COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA
Para quem quer ser escritor (2ª parte)
Na primeira parte destas sugestões dissemos da persistência incomum que
deve nortear o trabalho do autor literário, refazendo muitas vezes o seu
texto. Acrescentamos, agora, que seria bom se o autor pedisse para um
amigo ler o texto e dar sua opinião, mas nem sempre isso ajuda em vista
de que a maioria das pessoas nunca leu um romance.
Mas
voltando às editoras, concorde-se ou não, elas são um dos obstáculos
primordiais a ser ultrapassado por quem quiser ver sua obra nas grandes
livrarias. Por isso, o autor tem de escrever seu romance atento, também,
ao mercado editorial, não adianta produzir uma grande obra, para si
próprio, e deixá-la na gaveta, não é?
A
maioria das editoras, hoje, recusa obras de cunho exclusivamente
regionalista, raramente uma editora publica livro cuja história seja
restrita a determinada região por mais bem escrito, portanto, a obra
precisa ser universalizada, ou seja, o enredo e os personagens devem ter
tratamento estilístico que seja comum a todas as regiões. Até o início
do século 20, por exemplo, eram comuns romances regionalistas, as obras
de Jorge Amado foram locadas em cidades da Bahia, cujos personagens
tinham costumes peculiares à região. Outros autores de vários estados
escreveram romances célebres sobre sua região, mas isso é passado, agora
as editoras franzem o nariz com esse tipo de literatura. Contudo, não é
uma regra absoluta, existem exceções, até hoje.
A
propósito, embora sabendo dessa má vontade das editoras com obras
regionais, arrisquei escrever meu romance locado em Itararé, contudo,
fiz o que estava ao meu alcance para torná-lo universal, não só
abordando tema que favorecesse esse desiderato, mas, também, evitando
usar expressões locais, gírias e modismos. Mas, a despeito disso, sei
que vou receber muitos nãos das editoras, enfrentar obstáculos pela
ousadia de tentar resgatar uma história perdida no tempo, clamando para
ser contada.
As grandes e médias editoras, atualmente, publicam obras que já são sucesso lá fora, os best seller-s,
que têm venda garantida no mercado nacional. Para isso, as editoras
participam de leilões milionários nos Estados Unidos e Europa a fim de
arrematar obras de sucesso, que vão garantir o bom faturamento e fazer
parte das listas de livros mais vendidos. Raramente se vê algum de autor
nacional nessa lista, as exceções ficam por conta de autores
conhecidos, ou artistas televisivos, como Jô Soares, Edney Silvestre,
ambos da Globo, para citar só os mais recentes. Já nos livros de
autoajuda os autores brasileiros têm se saído bem, tem gente vendendo
bastante.
Muito
mais poderia ser acrescentado sobre a tendência das editoras nacionais,
mas nosso espaço é pequeno e não é nosso propósito esgotar o assunto.
Agência literária
Já
há alguns anos o meio editorial vem contando com a intermediação de
agentes literários a fim de viabilizar obras de autores já consagrados,
que, por algum motivo, não querem tratar direto com as editoras, além de
intermediar obras de autores inéditos.
Mas,
sabe-se que as agências literárias também são seletivas, se um autor
novato quiser contratar um agente literário a fim de intermediar sua
obra junto às editoras, vai ter dificuldades, porquanto, a agência só
aceita o trabalho diante da ficha do autor em que conste, além da
qualificação pessoal, currículo indicativo de que ele sabe escrever, se
tem livro publicado, ou se é formado em Letras ou Jornalismo. Superado
esse quesito, o agente vai sugerir que se faça uma leitura crítica da
obra, o que é bom, pois assim tanto o agente como o autor ficam sabendo
da viabilidade de publicação. Mas essa leitura crítica custa caro, R$
6,00 por página de 1.200 toques, com espaços, preço cartelizado pelas
agências. E isso não garante a publicação do livro,
mesmo que o autor faça os ajustes sugeridos pelo parecerista, pois esses
ajustes se limitam a sugestões léxicas, correções de estilo e pontos
fracos, ele não adapta a obra, que é trabalho de outro profissional, que
custa ainda mais caro. E também não garante a publicação.
Portanto,
ser escritor no Brasil não é para qualquer um. Quem acredita em reza,
escreva, mande para as editoras e reze. Quem não reza, torça. Boa sorte.
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