COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA
Bar de grã-finos
Bar
de grã-finos é aquele que se identifica não só pelo tipo de clientela
em que predominam pessoas de alto poder aquisitivo, como médicos,
políticos, empreiteiros, comerciantes, contrabandistas, dentre outros
menos cotados, mas, também, pelos preços abusivos que pratica; uma dose
de bebida, ou porção de “tira-gosto”, custa mais que o triplo dos bares
comuns. É uma forma consentida de selecionar a clientela pelo bolso. O
serviço nesses bares, geralmente, é de primeira: garçons bem-trajados,
asseados, boa música, os alimentos dentro do prazo de validade, uma
maravilha para a grã-finagem.
Em
Itapeva, porém, não é bem assim. Na área central da cidade tem uns
bares que podiam se encaixar na definição acima, preferidos pelos
grã-finos itapevenses. Mas, infelizmente, a maioria deixa muito a
desejar, digamos, que são bares para grã-finos caipiras (com todo
respeito a meus confrades caipiras), disputados por uma clientela
abastada, sem opções de lazer, que tem de se contentar com o péssimo
serviço oferecido. E ponha-se péssimo nisso! Tem bar que serve porções
de alimentos com produtos vencidos, soube de casos de grã-finos com
disenteria, intoxicação, mas essa gente não reclama, pois nunca atribui a
causa do mal ao tira-gosto vencido do bar. E não adianta ir à
Vigilância Sanitária denunciar, porque lá eles não trabalham à noite,
quer dizer, enquanto não morrer um grã-fino intoxicado ou de botulismo,
tudo bem. Sabe-se, no entanto, que, muito de vez em quando, a Vigilância
faz blitz pelos bares e lanchonetes da periferia, e chega até a
interditar alguns estabelecimentos, mas dificilmente fiscaliza os bares
de bacanas.
Tem
outra questão. Para atrair freguesia e amenizar a precariedade dos
serviços, tem bar que oferece música ao vivo, quando entram em cena o
amadorismo e o mau-gosto mais cafona. Enquanto os grã-finos (coitados)
bebem e degustam o salgadinho suspeito, eles tentam conversar, trocar
ideias, fofocar (uma delícia fofocar), tentam porque o som alto
atrapalha o bate-papo, o mais incrível é que ninguém reclama, atitude
irracional de gente considerada “instruída”. A maioria dos “cantores” e
conjuntos musicais são tecnicamente sofríveis e aumentam o volume do som
para encobrir as “deficiências”, porém, sem a devida proteção acústica
determinada pela Lei do Silêncio 2472/06, art. 4º, parágrafo 1º. Um
desrespeito à lei e à vizinhança que trabalha e precisa dormir e que a
polícia devia proteger. Por que não se coloca CDs de música cujo volume
seja compatível com o ambiente, onde se quer conversar, tomando uma
bebida? Se o som estiver alto demais e a Polícia Militar for chamada
aí... bem, já contei essa história aqui, a PM, na maioria das vezes, não
atende e se for bar de grã-finos o policial não entra, só entra em
bares da periferia. Por quê? Perguntem ao Comandante da PM.
Não
é nome de dupla sertaneja. Trata-se do tenente Aranha, comandante da
Guarda Municipal, e Luciano de Oliveira, secretário da Defesa Social e
Ação Social. Essa dupla está disposta a pôr um fim ao abuso dos bares
que desrespeitam as leis de posturas municipais, em favor do sossego
público e da segurança. Dia 2 p.p. a Guarda Municipal, atendendo
reclamação de moradores, foi ao Tub - Top Square, no centro, onde
havia som ao vivo, entrou e mandou parar. Sexta-feira passada tornou a
entrar no mesmo estabelecimento, cujas instalações estão em desacordo
com a lei municipal, pois não tem vistoria aprovada pelo Corpo de
Bombeiros (AVCB), nem proteção acústica para música ao vivo, dentre
outras exigências. Faltou a Vigilância Sanitária fazer a sua parte, mas
quem sabe com o secretário Luciano à frente das blitze o pessoal da
Vigilância vai cumprir o seu dever de ofício.
Ninguém
é contra os bares, eles são necessários, principalmente, numa cidade de
poucas opções de lazer, afinal, todo mundo precisa viver, divertir-se,
ter seu negócio, mas isso não inclui transgredir leis municipais nem ser
foco de perturbação do sossego público. Todo cidadão tem direito ao
descanso à noite, isso é um princípio consagrado em todo mundo,
inclusive em Itapeva, que tem leis nesse sentido a fim de coibir o abuso
de infratores. A clientela pode colaborar nesse sentido se afastando de
estabelecimentos transgressores e estará prestando inestimável serviço
público e à cidadania. É isso aí.
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