COLUNA DO SPC - JORNAL A GAZETA
Para quem quer ser escritor
Quando
a inspiração invade o coração de quem sonha um dia ser escritor,
escritor de ficção, de literatura, difícil conter a compulsão de colocar
no papel, ou na tela do micro, a sua história, os seus personagens e
tudo mais. A inspiração não escolhe idade, nem sexo, ela vem e domina o
universo mental da pessoa a ponto de só dar sossego quando ela começa a
escrever o seu romance, conto ou poema. E o número de diletantes a
escritor aumentou demais com as faculdades de Letras e Jornalismo,
sobretudo, com os cursos de literatura de dezenas de oficinas de criação
literária, espalhadas pelos grandes centros metropolitanos. Esses
cursos de criação vêm dando chance a muitos jovens a se aventurar pela
senda dos best seller´s, em busca de um sonho há muito acalentado. Mas há o lado duro da questão: as editoras.
As
editoras, hoje, por conta do aumento desmesurado da demanda, vivem
abarrotadas de originais para avaliação, as grandes casas chegam a
receber cerca de 1.000 originais por mês e só respondem se vão ou não
publicar determinada obra após seis meses a um ano. Os pareceristas
(aqueles que avaliam a obra) já não se debruçam na leitura com mesmo
tempo e empenho de antes, nem sugerem ao autor modificações no texto a
fim de aprovar a obra, raros são os casos em que isso acontece,
ressalvando-se os autores consagrados que ainda gozam desse privilégio.
A
despeito da dificuldade, quem quiser ver sua obra publicada, em uma
editora comercial, tem que insistir, sem desanimar, com consciência de
que todo seu esforço e pertinácia podem dar certo ou ser em vão. Aí o
recurso é mandar imprimir sua obra por editora que trabalha por demanda,
ou seja, imprime a partir de 100 exemplares. Acontece que aí o autor
vai ter que se virar para promover e vender seu livro e, neste caso,
geralmente, sobram dezenas e até milhares de exemplares, guardados
carinhosamente num canto da casa. A frustração é grande, além de a obra
ficar limitada aos leitores de sua cidade, ou de sua região, quer dizer,
sonho realizado pela metade.
O
autor determinado não pode esmorecer, pois, se ele confia em seu
trabalho, tem que correr atrás de editoras e, a cada rejeição, tentar
descobrir o que faltou, ou o que sobrou no seu texto, relendo e
reescrevendo quantas vezes forem necessárias. Sabe-se de autores
consagrados que reescreveram suas obras duas, três até mais vezes;
conta-se que Balzac chegava a reescrever, a mão, mais de 30 vezes,
trechos de sua obra. Importante, também, é a maturação, quer dizer,
quando o autor termina sua obra, ele deve deixar “descansar” por algum
tempo, uns seis meses ou mais, aí, na retomada, ele vai ver que precisa
fazer um retoque aqui, outro ali, até reescrever capítulos inteiros, sem
preguiça e sem olhar o tempo. Por isso se diz que a arte literária é 5%
inspiração e 95% transpiração. Aliás, todas as artes exigem do artista o
máximo.
Um
exemplo pessoal. O meu romance esteve numa editora por dez meses,
quando recebi o comunicado de que não ia ser publicado, já tinha
reescrito totalmente a obra, que tem cerca de 250 páginas. Por quê?
Porque depois de a obra “descansar” por alguns meses, na releitura
descobri as falhas que, provavelmente, provocaram a rejeição da editora.
Refiz todo o texto e já o reenviei para outra editora. Estou
aguardando.
Para
a literatura infanto-juvenil as regras são bem mais flexíveis, mas tem
lá suas peculiaridades, além da montanha de originais nas prateleiras
das editoras.
Outra
coisa. Depois da publicação do livro não pense o autor que todo o seu
trabalho será compensado por uma boa remuneração. Ledo engano. As
editoras pagam 10% do preço de capa para o autor, o que é uma mixaria.
Contudo, tem autores, como Paulo Coelho e uns poucos, que enriqueceram
escrevendo livros.
Então
a sugestão que dou aos diletantes da literatura é aquela já bem
conhecida: leia bastante, tanto romances clássicos como contemporâneos,
também pratique a escrita com o mesmo empenho que um mouro procura água
no deserto, sem descanso.
Por
isso, pode-se dizer, sem exagero, que publicar um romance, numa editora
comercial, é tão difícil quanto ganhar na loteria. Mas tem de se
arriscar.
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1 Comments:
Dinheiro, dinheiro, dinheiro... O SPC me parece um bom camarada, um bom escriba, mas ele perde um pouco de brilho, quando deixa transparecer em seus escritos uma certa obsessão por dinheiro, até no ato de escrever, que deve ser antes de tudo um grande prazer, uma paixão, um hobby.
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