COLUNA DO SPC NO JORNAL A GAZETA
Paladar finíssimo
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30 de ago (1 dia atrás)
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Secretário municipal iracundo (?)
Por volta de 1946, eu morava em São Paulo, e gostava de ler Gibi e Globo Juvenil Mensal (revistas em quadrinhos) e não perdia capítulo da série humorística “As aventuras de Brejo Seco”, de Al Capp, em que o simplório Ferdinando vivia às turras com o “vilão” da cidade, um dono de escola que todos chamavam de professor Iracundo. Pra saber o que significava iracundo consultei o dicionário. A graça da historinha era o mau-humor do professor Iracundo: boçal, mal-educado, irascível, as professoras tinham medo de falar com ele, só Ferdinando sabia lidar com o professor “casca grossa” e aí os diálogos entre os dois era o que a gente mais gostava. Bons tempos dos gibis.
Ao ouvir falar de um certo secretário municipal, em Pedrachata, e a forma como ele trata as pessoas, principalmente, professoras e vereadores (as), minha memória piscou; já conhecia o dito cujo de algum lugar; mas onde? Escarafunchando a memória lembrei-me do professor Iracundo, de Brejo Seco; aí deduzi: nós temos um professor Iracundo aqui, que nos faz lembrar um ex-prefeito nariz empinado: conta-se que, às vezes, um secretário entrava sorrindo em seu gabinete e saía quase chorando. Putz.
Temos de tirar o chapéu para a vereadora Áurea (PV), ela é do tipo que mata a cobra e mostra o pau, quer dizer, podia mostrar, né? Ela mal sobe na tribuna da Câmara e já começa a desancar a merenda escolar; fala da péssima qualidade da merenda, uma porcaria, diz que diretoras e professoras não reclamam porque temem represálias. E a aguerrida vereadora não fala por ouvir dizer, ela vai à escola e experimenta um por um dos itens da merenda: põe na boca, fecha os olhos, mastiga bem, saboreia e cospe fora. O suco, numa colher de sopa, ela põe na boca e faz careta pra engolir. Conta-se que uma professora (de estômago fraco) comeu da merenda e vomitou até as tripas. Será?
E mais. Áurea promete levar o promotor público para provar a merenda, coitado. É bom levar sonrisal ou sal de frutas, com promotor não se brinca. Informa-se que a merenda é comprada em Itararé, naquela base. Aí, os amigos do prefeito Zé Roberto vão à tribuna e rebatem: a vereadora não é nutricionista, nem nada, não tem paladar nem bom-gosto, ela não entende de cozinha, não sabe fazer café nem fritar ovo etc. etc.
A vereadora não liga e confirma: a almôndega tem gosto de mortadela, o “sucrilho” parece ração de cachorro, arroz tipo “unidos venceremos”, o suco “natural” lembra xarope pra tosse; a salsicha é péssima qualidade e pode fazer mal à saúde das crianças pelo excesso de sódio. Aí, pelo olhar da vereadora, se vê que ela consulta a memória a relembrar com saudade a gestão passada, quando o sucrilho era crocante, gostoso, o suco natural tinha o gosto da fruta e não de essência, o arroz uma delícia soltinha, tudo uma gostosura, bem-feita, que até o prefeito comia e repetia.
E se a vereadora estiver certa? Não custa nada o prefeito mandar averiguar. Que tal levar o Zé Roberto almoçar em algumas escolas, sem avisar, de surpresa, ham? Não adianta vereadorzinho perguntar para as professoras o que acham da merenda; elas vão dizer que é ótima; nenhuma delas vai querer ser a palmatória do mundo. Crendiospadre.
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