em países que passaram por processo semelhante, como os Estados Unidos, industrias inteiras foram transferidas para países de produção mais barata - como a China. O vácuo, no entanto, foi preenchido por setores industriais mais desenvolvidos, que apostam na inovação e agregam mais valor aos produtos, aumentando a renda do trabalhador.
"Nessas nações, a indústria perdeu espaço porque, de tão desenvolvida, dinamizou outros setores da economia, que ganharam força, aumentando a renda média da população", concluiu Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análises e Previsões (GAP) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Para os especialistas, a desindustrialização no Brasil ocorre sem a mesma contrapartida de elevação de renda per capita observada nos países ricos, como Estados Unidos e Japão. E o problema, mais uma vez, esbarra no déficit de formação do trabalhador.

sexta-feira, abril 13, 2012

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA

Para quem quer ser escritor  (2ª parte)
 
Na primeira parte destas sugestões dissemos da persistência incomum que deve nortear o trabalho do autor literário, refazendo muitas vezes o seu texto. Acrescentamos, agora, que seria bom se o autor pedisse para um amigo ler o texto e dar sua opinião, mas nem sempre isso ajuda em vista de que a maioria das pessoas nunca leu um romance.

Mas voltando às editoras, concorde-se ou não, elas são um dos obstáculos primordiais a ser ultrapassado por quem quiser ver sua obra nas grandes livrarias. Por isso, o autor tem de escrever seu romance atento, também, ao mercado editorial, não adianta produzir uma grande obra, para si próprio, e deixá-la na gaveta, não é?

A maioria das editoras, hoje, recusa obras de cunho exclusivamente regionalista, raramente uma editora publica livro cuja história seja restrita a determinada região por mais bem escrito, portanto, a obra precisa ser universalizada, ou seja, o enredo e os personagens devem ter tratamento estilístico que seja comum a todas as regiões. Até o início do século 20, por exemplo, eram comuns romances regionalistas, as obras de Jorge Amado foram locadas em cidades da Bahia, cujos personagens tinham costumes peculiares à região. Outros autores de vários estados escreveram romances célebres sobre sua região, mas isso é passado, agora as editoras franzem o nariz com esse tipo de literatura. Contudo, não é uma regra absoluta, existem exceções, até hoje.

A propósito, embora sabendo dessa má vontade das editoras com obras regionais, arrisquei escrever meu romance locado em Itararé, contudo, fiz o que estava ao meu alcance para torná-lo universal, não só abordando tema que favorecesse esse desiderato, mas, também, evitando usar expressões locais, gírias e modismos. Mas, a despeito disso, sei que vou receber muitos nãos das editoras, enfrentar obstáculos pela ousadia de tentar resgatar uma história perdida no tempo, clamando para ser contada.

As grandes e médias editoras, atualmente, publicam obras que já são sucesso lá fora, os best seller-s, que têm venda garantida no mercado nacional. Para isso, as editoras participam de leilões milionários nos Estados Unidos e Europa a fim de arrematar obras de sucesso, que vão garantir o bom faturamento e fazer parte das listas de livros mais vendidos. Raramente se vê algum de autor nacional nessa lista, as exceções ficam por conta de autores conhecidos, ou artistas televisivos, como Jô Soares, Edney Silvestre, ambos da Globo, para citar só os mais recentes. Já nos livros de autoajuda os autores brasileiros têm se saído bem, tem gente vendendo bastante.

Muito mais poderia ser acrescentado sobre a tendência das editoras nacionais, mas nosso espaço é pequeno e não é nosso propósito esgotar o assunto.

Agência literária
Já há alguns anos o meio editorial vem contando com a intermediação de agentes literários a fim de viabilizar obras de autores já consagrados, que, por algum motivo, não querem tratar direto com as editoras, além de intermediar obras de autores inéditos.
Mas, sabe-se que as agências literárias também são seletivas, se um autor novato quiser contratar um agente literário a fim de intermediar sua obra junto às editoras, vai ter dificuldades, porquanto, a agência só aceita o trabalho diante da ficha do autor em que conste, além da qualificação pessoal, currículo indicativo de que ele sabe escrever, se tem livro publicado, ou se é formado em Letras ou Jornalismo. Superado esse quesito, o agente vai sugerir que se faça uma leitura crítica da obra, o que é bom, pois assim tanto o agente como o autor ficam sabendo da viabilidade de publicação. Mas essa leitura crítica custa caro, R$ 6,00 por página de 1.200 toques, com espaços, preço cartelizado pelas agências.     E isso não garante a publicação do livro, mesmo que o autor faça os ajustes sugeridos pelo parecerista, pois esses ajustes se limitam a sugestões léxicas, correções de estilo e pontos fracos, ele não adapta a obra, que é trabalho de outro profissional, que custa ainda mais caro. E também não garante a publicação.
Portanto, ser escritor no Brasil não é para qualquer um. Quem acredita em reza, escreva, mande para as editoras e reze. Quem não reza, torça. Boa sorte.

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sábado, abril 07, 2012

ITARARÉ (SP) - Ator se enforca por acidente em encenação da Paixão de Cristo em SP

Folha.com
De São Paulo

O ator Thiago Klimeck, 27, se enforcou acidentalmente durante a encenação da Paixão de Cristo em Itararé (a 345 km de SP) na noite de ontem.

quinta-feira, abril 05, 2012

COLUNA DO SPC - JORNAL A GAZETA

Para quem quer ser escritor
            Quando a inspiração invade o coração de quem sonha um dia ser escritor, escritor de ficção, de literatura, difícil conter a compulsão de colocar no papel, ou na tela do micro, a sua história, os seus personagens e tudo mais. A inspiração não escolhe idade, nem sexo, ela vem e domina o universo mental da pessoa a ponto de só dar sossego quando ela começa a escrever o seu romance, conto ou poema. E o número de diletantes a escritor aumentou demais com as faculdades de Letras e Jornalismo, sobretudo, com os cursos de literatura de dezenas de oficinas de criação literária, espalhadas pelos grandes centros metropolitanos. Esses cursos de criação vêm dando chance a muitos jovens a se aventurar pela senda dos best seller´s, em busca de um sonho há muito acalentado. Mas há o lado duro da questão: as editoras.
As editoras, hoje, por conta do aumento desmesurado da demanda, vivem abarrotadas de originais para avaliação, as grandes casas chegam a receber cerca de 1.000 originais por mês e só respondem se vão ou não publicar determinada obra após seis meses a um ano. Os pareceristas (aqueles que avaliam a obra) já não se debruçam na leitura com mesmo tempo e empenho de antes, nem sugerem ao autor modificações no texto a fim de aprovar a obra, raros são os casos em que isso acontece, ressalvando-se os autores consagrados que ainda gozam desse privilégio.
                                               O que fazer?
  A despeito da dificuldade, quem quiser ver sua obra publicada, em uma editora comercial, tem que insistir, sem desanimar, com consciência de que todo seu esforço e pertinácia podem dar certo ou ser em vão. Aí o recurso é mandar imprimir sua obra por editora que trabalha por demanda, ou seja, imprime a partir de 100 exemplares. Acontece que aí o autor vai ter que se virar para promover e vender seu livro e, neste caso, geralmente, sobram dezenas e até milhares de exemplares, guardados carinhosamente num canto da casa. A frustração é grande, além de a obra ficar limitada aos leitores de sua cidade, ou de sua região, quer dizer, sonho realizado pela metade.  
O autor determinado não pode esmorecer, pois, se ele confia em seu trabalho, tem que correr atrás de editoras e, a cada rejeição, tentar descobrir o que faltou, ou o que sobrou no seu texto, relendo e reescrevendo quantas vezes forem necessárias. Sabe-se de autores consagrados que reescreveram suas obras duas, três até mais vezes; conta-se que Balzac chegava a reescrever, a mão, mais de 30 vezes, trechos de sua obra. Importante, também, é a maturação, quer dizer, quando o autor termina sua obra, ele deve deixar “descansar” por algum tempo, uns seis meses ou mais, aí, na retomada, ele vai ver que precisa fazer um retoque aqui, outro ali, até reescrever capítulos inteiros, sem preguiça e sem olhar o tempo. Por isso se diz que a arte literária é 5% inspiração e 95% transpiração. Aliás, todas as artes exigem do artista o máximo.
Um exemplo pessoal. O meu romance esteve numa editora por dez meses, quando recebi o comunicado de que não ia ser publicado, já tinha reescrito totalmente a obra, que tem cerca de 250 páginas. Por quê? Porque depois de a obra “descansar” por alguns meses, na releitura descobri as falhas que, provavelmente, provocaram a rejeição da editora. Refiz todo o texto e já o reenviei para outra editora. Estou aguardando.
Para a literatura infanto-juvenil as regras são bem mais flexíveis, mas tem lá suas peculiaridades, além da montanha de originais nas prateleiras das editoras.
Outra coisa. Depois da publicação do livro não pense o autor que todo o seu trabalho será compensado por uma boa remuneração. Ledo engano. As editoras pagam 10% do preço de capa para o autor, o que é uma mixaria. Contudo, tem autores, como Paulo Coelho e uns poucos, que enriqueceram escrevendo livros.
Então a sugestão que dou aos diletantes da literatura é aquela já bem conhecida: leia bastante, tanto romances clássicos como contemporâneos, também pratique a escrita com o mesmo empenho que um mouro procura água no deserto, sem descanso.
Por isso, pode-se dizer, sem exagero, que publicar um romance, numa editora comercial, é tão difícil quanto ganhar na loteria. Mas tem de se arriscar.

JEITO PT DE ... 

Rogério GentileFOLHA SP
Fábrica de dinheiro
SÃO PAULO - O escândalo da compra inútil de 28 lanchas pelo governo Dilma Rousseff é revelador da criatividade da politicagem brasileira na hora de resolver um de seus principais problemas, que é justamente o de como fabricar dinheiro.
Seu roteiro é um verdadeiro "manual do malfeito". Em primeiro lugar, o Ministério da Pesca simplesmente inventou uma necessidade. Comprou por comprar. Disse que precisava aumentar a fiscalização ambiental da atividade pesqueira no país, mesmo não tendo a competência legal para atuar nessa área.
Também não avaliou se órgãos que podem fazer tal fiscalização, como Marinha, Polícia Militar e Ibama, precisavam de tais embarcações e se teriam condições para mantê-las.
O segundo passo foi realizar uma concorrência com graves suspeitas de dirigismo, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União.
O ministério fez tantas e tão específicas exigências que pouquíssimos estaleiros teriam condições de disputar. O texto chegava a especificar as configurações do banheiro do barco.
Sem a competição, evidentemente, o governo federal acabou comprando barcos por valores superiores aos praticados pelo mercado. "Pelo que pagou por cinco lanchas, o ministério poderia ter adquirido seis", diz a auditoria do TCU.
O final da história é o clássico. Um assessor do Ministério da Pesca procurou o fabricante e, obviamente, conseguiu uma doação para as campanhas eleitorais do PT de Santa Catarina, coincidentemente o partido e o Estado do então ministro da Pesca.
E as lanchas? Bom, quase três anos após a primeira licitação, quando a auditoria do tribunal de contas foi finalizada, 23 dos 28 barcos estavam fora de operação, muitos deles guardados pelo próprio estaleiro, pois não havia onde ser entregues, e correndo risco de sofrer danos por falta de manutenção adequada.
Fabricado o dinheiro, claro, não havia motivo algum para o ministério se preocupar com as embarcações.

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quarta-feira, abril 04, 2012

As dúvidas do empresariado
Autor(es): Carlos Lessa
Valor Econômico - 04/04/2012
 

O Brasil percorre uma trajetória de crescimento medíocre há mais de três décadas. Os números de 2011 são ruins e caracterizam uma trajetória de "voo de galinha". Em 2005, o Brasil cresceu medíocres 3,2%; até 2007, quase dobrou. A galinha aterrissa, em 2008 e 2009, a economia decresce 0,3%. Em 2010, a galinha começa a voar e chega a 7,5%. A gritaria de retorno da inflação inspira uma política de elevação de juros e contração de crédito. A galinha volta a aterrissar e, em 2011, mergulha nos medíocres 2,7%, quando a média mundial foi 3,8% de crescimento do PIB. Já teve início uma orquestração otimista. Apesar de a taxa de investimento ter caído em 2011 em relação a 2010, o governo festeja a pequena elevação da formação bruta de capital fixo.
A Fundação Getúlio Vargas anuncia que, nos próximos dois anos, 12,5 milhões de brasileiros atingirão a classe C e 6,5 milhões, as classes A e B. Entretanto, a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) retrocedeu em 2011 a meados de 1950 (início da era JK). O país se desindustrializa e se desnacionaliza há décadas e, só agora, o governo percebe que houve alguma desintegração em elos da cadeia industrial e que a atual taxa de câmbio, com o real supervalorizado, é a principal responsável.
A contração da indústria de transformação no Brasil é assustadora, não porque outros setores tenham crescido (mineração, agroindústria, construção civil), mas porque há contração da atividade industrial com o mercado interno brasileiro crescendo. Por exemplo, no ano passado, a produção de filmes plásticos se contraiu, apesar de o consumo brasileiro desse produto ter se expandido em mais de 6%. Obviamente, as importações cresceram.
Participação da indústria de transformação no PIB em 2011 retrocedeu a meados de 1950
A Índia se propõe a crescer sua indústria, entre 2012 e 2017, entre 12% e 15% ao ano. Enquanto isto, o Brasil retrocede a participação da indústria no PIB aos anos JK. A industrialização indiana vai para a frente; e a brasileira, para trás.
As empresas abertas com registro em bolsa têm, em caixa, mais de R$ 280 bilhões. Sempre se afirma que a preferência pela liquidez aprofunda a crise, pois há o abandono dos investimentos produtivos em ampliação de capacidade para as aplicações financeiras.
Tal comportamento macroirracional é correto pelo ângulo míope da empresa; serve à sua defesa. Ao fazê-lo, a empresa dominante no mercado espera adquirir outras empresas, ampliando sua participação no mercado. É sabido que o sonho de qualquer empresa é ser a única a vender e a única a comprar tudo o que necessita para produzir. Comprar uma empresa debilitada é o sonho da empresa com amplo predomínio de mercado.
Dada a política nacional de estímulo às importações e de passividade ante a valorização do real, as empresas têm em mãos um instrumento para cortar margens de lucro de seus fornecedores internos, mediante importações de componentes e matérias primas. Ao fazê-lo, torna-se um agente de atrofia de cadeias produtivas internas da economia brasileira e destruidor de empregos qualificados. A empresa industrial, nesse caso, torna-se adversária da industrialização e adepta da doutrina de livre câmbio e da especialização em exportações primárias.
A Fiesp, com lucidez, pelo diretor Paulo Francini, afirma que "as empresas estão com um número de empregados além do que necessitam". Desaquecimento da economia norte-americana, crise progressiva na Europa e provável redução de crescimento chinês são algumas das dimensões redutoras que se projetam para a frente. Presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), mais uma vez pediu, em março, o aumento dos investimentos públicos e a diminuição dos prazos para o licenciamento ambiental.
A indústria brasileira conhece bem os voos de galinha e, como São Tomé, quer ver para crer. Olha, com temor, o anúncio do corte de R$ 55 bilhões no Orçamento da União, em 2012, justificado pelo perene objetivo de criar superávit primário (pagar juros) de R$ 140 bilhões. O grave do anúncio é que os cortes estão concentrados no investimento público. O governo considera sagrada a indexação da dívida pública e nada significa anunciar que irá "acelerar" as grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A Copa do Mundo de 2014 não será apoiada por um conjunto de obras definidas como essenciais para o transporte durante o evento. O empresário sabe que os investimentos federais estão fora do ritmo. Além do mais, não consegue perceber qual é o projeto de desenvolvimento nacional. Agora, anuncia que irá apoiar hidrelétricas em países vizinhos. Apesar de meritória a intenção, sinaliza que os atrasos dos grandes projetos hidrelétricos serão reproduzidos.
Os números de endividamento familiar são preocupantes. Não sei como isso é estimado nos EUA, mas li que as famílias americanas têm um comprometimento de 17% de sua renda; no Brasil, o comprometimento já atingiu 22,3% contra 15,6% de 2005. A estimativa brasileira assume como base a massa de salários e auxílios previdenciários. Foi saudável o crescimento do endividamento familiar por compra de moradia, porém sustentar a marcha da construção civil exigirá reduzir o crédito a veículos automotores e demais bens duráveis de consumo (mas o governo está estudando isenções e facilidades para esses setores!). O fato inquietante é a ampliação do endividamento familiar visível na evolução da inadimplência. Apesar de o salário mínimo real ter crescido, são as famílias próximas a esse nível são as que mais têm dívidas crescentes. Os bancos anunciam queda de seus lucros devido ao aumento da inadimplência. Qualquer empresário se pergunta: o governo irá colocar algodão no ouvido?
Gosto do anúncio de que o Banco do Brasil irá reduzir os juros e ampliar sua participação no crédito. Porém, duvido dessa orientação, pois irá bater de ponta-cabeça com os bancos privados. Qualquer empresário, inseguro em relação ao futuro, prefere desfrutar do mercado existente e ampliar seu "rentismo" como forma de se sustentar viável. Foge, como o diabo da cruz, de se endividar com grandes investimentos em ampliação de capacidade produtiva.
Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa é professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.
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domingo, abril 01, 2012

Crime sem castigo
 
Domingo, 01 de Abril de 2012, 03h06 ESTADÃO
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO - socíólogo, foi presidente da República 
Houve tempo em que se dizia que ou o Brasil acabava com a saúva ou a saúva acabaria com o Brasil. As saúvas andam por aí, não acabaram, nem o Brasil acabou. Será a mesma coisa com a corrupção? Que ela anda vivinha por aí não restam dúvidas, que acabe com o Brasil é pouco provável, que acabe no Brasil, tampouco. Mas que causa danos enormes é indiscutível. Haverá quem diga que sempre houve corrupção no País e pelo mundo afora, o que provavelmente é certo, mas a partir de certo nível de sua existência e, pior, da aceitação tácita de suas práticas como "fatos da vida", se ela não acaba com o País, deforma-o de modo inaceitável. Estamo-nos aproximando desse limiar.

Há formas e formas de corrupção, especialmente das instituições e da vida política. As mais tradicionais entre nós são o clientelismo - a prática de atender os amigos, e os amigos dos amigos, nomeando-os para funções públicas -, a troca de favores e o patrimonialismo, isto é, a confusão entre público e privado, entre Estado e família. Tudo isso é antigo e deita raízes na Península Ibérica. A frase famosa "é dando que se recebe", de inspiração dita franciscana, referia-se mais à troca de favores do que ao recebimento de dinheiro. Por certo, um sistema político assentado nessas práticas já supõe o desdém pela lei e é tendente a permitir deslizes mais propriamente qualificados como corrupção. Mesmo quando não haja suborno de funcionários ou vantagem pecuniária pela concessão de favores, prática que os juristas chamam de prevaricação, os apoios políticos obtidos dessa maneira são baseados em nomeações que implicam gasto público. Progressivamente, tais procedimentos levam a burocracia a deixar de responder ao mérito, ao profissionalismo. Com o tempo, as gorjetas e mesmo o desvio de recursos - o que mais diretamente se chama de corrupção - aumentam como consequência desse sistema.

Nos dias que correm, entretanto, não se trata apenas de clientelismo, que por certo continua a existir, ao menos parcialmente, mas de algo mais complexo. Se o sistema patrimonialista tradicional já contaminava nossa vida política, a ele se acrescenta agora algo mais grave. Com o desenvolvimento acelerado do capitalismo e com a presença abrangente dos governos na vida econômica nacional, as oportunidades de negócios entremeados por decisões dependentes do poder público ampliaram-se consideravelmente. E as pressões políticas se deslocaram do mero favoritismo para o "negocismo". Há contratos por todo lado a serem firmados com entes públicos, tanto no âmbito federal como no estadual e no municipal. Crescentemente, os apoios políticos passam a depender do atendimento do apetite voraz de setores partidários que só se dispõem a "colaborar" se devidamente azeitados pelo controle de partes do governo que permitam decisões sobre obras e contratos. Mudaram, portanto, o tipo de corrupção predominante e o papel dela na engrenagem do poder. Dia chegará - se não houver reação - em que a corrupção passará a ser condição de governabilidade, como ocorre nos chamados narcoestados. Não, naturalmente, em função do tráfico de drogas e do jogo (que também se podem propagar), mas da disponibilidade do uso da caneta para firmar ordens de serviço ou contratos importantes.

Não por acaso se ouvem vozes, cada vez mais numerosas, na mídia, no Congresso e mesmo no governo, a clamar contra a corrupção. E o que é mais entristecedor, algumas delas por puro farisaísmo, como ainda agora, em clamoroso caso que afeta o Senado e sabe Deus que outros ramos do poder. O perigo, não obstante, é que se crie uma expectativa de que um líder autoritário ou um partido-salvador seja o antídoto para coibir a disseminação de tais práticas. Em outros países já vimos líderes supostamente moralizadores se engolfarem no que diziam combater, e a experiência com partidos "puritanos", mesmo entre nós, tem mostrado que nem eles escapam, aqui ou ali, das tentações de manter o poder ao preço por ele cobrado. Quando este passa a ter a conivência com o setor gris da sociedade, lá se vão abaixo as belas palavras, deixando um rastro de desânimo e revolta nos que neles acreditaram.

A experiência histórica mostra, contudo, que há caminhos de recuperação da moral pública. Na década de 1920, nos Estados Unidos, havia práticas dessa natureza em abundância. O controle político exercido por bandos corruptos aboletados nas câmaras municipais, como em Nova York, por exemplo, onde o Tammany Hall deixou fama, é arquiconhecido. As ligações entre o proibicionismo do álcool e o poder político, da mesma forma. Pouco a pouco, sem nunca, por certo, eliminar a corrupção completamente, o caráter sistêmico desse tipo de procedimento foi sendo desmantelado. À custa de quê? Pregação, justiça e castigo. Hoje, bem ou mal, os "graúdos", ao menos alguns deles, também vão para a cadeia. Ainda recentemente, em outro país, a Espanha, depois de rumoroso escândalo, alto personagem político foi condenado e está atrás das grades. Não há outro meio de restabelecer a saúde pública senão a exemplaridade dos líderes maiores, condenando os desvios e não participando deles, o aperfeiçoamento dos sistemas de controle do gasto público e a ação enérgica da Justiça.

A despeito do desânimo causado pela multiplicação de práticas corruptas e pela impunidade vigente, há sinais alvissareiros. É inegável que os sistemas de controle, tanto os tribunais de contas como as auditorias governamentais e as Promotorias, estão mais alerta e a mídia tem clamado contra o mau uso do dinheiro e do patrimônio públicos. A ação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a validade da Lei da Ficha Limpa mostram que o clamor começa a despertar reações. Mas é preciso mais. Necessitamos de uma reforma do sistema de decisões judiciais, na linha do que foi proposto pelo ministro Peluso, para acelerar a conclusão dos processos e dificultar que bons advogados posterguem a consumação da justiça. Só quando se puserem na cadeia os poderosos que tenham sido condenados por crimes de colarinho branco, o temor, não da vergonha, mas do cárcere coibirá os abusos.

Não nos esqueçamos, porém, de que existe uma cultura de tolerância que precisa ser alterada. Não faltam conhecidos corruptos a serem brindados em festas elegantes e terem quem os ouça como se impolutos fossem. As mudanças culturais são lentas e dependem de pregação, pedagogia e exemplaridade. Será pedir muito? E não nos devemos esquecer de que a responsabilidade não é só dos que transgridem e da pouca repressão, mas da própria sociedade - isto é, de todos nós -, por aceitar o inaceitável e reagir pouco diante dos escândalos.

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