DEM decide pedir afastamento temporário de Sarney
Decisão foi consensual, segundo Agripino; Partido considera que afastamento garante isenção e credibilidade
O Estado de S. Paulo
TRANSPARÊNCIA, DEMOCRACIA, MUNICIPALISMO
Decisão foi consensual, segundo Agripino; Partido considera que afastamento garante isenção e credibilidade
O Estado de S. Paulo
Por Vannildo Mendes, no Estadão:
A Justiça Federal determinou a extinção do curso de direito agrário, criado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) exclusivamente para assentados da reforma agrária e seus filhos. Antiga bandeira do Movimento dos Sem-Terra (MST), o curso é de natureza especial, com turma única e vinha sendo ministrado desde agosto de 2007, com cinco anos de duração. Dos 60 matriculados, 39 são oriundos de assentamentos do MST.
Antes da decisão do juiz Roberto Carlos de Oliveira, da 9ª Vara Federal de Goiás,o Ministério Público já havia dado parecer afirmando que o curso “fere os princípios da igualdade, legalidade, isonomia e razoabilidade do direito brasileiro”. Disse, ainda, que a criação da turma especial, “sob a roupagem artificiosa de ação afirmativa, é uma afronta aos princípios constitucionais” do direito brasileiro, caracterizando desvio de finalidade e malversação de recursos públicos.
A medida do juiz de Goiás reflete uma tendência do Judiciário. No início do ano, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) negociado entre o Ministério Público e o governo do Rio Grande do Sul levou o Estado a fechar salas de aulas criadas exclusivamente para crianças dos acampamentos. A expectativa é que os próximos alvos sejam cursos semelhantes que vinham sendo criados em universidades públicas de outros Estados.
A extinção do curso de Goiás ocorrerá no final deste semestre letivo. A UFG informou que recorrerá da decisão para preservar o direito dos estudantes, uma vez que a interrupção das aulas prejudicaria o aprendizado. A instituição sustenta que a política de cotas para segmentos sociais teve sua legitimidade conhecida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Aqui
Embora tenha havido uma leve melhora nas estatísticas entre 2007 e 2008, a pequena variação dentro da margem de erro significou que este avanço foi "estatisticamente insignificante", de acordo com o critério do banco.
Do ano retrasado para o passado, em uma pontuação que varia de -2,5 a +2,5 - na qual os números positivos indicam os melhores resultados -, o Brasil passou de -0,21 para -0,03. A margem de erro foi de 0,14 ponto. Dez anos atrás a pontuação do Brasil era +0,10 com uma margem de erro de 0,18 ponto.Em um outro critério de medição, os autores do estudo afirmaram que 58% dos países do mundo estão piores do que o Brasil na questão de controle à corrupção e que, no ano passado, o país estava melhor do que 52% deles. Mas, novamente, a margem de erro, que vai de 50% a 63%, indica uma variação pouco significativa.
Apesar da estagnação nos indicadores, o diretor do Banco Mundial para o Brasil, Makhtar Diop, disse que, na prática, existe uma "impressão generalizada" de que o país vive um "ambiente favorável" para o combate à corrupção."A impressão geral é de que o país tem feito avanços na última década, especialmente ao implementar instrumentos de controle e criando um ambiente favorável para ações de combate à corrupção", afirmou Diop.
"Existe um saudável reconhecimento de que não há soluções rápidas e simples, mas também existe a compreensão de que esta é uma questão fundamental para a sociedade brasileira e que progressos estão sendo feitos."
O relatório, o oitavo da série, mede da governança de 212 países levando em consideração estatísticas de 35 fontes de dados, entre organizações, governo e institutos de pesquisa, entre outros.
O Banco Mundial define governança como "as tradições e instituições pelas quais se exerce a autoridade em um país" o que inclui a forma como governos são eleitos, fiscalizados e substituídos, e a sua capacidade de formular e implementar políticas econômicas e sociais.O Brasil melhorou nos seis critérios levados em conta, mas ainda permanece atrás em termos de Estado de direito/domínio da lei (-0,30 ou melhor que 46% dos países pesquisados) e estabilidade política (-0,12 ou melhor que 38% dos países).
Em termos de eficiência do governo, o país pontuou -0,01 e ficou em melhor situação que 55% dos países do globo; já a nota para qualidade regulatória foi +0,19, melhor que a de 58% dos países.O desempenho brasileiro mais satisfatório foi na questão da participação cidadã e transparência do governo: pontuação de 0,51 ou melhor que a de 61% dos países.
A instituição ressalvou, porém, que nunca fez um estudo específico aprofundado sobre questões de governança no Brasil, e que a atual pesquisa "não mede ações governamentais diretamente, mas se baseia em pesquisas de percepção".A análise dos dados brasileiros mostra as idas e vindas dos indicadores do país na última década. Quando a melhora é constante, no entanto, sublinha o relatório, é possível perceber uma relação entre boa governança e desenvolvimento.
"Quando a governança melhora o equivalente a um desvio-padrão, a mortalidade infantil é reduzida em dois terços e a renda aumenta em cerca de três vezes no longo prazo", disse o relatório.Por outro lado, a riqueza de um país não implica necessariamente boa governança, diz o relatório, citando como exemplo a crise que erodiu a confiança em instituições nos países ricos. "Uma melhor governança fortalece o desenvolvimento e não o contrário", afirma o estudo.
O Banco Mundial afirmou que diversos países emergentes apresentam indicadores de governança melhores que a Itália, por exemplo, que está entre o grupo dos sete países mais industrializados do mundo. Neste caso estão o Chile, o Uruguai e a Costa Rica na América Latina; Eslovênia, Hungria e República Checa no Leste Europeu; Estônia, Letônia e Lituânia nos Bálticos; Botsuana e Ilhas Maurício na África.Como em anos anteriores, o relatório procurou afastar o que chamou de "noções de afropessimismo", indicando que em termos de governança houve notável avanço em Gana, Angola, Libéria, Ruanda, Etiópia e República Democrática do Congo.
Por outro lado, houve piora nos indicadores de governança de diversos outros países, incluindo a Venezuela, Zimbábue, Costa do Marfim, Belarus e Eritrea.Bolsa Família: Sem efeito sobre a pobreza |
Renata Mariz, Correio Braziliense |
Faz três anos que Wilma Silva Moreira e o marido, Walmi, recebem um auxílio de cerca de R$ 100 do governo federal. Com o dinheiro, garantem uniformes escolares e tênis em bom estado para os dois filhos, compram frutas e verduras e ainda pagam as passagens da mais velha, Kelry Cristina, de 10 anos, que vai de ônibus às aulas de ginástica rítmica três vezes por semana. Se não fosse esse recurso, não teria como fazer isso por eles , conta a dona de casa, que sabe da obrigatoriedade de manter os pequenos na escola para não perder o benefício. Na casa simples em um bairro humilde do Distrito Federal, é impossível não perceber o quanto o auxílio do Bolsa Família(1) melhora a vida dos Moreira. Dificilmente, entretanto, o programa Social será capaz de cumprir um dos principais objetivos a que se destina: retirá-los da pobreza a longo prazo. É o que aponta um estudo inédito intitulado Mobilidade Social no Brasil: o papel da educação e das transferências de renda elaborado por Rafael Osório, pesquisador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), e por Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). MAIS |
Autor(es): FERNANDO DE BARROS E SILVA |
Folha de S. Paulo - 29/06/2009 |
Lula degrada a discussão pública no país. Segundo ele, a imprensa (mas só a "burguesa") vive do "denuncismo desvairado". E a nação, diz, "precisa de boas notícias". Sua fala banaliza os escândalos do Senado, pondo sob suspeição aqueles que os revelaram. Na prática, o ataque retórico ao jornalismo serve para dar um verniz de legitimidade à opção pelo indefensável. Lula se alia aos senadores do PFL para salvar Sarney e sua camarilha. Mais uma vez, entre a esquerda e a direita, fica com o atraso. O pouco caso diante do quadro de descalabro no Senado serve para qualificar o uso que Lula faz da sua popularidade, além de explicitar seu desapego pela moralidade. Na mesma sexta-feira, o presidente ainda disse que "o país foi feito para não funcionar". Alegou que a "máquina de fiscalização" do Estado "é muito mais eficiente que a máquina de execução". Ou seja, o país que Lula reclama é aquele que tem uma imprensa chapa-branca e um Estado caixa-preta. O Brasil talvez esteja mais próximo dessa utopia obscurantista do que os "desabafos" do presidente fazem supor. "Deixa o homem trabalhar": o conteúdo latente do bordão da campanha de 2006 vem à tona no exercício do mandato. Com Collor também foi assim: o slogan "caçador de Marajás" embutia, como um sentido oculto, a destruição do Estado que seu governo levaria a cabo. Agora, o que se vê é a apropriação laboriosa do Estado pelos amigos do rei. Quando gritam "a Petrobras é nossa!", os petistas sintetizam numa fórmula o espírito de uma época. Lula faz um governo neopatrimonialista de comunhão nacional: do PR ao PMDB, dos usineiros às empreiteiras, dos banqueiros à CUT, todos só querem "trabalhar". O lulismo é uma forma de degradação dos valores da República. |
Tornou-se banal a imprensa noticiar desvios de conduta no Governo Federal e no Congresso Nacional, ambos historicamente protegidos por extensa blindagem. E por conta desse mau exemplo de cima muitos políticos dos quase seis mil municípios do país também se acham no direito de tirar proveito do cargo a fim de se fazer na vida. Some-se a isso o mau desempenho na função pública e, pronto, a inércia se estabelece.
Quem em Itapeva, em sã consciência, iria supor que um empresário de destaque na região como o prefeito Luiz Cavani (PSDB), nome de inegável prestígio na sociedade itapevense e filho de ex-prefeito reeleito duas vezes, seria esse gestor público que hoje se desgasta com suspeitas de corrupção em sua Administração? Pois é. Doutor Luiz parecia ter todos os predicados para ser o melhor prefeito deste sofrido rincão de Furquim Pedroso, entretanto, revelou-se, enfim, um político frio, que só olha o próprio umbigo, que nunca desceu do palanque eleitoral, nem do pedestal em que se mantém com empáfia e indiferença. O mal-inventado bordão de sua campanha à reeleição “minha maior obra é cuidar das pessoas” soa como ironia e sarcasmo, porque as pessoas carentes nunca foram alvos das preocupações do badalado prefeito de nariz empinado. A sua maior obra, de fato, era aquela do empresário da construção civil em que o mais importante eram os metros cúbicos de concreto transportado em caminhões-betoneiras.
Quatro anos de gestão não mudaram o político Cavani, que ainda prefere as festanças com duplas sertanejas decadentes de cachês altíssimos, invés de aplicar o dinheiro do contribuinte em benefícios duradouros para a juventude, como capacitação profissional extensiva à oferta de esportes, arte, cultura, que nunca mereceram a atenção de sua administração. A falta de diversão sadia contribui para que o jovem procure alternativas de lazer na bebida e nas drogas. Sabe-se, também, que a prática de esporte e os produtos culturais por si só não são suficientes para impedir o jovem de entrar no vício, mas sinaliza e propicia a ele a opção para outras formas de lazer e diversão.
Para o prefeito Cavani festa é a melhor forma de engabelar o povo, então, nem termina uma festa ele já está pensando na próxima, como os carnavalescos cariocas que começam a programar o próximo carnaval já 4ª feira de Cinzas. O povo que se lasque.
Daí, a pergunta: as “forças vivas” da sociedade itapevense onde estão que não reagem a essa festança inútil? Por que elas se fazem de mortas? As “forças vivas” itapevenses, integradas por instituições respeitáveis como a Associação Comercial, Apeoesp, Sindicatos, Rotary Clube, Maçonaria, partidos políticos e demais entidades de classe deviam se interessar mais por sua cidade e se manifestar quando o Poder Público se desvia de seus deveres. Entretanto, se mantêm indiferentes, fecham os olhos para tudo de errado que acontece no município. Há quem diga que se o prefeito um dia disser que vai botar fogo no Paço Municipal, as “forças vivas” correm fornecer o isqueiro.
Com tantos problemas graves no município clamando por solução, imagine o leitor qual é a maior preocupação do prefeito Cavani? Sim, a próxima FAI, a festa de aniversário da cidade. Seus secretários estão debruçados há tempo sobre como realizar a FAI, eles não querem ouvir falar de projetos de cunho social, o negócio é festa, o povo gosta de festa - dizem eles. Ninguém está preocupado com o risco de acidentes como o de Jaguariúna em que morreram quatro pessoas pisoteadas com dezenas de feridos.
E festa neste interiorzão sem projetos sociais, nem culturais, é confinar milhares de pessoas num local cercado de tapumes, guarnecido por forte esquema policial, muita bebida e o povão vibrando com cavalos e bois sendo judiados por peões sacudidos, tudo embalado no som das duplas “sertanejas”, que sobrevivem graças aos cachês altíssimos desses espetáculos dantescos, deprimentes, pagos pelos empresários locais fornecedores da Prefeitura, atendendo pedido do prefeito. E a sociedade itapevense comparece feliz como criança indo ao zoológico. Isso é que dá votos! E o Ramal da... continua atrasado e abandonado à própria sorte, enquanto o prefeito sorri o sorriso da indiferença.
Crise e escassez levam Chávez a subir preços tabelados em até 147% |
Autor(es): Ruth Costas |
O Estado de S. Paulo - 25/06/2009 |
A crise global pode ser capitalista, mas o socialismo bolivariano do presidente Hugo Chávez não está ajudando muito a atenuar seus efeitos na vida dos venezuelanos. O governo anunciou ontem um aumento dos preços dos produtos tabelados, que são os que enchem as prateleiras dos mercados estatais subsidiados, os Mercais. O leite subiu 33%; a sardinha (produto bastante consumido pelos venezuelanos), 147%; o queijo, 8%; e o açúcar deve subir 47% em outubro. Só o óleo de cozinha teve uma redução de 15% por causa da safra. Além disso, se antes havia escassez de alimentos básicos, agora falta tudo, além de empregos. O desemprego subiu mais de 10% no último ano (eram 888 mil desempregados há um ano; hoje são 999 mil), segundo dados também divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Há seis anos não havia uma alta. No total, mais 111 mil venezuelanos ficaram desempregados e 226 mil passaram para a informalidade. MAIS |
Plano Real recupera valor do mínimo |
Correio Braziliense Aumento é de 116% no salário de referênciaCorrigido pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o valor do salário mínimo voltou ao nível dos anos 1970. Desde a implementação do Plano Real, há 15 anos, a menor remuneração permitida pela legislação brasileira cresceu 116% em termos reais. O ritmo de expansão foi muito maior no governo Luiz Inácio Lula da Silva do que no de Fernando Henrique Cardoso. Entre 1995 e 1998, os rendimentos subiram 24% (5,5% ao ano), e de 1999 a 2003, 17% (3,3% ano ano). A partir de 2004, a elevação foi de 48%, o equivalente a 6,8% ao ano. Autor dos cálculos, o economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira, chama essa evolução de o novo milagre brasileiro , numa referência ao período dos anos 1970, em que a economia cresceu a taxas superiores a 8% anuais. A implementação do Plano Real foi um marco de reversão na deterioração de valor do salário mínimo, que, desde então, passou a dar sinais de expressiva recuperação. A hiperinflação(1) vivida nos tempos que antecederam à implantação do real corroía completamente o poder de compra do salário mínimo , constata. Segundo Pereira, após a adoção do plano, a garantia da estabilidade de preços permitiu a recuperação do valor real do mínimo. Isso foi fundamental na melhora do poder de compra da população de mais baixa renda, permitindo a incorporação de milhões de pessoas no mercado consumidor. A partir de 2003, o ganho do salário mínimo foi ainda maior, embutindo não só as vantagens da estabilidade conquistada por meio do controle da inflação, como uma proposta política mais ousada na negociação dos valores de aumento junto ao Congresso Nacional , diz. MAIS |
Por que a petezada gosta tanto de estatais |
O petróleo é nosso. E o alto salário, deles |
Amaury Ribeiro Jr, Correio Braziliense |
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Ao contrário do que imagina Lula, preços caíram, sim, com redução de imposto |
Cássia Almeida, O Globo |
A redução do imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e eletrodomésticos teve efeito direto na inflação. Os preços desses itens, assim como os de materiais de construção, caíram nos últimos meses, contrariando as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, ontem, afirmou que muitas vezes os empresários não repassam para os produtos as desonerações tributárias. Só a redução nos preços de geladeira (-5,42%), máquina de lavar (-6,97%), fogão (-0,93%) e automóvel novo (-9,34%) diminuiu em 11% a inflação nos seis primeiros meses deste ano. |
POR QUE PETISTAS GOSTAM TANTO DE DITADURA |
Cabeça para baixo |
O Globo |
Adefesa feita pelo presidente Lula da elevada carga tributária vale mais do que mil teses acadêmicas para comprovar a visão tosca do Palácio sobre o papel do Estado numa sociedade moderna. A relação direta e simplista estabelecida pelo presidente entre tamanho do Estado e defesa da população pobre está contaminada pelo destroçado projeto da esquerda, em que o aparato estatal deveria ser o protagonista na economia, nas relações políticas e sociais. Levada ao extremo, essa visão de mundo lançou as fundações de ditaduras cruéis instaladas na primeira metade do século XX, responsáveis por dezenas de milhões de mortes — pela fome ou repressão política —, e que terminaram abaladas pela própria inviabilidade econômica daqueles sistemas. Restaram a Coreia do Norte, herdeira patética do maoísmo; Cuba, anacrônico parque temático caribenho de um stalinismo sem futuro; bolsões africanos convertidos em covil de quadrilhas; déspotas em exrepúblicas soviéticas e um punhado de “guerrilheiros? do tráfico em selvas na América Latina. O Brasil de Lula — que dá mostras de ser um democrata, mas paga um preço por ter sido politicamente formado sob a influência de uma esquerda arcaica — é o que se vê: um Estado pantagruélico, sorvedouro de pouco menos de 40% do PIB, mas que presta péssimos serviços, pois, nos gastos, o governo resolveu dar prioridade à clientela do funcionalismo público — base eleitoral do PT e do presidente — e ao assistencialismo desmedido. Em segundo plano, apesar dos discursos, estão setores que poderiam melhorar estruturalmente a sociedade, elevando seu patamar de desenvolvimento: a educação e a infraestrutura. MAIS |
O Estado de S. Paulo |
Falas do presidente |
Editorial |
O único consolo que se encontra ao ouvir certas falas, digamos, inconsequentes, do presidente Lula é a comprovação, às vezes até imediata, de que o que disse o presidente não corresponde ao que faz o seu governo. Tome-se o caso da manutenção da redução do IPI. Disse o presidente, durante o lançamento das obras de revitalização do Porto do Rio, referindo-se a recado que havia dado a um grupo de empresários: Eu falei para eles: em vez de a gente ficar desonerando o tanto que está desonerando, é melhor pegar esse dinheiro e dar para os pobres. Se os pobres tiverem dinheiro e forem comprar, vocês têm de produzir. Agora, a gente desonera e vocês não repassam para o custo do produto. Nós já desoneramos nesse meu mandato R$ 100 bilhões. Imagina R$ 100 bilhões na mão do povo! Pois bem. No momento em que Lula dizia isso seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, se preparava para lhe entregar a proposta de prorrogação da redução do IPI para automóveis, produtos da construção civil, eletrodomésticos e outros setores - medidas a serem anunciadas na segunda-feira.MAIS *** Pois é. Lula não lê nem sabe nem o que seu governo anda fazendo. |
Da Agência Senado:
Entrou no ar há poucos minutos o Portal da Transparência, que traz informações sobre as contas do Senado. O portal havia sido anunciado pelo presidente da Casa, José Sarney, atendendo a sugestão do senador Renato Casagrande (PSB-ES). O portal pode ser acessado por meio de um link no menu localizado no canto esquerdo da página inicial do Senado, ou pelo seguinte endereço: http://www.senado.gov.br/sf/portaltransparencia/ (Blog do Noblat)
Folha de S. Paulo |
Onipresentes |
Eliane Cantanhêde |
BRASÍLIA - De volta à labuta, vejo que o presidente da República está em todas e... falando bobagens, depois que o novo recorde de popularidade lhe subiu à cabeça. Lula defende: 1) o indefensável Sarney, que não pode ser tratado como cidadão comum porque tem, ou tinha, força incomum para empurrar o PMDB para Dilma; 2) o indefensável desmatamento, porque não quer confusão com Blairo Maggi e desmatadores em geral, que costumam ter bons argumentos ($) em eleições. E condena o denuncismo, como se ele, Lula, e o PT jamais tivessem usado denuncismo nenhum contra ninguém. Mas Lula não ficou por aí. Atacou também no front externo, ao defender o indefensável regime do aiatolá Ali Khamenei e desqualificar em solo internacional a legítima, aflita e corajosa resistência iraniana como chororô de derrotados. Se defender Sarney e madeireiros tem pelo menos a lógica oportunista da política interna, defender Khamenei e Ahmadinejad não tem lógica, nem graça, nenhuma. E não foi só uma gafe, foi uma agressão gratuita contra a oposição, como se ele, Lula, e o PT jamais tivessem sofrido as dores de ser oposição. Também vejo que o presidente do Senado está em todas, e a cada dia fica mais claro o quanto ele mandava em Agaciel Maia e em outros burocratas que vendiam atos secretos a peso de ouro, salários ilegais e casas milionárias. O senador Arthur Virgílio decidiu implodir tudo isso. Sarney já está na história como ex-presidente da República, tri-presidente do Senado, dono do Maranhão e arrendatário do Amapá. Poderia no final da carreira sacudir o patrimonialismo e arejar a alma oligarca, aliviando o erário do peso de cunhadas, sobrinhos, primos, apadrinhados e mordomos particulares, fora os que nunca vai se saber. E, como são dois senadores Sarney (um de volta a São Luís), a prática é ao quadrado. Custa caro. Senado, Maranhão e Amapá pagam. E você entra pelo cano. |
Para Transparência Internacional, país ainda tem pouca aplicação em seu compromisso de combater o problema.
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A transparência dos atos da administração pública desperta sempre interesse geral. E não é sem razão. O cidadão comum, à exceção de um alienado ou de um excluído social, quer saber o que se passa no interior dos órgãos públicos. Está absolutamente certo, pois é ele que, com os tributos, alimenta a máquina administrativa.
Não será demais lembrar que, no Brasil, o acesso às informações dos órgãos públicos é garantido pela Constituição Federal (artigo 5º, incisos XIV e XXXIII) e pela Lei (9.784/1999, artigo 2º, § único, inc. V). O direito à informação não se restringe ao que consta nas repartições públicas, mas também na obrigação do Estado em produzir a informação, quando inexistente.
Por que é assim? A resposta é simples: quanto maior a transparência, maior o controle social e menor a probabilidade de arbitrariedade e corrupção. E, como é óbvio, quando se fala em Poder Público, entram os três, Executivo, Legislativo e Judiciário. E também todos os níveis, ou seja, federal, estadual e municipal.
Todos, indistintamente, devem prestar contas de seus atos ao administrado. A exceção são os casos em que o sigilo se impõe para preservar a dignidade das pessoas, segredos industriais, segurança da sociedade ou do Estado. Não é diferente no exterior. O Tratado de Amsterdã, que criou a Comunidade Européia, assinado em 1991 e em vigor em 1997, dispõe da mesma forma no seu artigo 225.
No Brasil, o tema voltou à discussão nesta semana. Com grande força e complexidade. O Senado, envolvido em uma de suas mais graves crises, passa por situação constrangedora. Atribui-se-lhe manter nomeações secretas e pagamento irregular a de cerca de 600 pessoas.
Segundo a Folha de São Paulo, os ex-diretores geral e de recursos humanos do Senado definiam quais atos (p.ex., criação de cargos e concessão de benefícios) deveriam ser publicados (20.6.2009, A4). Assim, uns seriam e outros não seriam tornados públicos. O jornal Estado de São Paulo informa que alguns nem sequer eram colocados em um arquivo de computador, para não vazar (19.6.2009, A11). Segundo consta, um mordomo estaria recebendo R$ 12 mil entre vencimentos e gratificações (20.6.2009, A1). A crise do Senado chega a afetar até o CNJ por atrasar a nomeação dos novos Conselheiros (20.6.2009, A6 e A8).
No âmbito do Poder Judiciário, a transparência vem melhorando. Notícias envolvendo magistrados vêm sendo publicadas. Decisões em processos criminais, inclusive no STF, são divulgadas. O site do CNJ, publica as correições feitas com informações nunca antes vistas. Mas ainda é pouco. Paira, na maioria das vezes, uma sombra sobre os que respondem ações penais. Principalmente nos casos de foro por prerrogativa de função. Clique aqui para ler mais sobre o assunto.
Não é assim nos Estados Unidos. Juízes que cometem crimes não apenas respondem por isso, como têm amplamente divulgada a ocorrência e o resultado final, inclusive com menção no Google. Vejamos. Os juízes do Estado de Louisiana, Vernon Claville e Michael Walker, acusados de terem praticado corrupção passiva, foram processados por um Júri Federal e condenados, respectivamente, a 5 e 10 anos de prisão e multa de $ 165 e $ 250. Confira no Ksl
Na esfera federal há registro de apenas três casos. O mais recente deles envolveu o juiz federal Samuel Kent da Corte de Galveston, a quem se atribuiu assédio sexual a duas funcionárias. Processado em primeira instância (não há foro por prerrogativa de função), o juiz Kent foi condenado a 3 anos de prisão. Leia mais sobre o assunto.
A situação no Brasil está longe desse estado de transparência absoluta. Mas não justifica desânimos. Há também avanços. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ordenou a divulgação dos gastos e a remuneração de seus 147.000 servidores. Tal atitude revela uma qualidade rara nos administradores: coragem. O Sindicato dos Professores Municipais ingressou em Juízo, obteve liminar em primeiro grau, cassada em segunda instância (Estado de São Paulo, 19.6.2009, C5). A batalha judicial promete ir longe. É possível que o ato administrativo contenha equívocos e que, na via judicial, até seja cassado. Pouco importa. O que vale é a iniciativa, a ação de tornar transparente a administração pública municipal. O mérito do prefeito (não conheço e nem voto em São Paulo) é inegável e deve ser reconhecido.
Quanto ganharia o Brasil com atitudes semelhantes? A quantificação é difícil. O ganho não seria apenas econômico. Iria muito além. A começar por um fato nem sempre percebido, mas objeto de nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para quem “A corrupção e a decorrente impunidade constituem grandes ameaças ao sistema democrático” (Estado de S. Paulo, 19.6.2009, A14). Correta a conclusão. A descrença no Senado, no Poder Legislativo, nas instituições enfim, constitui ameaça direta à democracia.
Em suma, a transparência administrativa deve ser fortalecida. Afinal, ainda existem muitas dúvidas. Quanto se investe com a capacitação dos policiais nos estados? Quanto ganham os servidores do Legislativo? Quanto recebem a título de diárias? Quais as vantagens e benefícios assistenciais? Quanto se despende e quanto se arrecada com um concurso público para o Ministério Público? Quais os critérios para viagens de funcionários ao exterior? Isto, e muito mais, tem a sociedade civil o direito constitucional de saber.
Concluindo, a transparência administrativa é requisito para a existência de instituições fortes e da própria democracia. Mas ela não cairá do céu. Como tudo na vida, terá que ser conquistada. Isto só acontecerá se houver cobrança da sociedade civil organizada. Aos omissos, só resta o silêncio. E, por favor, não reclamem.
O que Lula tem feito nesse particular é uma irresponsabilidade sem tamanho. (...) Para alguém com mais de 80% de popularidade, dotado de uma extraordinária capacidade de falar à alma popular brasileira, cultuado como messias por enormes parcelas da população, dizer as coisas que Lula diz tem efeitos devastadores sobre a capacidade de se melhorar o ambiente institucional brasileiro.
Ao se manifestar como tem feito, Lula trabalha contra o aperfeiçoamento do Estado e contra a edificação da consciência política da população."
O prefeito Cavani mantém o mau costume de seus antecessores ao dar prioridade a festas em vez das prioridades da população. Se a crise econômica mundial recomenda cautela nos gastos públicos por que então fazer festas prolongadas e dispendiosas? Para comemorar o aniversário da cidade nada mais adequado que os desfiles das escolas e de empresas na avenida, desde que se corrijam alguns deslizes de tempo e organização.
Ou será que outra vez o prefeito quer fazer uma festa de arromba para manter o seu nome no pódio da popularidade para eventual candidatura a deputado? Senão, seria mais proveitoso e racional gastar dinheiro em bens públicos que clamam atenção e são de maior proveito para população, por exemplo, terminar o Estádio Municipal, o Pilão D´água, dar incentivos ao esporte, cultura, à arte etc., que são bens duradouros. Cadê o prefeito que se gabava da economia que ele fazia nos gastos da Prefeitura? Morreu? A gestão Cavani vai passar para a história como uma das mais perdulárias que Itapeva já teve. Cinco dias de festa passam rápido e não deixam nada, só sujeira e amolação.
Nem terminou o inquérito que está em andamento no Ministério Público a fim de apurar possíveis irregularidades na captação e aplicação de recursos da FAI 2008 por parte da Prefeitura, em parceria com o empresário Cláudio Macarrone, e o prefeito Cavani já está correndo atrás de patrocinadores para realizar a FAI 2009. Segundo fontes bem informadas o local ainda não está definido, esclarecendo,contudo, que, desta vez, a Prefeitura fará licitação e será a principal responsável pelos cinco dias de festa.
O modelito e as espertezas usados na FAI para reeleger o prefeito serão os mesmo, agora, para sua campanha para deputado, afiançam os arautos do Paço. Doutor Ulysses assumirá a Prefeitura e deve ajudar com a máquina o candidato oficial (será que ele tem physique du rôule pra isso?). É campanha com dinheiro público, ou não?
A notícia de que o Congresso, enfim, vai aprovar a PEC dos vereadores já movimenta os suplentes de todo o país, que estão mobilizando seus cabos-eleitorais para assumir novo emprego. Em Itapeva abrem sete vagas para vereador e 28 para “assessores”, totalizando 17 vereadores e 68 cargos de “assessoria”. O novo prédio da Câmara vai ser pequeno pra tanta gente se todos tiverem de dar expediente interno.
Para o Executivo o aumento do número de cadeiras no Legislativo é mais um complicador, pois entre os virtuais novos empossados, naturalmente, vai ter vereador da oposição, o que dificultará os “acertos de gabinete” para cooptar aliados, pois a fidelidade partidária é um freio que pode impedir o edil de apoiar o prefeito se o seu partido for de oposição e fechar questão; ele corre o risco de ter o mandato cassado. Outro fato auspicioso é que a oposição não está mais sozinha como no passado, agora tem a apoiá-la uma imprensa, falada e escrita, vigilante, que vai manter azeitada a máquina de moer prefeito e secretários caso eles “pisem na bola”.
E, segundo as sibilas, além dos vereadores já declaradamente de oposição, mais uns três vão se alinhar contra a tranquilidade que até pouco tempo atrás reinava nas hostes situacionistas. O prefeito e seus secretários vão merecer os salários só por ter de aturar as investidas que sofrerão do legislativo se mijarem fora do pinico.
Oposição aliada é um oximoro para designar, no caso, o empenho dos vereadores de oposição em ajudar o prefeito! Como? Propondo soluções exeqüíveis para os problemas do município e, principalmente, fiscalizando os atos e gastos do Executivo, pois se essa fiscalização for bem feita vai inibir, até evitar, que o prefeito e seus acólitos abusem de certas “liberdades” que costumam ter com o dinheiro público. Portanto, uma oposição atuante faz o prefeito refletir muito antes de sucumbir às tentações, por exemplo, caso o alcaide seja acometido daquela vontade indômita e sem vergonha de meter a “mãozinha boba” nos cofres da Prefeitura, uma oposição vigilante pode obrigá-lo a esperar um tempo até a vontade passar. Não é ótimo?
Apuração sobre medidas sigilosas no Senado mostra que algumas decisões não foram sequer digitadas
Estadão
Descobre-se agora que muitos atos nem sequer saíam da sala de Agaciel. Só existiam em papel, não eram inseridos em nenhum computador, para evitar vazamentos. Os arquivos de Agaciel também privilegiavam os favores aos senadores.
Muitos desses boletins ainda não foram publicados, contrariando a iniciativa propalada pelo presidente José Sarney (PMDB-AP) de transparência no Senado. A burocracia interna de publicação deveria seguir, teoricamente, a seguinte lógica: sai da Direção-Geral, passa pelos Recursos Humanos, que entrega à Informática para divulgação.
Um dos atos "top secret" é o que estende a assistência médica vitalícia dos senadores a quem ocupou a Diretoria-Geral ou a Secretaria-Geral da Mesa. Agaciel, beneficiário direto do ato, guardou o documento na gaveta, depois de obter a chancela dos senadores que então ocupavam a Mesa Diretora.
O Estado teve acesso à íntegra do ato, considerado um mistério dentro do Senado e investigado pela comissão de sindicância. "Eu não o conhecia. Para mim, é um espanto", afirma o diretor-geral, José Alexandre Gazineo.
Sob pressão e na iminência de perder o cargo, Gazineo não deve receber o benefício do ato: o texto diz que o servidor tem de ocupar a Diretoria-Geral por, pelo menos, dois anos. Ele está há pouco mais de três meses na vaga e, ao que tudo indica, não deve permanecer por muito tempo na cadeira.
Quando Agaciel resolvia seguir o trâmite legal e repassar os atos ao departamento de Recursos Humanos, o então diretor, João Carlos Zoghbi, se encarregava de digitalizá-las para, teoricamente, publicá-las. Começava aí outro processo de sigilo e a segunda categoria de proteção. Zoghbi escolhia o que era para publicar e o que deveria permanecer num banco de dados informal.
NOMEAÇÕES
Atos dessa natureza serviram para as nomeações dos próprios filhos de Zogbhi e os aumentos salariais de sua mulher, Denise. Os arquivos que tratam desses atos foram publicados como boletins suplementares somente agora, em 2009, a mando do diretor de Recursos Humanos, Ralph Siqueira, integrante da sindicância que investiga esses boletins.
Siqueira determinou, em meio à investigação, a digitalização de parte do que estava guardado na Diretoria-Geral para a publicação interna. A decisão de Ralph foi considerada um erro dentro do Senado. Uma iniciativa que, a princípio, tinha o objetivo de misturar atos secretos com públicos.
A estratégia poderia fazer com que esses documentos passassem despercebidos dentro do sistema. Mas a diferença entre os documentos - os secretos são mais sucintos - chamou a atenção de quem acessa o sistema interno todos os dias. A iniciativa de Ralph abriu a caixa-preta desses boletins, criando uma crise política que levou o presidente do Senado à tribuna na última terça-feira.
Fábio Góis, Congresso em Foco
O Senado aprovou há pouco dois destaques apresentados à Proposta de Emenda à Constituição 47/08, a chamada PEC dos Vereadores, que altera o limite de gastos para as câmaras municipais, em observância às vagas de vereador abertas pela PEC 20/08. A votação abriu caminho para a análise da matéria em outro turno, também com aprovação dos senadores. Assim, a proposição segue para a Câmara, onde deve ser promulgada. O texto-base da PEC 47/08, que já havia sido aprovado, estabelece que as alterações devem entrar em vigor já a partir de 1º de janeiro do próximo ano.
A PEC 47/08 (também chamada "PEC Paralela dos Vereadores", uma vez que foi extraída de outra) define o limite de gastos para as câmaras municipais, para atender o aumento das vagas de vereador previsto na PEC originária. Traduzindo em percentuais, sem dependência de fatores econômicos, a PEC estabelece, em suma, limites máximos de gastos entre 2% e 7% (o texto aprovado na Câmara fixava esse limite em 2% E 4,5% – leia aqui e aqui). Atualmente, o percentual varia entre 2% e 8%.
Também ficam estabelecidas faixas percentuais de despesas às câmaras municipais, observando-se a população do município e tendo como base a arrecadação total no ano anterior: 7% para municípios com população de até 100 mil habitantes; 6% para 101 mil até 300 mil habitantes; 5% para 301 mil até 500 mil habitantes; 4% para 501 mil até 2 milhões de habitantes; 3% para 2.001 milhões até 8 milhões de habitantes; 2% para cidades com mais de 8 milhões de habitantes.
Já a PEC 20/08, em linhas gerais, amplia de 51.748 para 59.791 o número desses cargos no país (diferença de 7.343 – ou 14,1% de ampliação de vagas). A proposta também altera a proporcionalidade de vereadores em relação à quantidade de habitantes em cada município. Assim, os menores municípios (até 15 mil habitantes) teriam nove e os maiores (até 8 milhões) 55 vereadores. MAIS
O Estado de S. Paulo |
Advogado do diabo |
Dora Kramer |
Do tiranete iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao tiranossauro cubano, Fidel Castro, passando por uma vasta gama local de atos, ideias e personagens erráticos, o presidente Luiz Inácio da Silva não vacila quando se trata de assumir a defesa do indefensável. São tantos e tão repetidos os casos, que já se configura um padrão: se a questão em pauta envolve conduta, Lula entra no assunto pelo lado do avesso. A Venezuela, sob o tacão de Hugo Chávez, na personalíssima versão do presidente brasileiro tem democracia demais. No auge do escândalo da farra das passagens aéreas no Congresso Lula entrou em cena perguntando qual é o crime?, para acusar de hipócritas os indignados. Igualmente farisaicas, na opinião dele, são as restrições impostas pela Justiça à ação do poder público em períodos eleitorais, as exigências da legislação ambiental, a fiscalização do tribunal de contas, as manifestações de magistrados e tudo o mais que lhe cause desagrado ou lhe imponha limites aos movimentos. São inúmeros os registros de afagos do presidente em gente cuja folha corrida faria bonito naquela antiga lista dos 300 picaretas, bem como é recorrente o esforço do chefe da Nação em atenuar o sentido nefasto de atos por ele outrora batizados de maracutaias. A defesa em rede nacional, via transmissão internacional, da prática do caixa 2 em campanhas eleitorais como algo natural, por usual, é de todos talvez o mais eloquente. Consolidou o lema do todo mundo faz e conferiu aceitação à tese segundo a qual política eficaz só se faz com as mãos na lama. Por essas e muitas outras que a memória joga fora, não surpreende a defesa do Senado feita nos habituais termos de elogio ao mau combate. Ainda assim, a declaração impressiona pela ausência de autocrítica, pelo raciocínio deformado, pelo desrespeito a valores universais de civilidade e, por que não dizer, pela falta de amor próprio e senso de preservação da estatura do cargo. Por partes: Não li a reportagem do presidente Sarney, mas penso que ele tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como uma pessoa comum. A fim de não se comprometer com o conteúdo dos fatos - prova que lhes reconhece a gravidade -, o presidente diz não saber direito do que trata o principal assunto da política, o processo de desmoralização desenfreada do Poder Legislativo. Não obstante o alegado desconhecimento, opina. E convalida a cultura do privilégio, fere o princípio da igualdade entre os cidadãos e, ao considerar o presidente do Senado um injustiçado, revela que na visão dele uma pessoa comum pode ser difamada sem fundamento, mas jamais um senador. Segue o presidente: Elas (as denúncias) não têm fim e depois não acontece nada. E assim o chefe da Nação alimenta a descrença nas instituições, incentiva o menosprezo às ferramentas de fiscalização e investigação e mata na raiz a energia da demanda por procedimentos mais perfeitos. E completa: Não sei a quem interessa enfraquecer o Poder Legislativo, não se pode todo dia arrumar uma vírgula a mais, você vai desmoralizando todo mundo. A ninguém de boa-fé interessa enfraquecer o Poder Legislativo. Mas, se for para procurar quem com a fragilização coopera, localize-se quem trata das instituições com ligeireza, não apela nem trabalha por avanços, aprofunda os vícios exaltando a sua prática a fim de fazer uso da submissão dos viciados, faz tábula rasa do exercício da virtude, manipula o lado escuro das emoções e das necessidades, firma compromisso com a desonra, mas não faz um só acordo com a honra. Quanto ao tratamento reservado ao presidente do Senado, cumpre lembrar que nunca no Brasil um político de oposição chamou em público um presidente da República de ladrão. Nem Fernando Collor que, na sua pior inspiração, carimbou o então presidente José Sarney como batedor de carteira, mas da História. As pessoas que viveram e compreenderam a transição democrática reconhecem o valor de Sarney naquela tarefa de condução. Nisso não se inclui o PT de Lula, que na época virou as costas às exigências da reconstrução da democracia. Os acontecimentos de 25 atrás, no entanto, não subtraem legitimidade do atual presidente nem de seu partido. Da mesma forma, não servem como salvaguarda ao senador José Sarney nos dias de hoje. Justamente por ter prestado um inestimável serviço à redemocratização com sua personalidade conciliadora é que Sarney está histórica e civicamente impedido de contribuir para a derrocada moral do Congresso. Ao contrário do que disse em seu discurso, avalizado ontem pelo presidente Lula, José Sarney não está acima de julgamentos. Sua trajetória não o autoriza a descer. Ao contrário, o obriga a ajudar o Parlamento a subir, o que se faz com ações concretas como se fez quando a ditadura baixou a guarda e os políticos profissionais, hoje tão desprezados, souberam construir a abertura do caminho de volta à democracia. |
Folha de S. Paulo |
Lula culpa o espelho |
Clóvis Rossi |
SÃO PAULO - Alguma surpresa com a defesa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez do senador José Sarney? Quem pediu desculpas pelos erros cometidos pelo seu partido (na verdade, crimes), mas depois passou a mão na cabeça dos errados, quem se aliou a Fernando Collor de Mello, único presidente punido por falta de decoro, não poderia deixar de solidarizar-se com Sarney. O que surpreende é a escandalosa indigência dos argumentos usados por Lula. Primeiro argumento: Ele tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum. Que besteira é essa, Deus do céu? É a versão Lula do sabe com quem está falando?. Com história ou sem história, todo cidadão tem de ser tratado da mesma maneira. E os que têm história devem comportar-se ainda melhor do que os que não têm. Afinal, para usar um lugar-comum tão ao gosto de Lula, o exemplo vem de cima. Segundo argumento: um suposto interesse em enfraquecer o Poder Legislativo. Outra bobagem sem tamanho. O que enfraquece o Poder Legislativo não são as denúncias, mas os fatos que dão origem às denúncias. Sem eles não haveria denúncias. O Poder Legislativo, como os demais, só se fortalece se corrige os desmandos e abusos denunciados. Lula, no fundo, revisita a teoria debiloide e safada da conspiração que não houve contra ele. Houve apenas uma conspiração dos fatos. Tanto que ele foi obrigado a pedir desculpas. Tanto que o procurador-geral da República denunciou toda a cúpula do PT como quadrilha. É, enfim, a velha tentação de toda pessoa investida de poder de culpar o espelho pela imagem que ele mostra. A favor de Lula diga-se que ele ao menos pediu desculpas, coisa que Sarney nem remotamente passou perto de fazer. |