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terça-feira, outubro 27, 2009
Folha de S. Paulo |
Fiscalização já! |
Eliane Cantanhêde |
BRASÍLIA - Está ficando demais esse negócio de o presidente da República todo dia, dentro do governo ou falando para o mundo, recriminar fiscalização, investigação e rigor com as obras públicas - o que quer dizer com o uso do meu, do seu e do nosso rico dinheirinho. Num dia, Lula declara que a imprensa não tem de investigar nem fiscalizar nada, só tem de informar. Mas informar o quê? Para atender o interesse de quem? No outro, lá estava Lula fazendo dueto com Dilma contra essas fiscalizações que travam o progresso. Tirava o foco da imprensa e voltava aos de sempre: o TCU e o Ministério Público, que têm justamente o dever de fiscalizar e zelar pelo bem, pelas obras e pelas verbas públicas. Isso tudo remete a outros passos ou vozes do governo Lula contra qualquer tipo de controle, chegando até a Marina Silva, que, quando ministra do Meio Ambiente, era muito prestigiada fora do governo e do país pela diligência na avaliação ambiental, mas muito criticada dentro do governo e especialmente dentro do Planalto - pela colega Dilma. E eis que Marina saiu do cargo e do PT. Recuando mais um pouco, encontraremos o empenho do governo em aprovar a Lei da Mordaça, para calar o Ministério Público, ou o projeto proibindo funcionário público de passar informações para a imprensa, ou ainda o tal projeto para cassar registro de jornalistas. E chegamos à triste trajetória das CPIs, que cumpriram fantástico papel quando os petistas estavam dentro delas investigando os outros, mas estão morrendo de inanição quando são os outros que agora estão dentro tentando, e não conseguindo, fiscalizar o governo do PT e dos seus complexos aliados. Ou seja, fiscalização é como pimenta nos olhos: é ótimo, mas só nos olhos dos outros. E fica pairando uma pergunta no ar: afinal, o que tanto Lula e o seu governo temem? |
segunda-feira, outubro 26, 2009
O Estado de S. Paulo |
Nova CPMF para a gastança |
Editorial |
saúde é pretexto. O presidente Lula quer mesmo é arrecadar mais dinheiro para sustentar a gastança eleitoral. Será essa a destinação principal da nova CPMF, se o Congresso aprovar a recriação desse tributo, agora batizado como Contribuição Social para a saúde (CSS). O governo federal não precisa de mais impostos para financiar os programas sociais mais importantes. Recursos não faltam. Só falta usá-los corretamente, evitando esbanjamentos e reorientando as despesas. Mas essa não é a especialidade mais aplaudida no Palácio do Planalto. Se fosse, o governo teria investido muito mais, em vez de elevar as despesas de custeio, como resposta à crise econômica iniciada há cerca de um ano.MAIS |
Folha de S. Paulo |
Alvoroço na Receita |
Editorial |
NAUFRAGOU , não sem estardalhaço, a primeira tentativa do governo Lula de aparelhar a Receita Federal. O grupo de sindicalistas, muitos próximos do petismo, que o ministro Guido Mantega promoveu em agosto de 2008, no lugar de uma gestão que considerava vinculada ao tucanato, escapou ao controle do Palácio do Planalto. A criatura ameaçou o criador, paradoxalmente, quando ela começou a aplicar conhecidas fórmulas de aparelhamento esquerdista. A ocupação sindical, respaldada pelo PT, estendeu-se por praticamente todos os cargos de confiança da Receita. Delegados, as autoridades fiscais mais próximas dos municípios, passaram a ser escolhidos com base num confuso processo de eleições e assembleias. A queda na arrecadação, num contexto de crise econômica e de desonerações fiscais promovidas pela administração federal, despertou, dentro do governo, a primeira onda de insatisfação contra a nova orientação do fisco. Empresas com bom trânsito no Planalto reclamaram de algumas mudanças de postos e da disposição anunciada de concentrar o foco da fiscalização em grandes contribuintes. MAIS |
1.ASSENTAMENTO DO BLOCO-CANALETA NO FUNDO DA VALETA (bem socada) DE APROXIMADAMENTE 40-50 CM DE PROFUNDIDADE:
- 1 lata cimento
- 3 latas de areia
================================================
2. CONCRETO PARA ENCHER AS CANELETAS (ENCOBRINDO A FERRAGEM)
- 1 saco cimento 50 kg
- 5 latas (de 18 litros) de areia
- 6,5 latas de pedra
- 1,5 lata de água
OUTRA RECEITA EM LATAS
- 1 LATA CIMENTO
- 2 LATAS AREIA
- 3 LATAS BRITA (PEDRISCO)
============================================
ASSENTAMENTO DE PAREDE DE BLOCOS DE CONCRETO (ASSENTAR BLOCOSSECOS)
- 1 LATA CIMENTO
- 0,5 LATA CAL
- 6 LATAS AREIA
fonte: http://www.portaldastelhas.com.br/muro_blocos_de_concreto.html
http://www.obraweb.com.br/materiais-basicos/alvenaria/argamassa-aplicacao-e-assentamento
http://www.scribd.com/doc/13113196/passo-a-passo-da-construcao-de-uma-casa
domingo, outubro 25, 2009
Cutucando
Para o prefeito Luiz Cavani (PSDB) e seus secretários que se vangloriavam de honestos durante toda a primeira gestão, deve ter sido difícil, agora, engolir em silêncio as tantas denúncias de irregularidades oriundas justamente dessa decantada primeira gestão. As CEIs instaladas graças à iniciativa de dois bravos vereadores, Margarido e Comeron, detonaram com TNT a pressuposta probidade da primeira gestão Cavani. E de cambulhada ainda acabaram com a mesmice da Câmara onde a maioria dos vereadores caras-de-pau em gestões passadas aprovava todas as contas rejeitadas pelo TCE e fechavam os olhos para os abusos administrativos cometidos pelo prefeito. O prefeito Wilmar Mattos nadou de braçada durante oito anos com apenas uma denúncia, tendo as contas rejeitadas pelo TCE, mas vergonhosamente aprovadas pelos vereadores liderados pelo vereador Tarzan (PSDB), o inexcedível quebra-galho de prefeitos.
Só da primeira e “profícua” gestão Cavani já foram instaladas quatro Comissões Especiais de Inquérito (CEIs), mais duas denúncias, que já estão no Ministério Público:
1ª - a dos tatames do caratê, que o então secretário de Esportes comprou, o Secretário de Finanças pagou e o fornecedor não entregou (até hoje);
2ª - a das notas “frias” envolvendo os secretários de Esporte e o da Saúde (se os dois não se precipitassem de pedir demissão estariam até hoje secretários); o pródigo secretário de Finanças pagou todas as notas “frias” sem averiguar a autenticidade;
3ª - a do curso de capacitação da Guarda Municipal em que uma empresa de fora especializada recebeu 900 horas de aulas, mas que, efetivamente, só foram dadas 300. De novo o pródigo Secretário de Finanças acreditou e pagou (ele é tão bonzinho!). Não fosse o alerta do tenente Melo e o empenho dos dois já citados vereadores, o município ficaria no prejuízo, pois o secretário da Segurança Social, Luciano Oller (“peixinho” do prefeito), já tinha batido o martelo como se tudo estivesse certinho;
4ª – é aquela de nome inglês (coffee break) em que um substancioso café da manhã era fornecido às professoras e aos funcionários da Secretaria de Educação por empresa da família do Secretário de Negócios Jurídicos sem a devida licitação. E uma acusação grave: o lanche era tão bom e gostoso que provocou um assustador aumento de peso das professoras da rede municipal. Até hoje elas estão tentando emagrecer;
5ª - as festas de aniversário de Itapeva (FAI) 2005/6/7/8 em que os abusos exorbitaram o aceitável. Além de não haver licitação, as doações dos patrocinadores entraram nos cofres da Prefeitura, portanto, os recursos se tornaram públicos, mas não houve prestação de contas. O inquérito das FAIs já está com mais de 700 páginas
As CEIs hoje abarrotam a mesa da 1ª Promotoria em que o infatigável doutor Hélio Dimas até já perdeu peso de tanto manusear papeis. Mas vem chumbo grosso aí.
Por diversas vezes abordei, aqui, o que imaginava ocorrer nas misteriosas reuniões do Condersul, onde prefeitos da região se reuniam em volta de uma mesa e desandavam a contar histórias. Até já comparei essas reuniões com o famoso Banquete, de Platão, cujo convidado especial era Sócrates. Mas imagino que nenhum prefeito da nossa região tenha lido a famosa obra platônica, senão, saberia o que de fato acontecia no tal banquete. Felizmente, a maioria dos prefeitos não é chegada, porém...
Essas ilações sub-reptícias se devem ao fato de que a imprensa (não engajada) nunca é convidada para essas reuniões condersulianas, quando se fica sabendo a reunião já aconteceu. Desde que o “Grande Irmão” Cavani está presidente dessa entidade kafkiana, secretariado pelo espertíssimo Tarzan, o segredo se estabeleceu na entidade de tal modo que as “resoluções” tiradas ao cabo de muita conversa ficam guardadas a sete chaves no cofre embutido desde o tempo do saudoso dono da casa. Por isso, nunca se fica sabendo de nada dessas reuniões de prefeitos com idéias do tempo do onça.
Será que na Praça do Correio é sede de outra respeitável confraria de “irmãos”?
sábado, outubro 24, 2009
Folha de S. Paulo |
Retrato de época |
Fernando de Barros e Silva |
Quis o acaso (ou talvez o destino) que o acordo entre PT e PMDB em torno da candidatura presidencial de Dilma Rousseff fosse selado no mesmo dia em que a ministra negou a existência do mensalão. Ao depor como testemunha de dois réus, ela afirmou: "Isso [o mensalão] não aconteceu, até porque era impossível". E acrescentou que José Dirceu, cassado pela Câmara depois de renunciar à Casa Civil, foi "uma pessoa injustiçada". Os episódios eram independentes, mas havia um fio da meada: a maneira como Dilma olha para o passado projeta a visão que tem do futuro. O mesmo padrão ético que a ministra endossava à tarde ao negar o mensalão seria simbolicamente recontratado à noite, no jantar de gala entre PT e PMDB no Alvorada. Tudo isso passou meio despercebido e tende agora a ser ofuscado de vez pela frase de efeito de Lula, na entrevista de ontem à Folha, segundo a qual, no Brasil, mesmo Jesus precisaria se aliar a Judas para governar. Afora o apelo da imagem religiosa, parte do repertório colorido do lulês, a ideia não é nova nem deveria nos ouriçar tanto. De Getúlio Vargas a Fernando Henrique Cardoso, a política brasileira, quando bem-sucedida no tempo, sempre teve vocação conciliadora e se fez à base de concessões. Jânio Quadros e Fernando Collor seriam os contraexemplos. Então vale tudo? Também não. As relações entre política e moral são complexas. A primeira não é uma luta entre o bem e o mal, mas o terreno da escolha entre o preferível e o detestável, como dizia o pensador liberal Raymond Aron. Quando o deputado Judas é flagrado no caixa não contabilizado de Delúbio Soares, temos aí um problema sério -e Jesus sabe disso. Dilma, com sua retórica revisionista, de que nunca houve mensalão, parece querer transformar o detestável em preferível. Dirceu não é "o injustiçado"? O que ela faz é apenas usar a popularidade atual de Lula para tentar reescrever o passado. Corrigi-lo é mais difícil. |
quinta-feira, outubro 22, 2009
O Estado de S. Paulo |
Luiz Inácio XIV |
Rolf Kuntz* |
Ninguém se iluda. O Estado forte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assunto de mais uma de suas arengas, na posse do novo ministro de Assuntos Estratégicos, não se confunde com a ordem política legal e impessoal típica da modernidade. Lula não distingue entre Estado e governo, não separa governo de partido, e seu partido se reduz cada vez mais à sua pessoa. Não há outra maneira de explicar seus surtos cada vez mais frequentes de autoconsagração como instância suprema de todos os poderes - censor do Tribunal de Contas, limpador das teias de aranha da Constituição, zelador do pré-sal, comandante da Petrobrás, orientador da Vale, censor da Embraer e autor de todas as mudanças importantes na história do Brasil moderno. Sem contar, é claro, seus conselhos a Barack Obama, sua indisfarçável intervenção nos assuntos internos de Honduras e sua cobrança de explicações ao presidente Álvaro Uribe sobre uma decisão soberana da Colômbia. |
Folha de S. Paulo |
Da metamorfose à rendição |
Clóvis Rossi |
Que Luiz Inácio Lula da Silva foi, a partir de sua vitória de 2002, uma metamorfose ambulante, nem precisava que ele próprio o dissesse. Os fatos falavam alto e claro. O triste, como revela a entrevista que ele concedeu a Kennedy Alencar desta Folha, é que Lula passou da metamorfose à rendição a uma realidade política horrorosa. Disse Lula: Qualquer um que ganhar as eleições, pode ser o maior xiita deste país ou o maior direitista, ele não conseguirá montar o governo fora da realidade política. Entre o que se quer e o que se pode fazer tem uma diferença do tamanho do oceano Atlântico. Quem ganhar a Presidência amanhã, terá de fazer quase a mesma composição, porque este é o espectro político brasileiro. O presidente ainda acrescentou: Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão. Se Frei Betto, o confessor ou ex-confessor de Lula, tivesse ensinado seu amigo direitinho, o presidente aprenderia que Cristo foi crucificado justamente porque não fez coalizão com os judas da vida. Que Lula tivesse obsessão com a governabilidade até dá para entender. Que desista de ao menos tentar reformar a realidade política é um irremediável desastre. Só para qualificar o que é essa realidade: a Fundação Konrad Adenauer, ligada à democracia-cristã alemã, divulgou há dez dias o índice de desenvolvimento político da América Latina. O Brasil consegue a proeza de ficar só no 8º lugar entre os 18 países listados. E estamos falando de América Latina, que é essa mixórdia arquiconhecida. Tudo somado, dá para entender por que o presidente prefere que a imprensa não fiscalize o poder, apenas informe. Lula e seu partido trocaram a fiscalização do tempo de oposição pelo gozo do poder uma vez nele instalados. |
domingo, outubro 18, 2009
Mas produtores reclamam que, mesmo com esse potencial, setor está ameaçado pela falta de investimentos em infraestrutura
Analistas dizem que, para ser celeiro do mundo, país precisa de investimentos do governo, dos próprios produtores e de empresas
MAURO ZAFALON
FOLHA DE SÃO PAULO
Enquanto atenções e planos de investimentos no país se voltam à exploração de petróleo na região do pré-sal, produtores agrícolas reclamam que o "pré-sal" do campo, que deve trazer US$ 1 trilhão ao país em dez anos, está ameaçado justamente pela falta de investimentos em infraestrutura.
Com tantos investimentos em pré-sal, trem-bala, Copa do Mundo e Olimpíada, os problemas do campo podem ser relegados a segundo plano, temem os agentes do setor.
É difícil imaginar como será a participação do petróleo na economia mundial em 20 anos. Mas não é difícil prever a importância dos alimentos.
Relatórios recentes de vários organismos internacionais, entre eles da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e da ONU (Organização das Nações Unidas), mostram que haverá forte demanda de alimentos nos próximos anos, e todos são unânimes em apontar a importância do Brasil como grande produtor de grãos, proteína animal e biocombustíveis.
O país, que já é grande fornecedor mundial de alimentos, deverá ter participação ainda maior no contexto internacional nas próximas décadas.
As receitas com exportações nacionais do agronegócio cresceram a uma média de 13% ao ano na última década, devido a demanda maior, melhora nos preços e aumento de renda em países emergentes.
Com apenas metade dessa evolução por ano, o país acumularia US$ 1 trilhão nos próximos dez anos. Se for mantido o mesmo percentual de evolução dos últimos dez anos, o valor chegaria a US$ 1,5 trilhão na próxima década -até 2019.
Do estágio atual à condição de celeiro do mundo, no entanto, o caminho a ser percorrido é longo, dizem os analistas.
Especialistas no setor são unânimes em dizer que há muito para ser feito, e essas ações não dependem só do governo mas também dos próprios produtores e empresas do setor.
Da parte do governo, as ações devem focar investimentos em infraestrutura, avanços em tecnologia, questões ambientais e política agrícola de longo prazo.
Menos sonegação
Já da parte de produtores e empresas, afirmam ser necessária uma melhora na gestão dos negócios e maior responsabilidade empresarial, que inclua reduções na sonegação de impostos e na corrupção.
"Os investimentos virão com certeza, e várias mudanças serão necessárias, mas não é mostrando garras, unhas e dentes que elas ocorrerão. Serão necessários acordos políticos de fundo", diz Reinhold Stephanes, ministro da Agricultura.
Para Stephanes, reestruturação das empresas agropecuárias, mudanças de contratos e questões tributárias e de sonegação estão entre as prioridades para o futuro.
Guilherme Dias, professor da USP e que participou do governo Fernando Henrique Cardoso, também diz que serão necessárias mudanças no setor produtivo."Há uma resistência da base produtora para a evolução. Parte ainda prefere a sonegação tributária e a corrupção a uma regulação do setor."
Luis Carlos Guedes Pinto, ex-ministro da Agricultura e vice-presidente da área de agronegócios do Banco do Brasil, acrescenta à lista de problemas a serem resolvidos a necessidade de regularização da posse de terra e uma melhora nas relações de trabalho.
"O Brasil vai ficar na pauta do mundo" e duas palavras vão determinar esse novo cenário agropecuário: concentração e internacionalização, segundo Roberto Rodrigues, também ex-ministro da Agricultura. "O pré-sal vai trazer um tsunami de dinheiro para o país." Esses investimentos não ficarão apenas em petróleo, mas irão também para saúde, educação, chegando ainda às indústrias de insumos e de alimentos.
Mas o país tem de ter estratégias, adverte Rodrigues. Política agrícola existe, mas são necessários instrumentos para sua aplicação.
Os técnicos da Unctad concordam com Rodrigues e sugerem que os governos enquadrem o fluxo de financiamentos para a produção e que elaborem contratos padrão para proteger os produtores.
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Bragantia
Print version ISSN 0006-8705
Bragantia vol.66 no.1 Campinas 2007
doi: 10.1590/S0006-87052007000100020
Avaliações microclimáticas e das características de qualidade da uva de mesa 'Romana' com proteção individual dos cachos
Microclimatic and quality characteristics evaluations for the 'Romana' seedless table grape bunch grown under individual protection
Mário José Pedro JúniorI, *, III; José Ricardo Macedo PezzopaneI; José Luiz HernandesI; Jorge LuluII, IV; Josalba Vidigal de CastroI
IPesquisador Cientifico, Instituto Agronômico (IAC/APTA/SAA), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP), Brasil. E-mail: mpedro@iac.sp.gov.br
IIEngenheiro Agrícola, Doutorando em Física do Ambiente Agrícola – USP/ESALQ. E-mail: j_lulu@yahoo.com
IIICom bolsa de produtividade de pesquisa do CNPq
IVBolsista FAPESP
RESUMO
Com o objetivo de avaliar o efeito do uso de proteção individual de cachos, contra incidência de chuvas durante o período de maturação, no microclima, no controle de rachaduras e podridões e, principalmente, nas características de qualidade, foi realizado um experimento, em vinhedo da cultivar de uva de mesa sem sementes Romana (A1105), na região de Jundiaí (SP). Os tratamentos, constituídos pelo tipo de proteção individual dos cachos, foram: sem proteção; saco plástico transparente com fundo aberto; saco de papel impermeável com fundo aberto e papel impermeável translúcido (chapéu-chinês). Medições de temperatura do ar e umidade relativa foram efetuadas no nível do cacho nos tratamentos sem proteção e com proteção durante o período de maturação das uvas até a colheita. Os valores obtidos de temperatura foram: 23,9; 22,9 e 22,0 ºC, respectivamente, para os tratamentos saco plástico; chapéu-chinês e sem proteção. Os valores médios de umidade relativa foram mais elevados próximo dos cachos sem proteção (86,1%) quando comparados aos tratamentos: saco plástico (76,0%) e chapéu-chinês (73,2%). Em relação aos itens de qualidade dos cachos e controle de podridões, os tratamentos chapéu-chinês e saco de papel impermeável foram mais eficientes quando comparados ao tratamento sem proteção.
Palavras-chave: ensacamento, chuva, microclima, videira, uva de mesa.
ABSTRACT
A field trial was carried out at Jundiaí, São Paulo State, Brazil, in a 'Romana' (A1105) seedless table grape vineyard aiming to evaluate the influence of individual bunch protection on microclimate and bunch quality, mainly for rot control. The different individual bunch protection against rain during the maturation period were: impermeable paper and polyethylene bunch cover. Measurements of temperature and relative humidity in the protected and unprotected bunchs were taken from beginning of maturation process to harvest. The obtained values of mean temperature were: 23.9; 22.9 and 22.0ºC, respectively for the treatments: polyethylene bag; impermeable paper and unprotected bunch environment. The values of mean relative humidity were higher at the bunches without protection (86.1%) when compared to the polyethylene bag (76.0%) and impermeable paper (73.2%). Also, the use of individual grape bunch protection (impermeable paper, polyethylene bag and impermeable paper bag) were effective in controlling bunch rot occurrence.
Key-words: bunch protection, rain, microclimate, grapevine, table grape.
1. INTRODUÇÃO
O ensacamento de frutas visando amenizar os problemas fitossanitários causados por pragas e doenças é uma antiga e eficaz prática ecológica. A técnica tem sido usada em fruticultura, principalmente, para evitar danos às frutas causados pela mosca-das-frutas, sendo prática usual em pêssego, ameixa e pêra (LIPP e SECCHI, 2002).
No caso da banana, o ensacamento tem sido utilizado para obtenção de frutos de melhor qualidade, para exportação, por evitar danos nos frutos causados pelo contato das folhas, ação dos ventos frios, granizo e ataque de pragas e doenças. (RODRIGUES et al., 2001).
COSTA et al. (2002), também, utilizaram a técnica do ensacamento de cachos em banana 'Nanicão' com sacos de polietileno para a melhoria da qualidade, tendo observado uma diminuição de intervalo de tempo entre a emergência da inflorescência e a colheita. Além disso, devido ao grande número de pragas que causam danos em hortaliças, JORDÃO e NAKANO (2002) preconizam o uso do ensacamento em tomateiro visando ao controle mais eficiente de pragas com redução de defensivos agrícolas.
Para a videira, a proteção dos cachos tem sido feita por meio da colocação de cobertura individual de plástico conhecido como "chapéu-chinês" ou envolvendo-se o cacho com sacos de papel (SOUSA, 1996; LEÃO, 2005). Essa prática visa à proteção contra ataque de pássaros, danos causados pelo sol e, principalmente, excesso de chuvas que provocam rachaduras e facilitam o aparecimento de podridões.
No Estado de São Paulo, para a produção de uva 'Itália' na Região Noroeste, TERRA (1997) recomenda a proteção dos cachos por meio da colocação de papel manteiga, principalmente durante a época da colheita, que coincide com a ocorrência das chuvas, aumentando a probabilidade do excesso de água danificar os cachos por rachadura das bagas e por podridões.
O ensacamento dos cachos de uva, além dos benefícios no controle de pragas e doenças, também possibilita a melhoria da qualidade do produto, e como observado por RIVADULLA (1996), na Espanha, o ensacamento dos cachos que tinham finalidade fitossanitária possibilitou maior uniformidade de coloração.
Por outro lado, a técnica de ensacamento dos cachos pode provocar alterações no microambiente formado no interior dos sacos utilizados para proteção. PERUMAL e ADAM (1968), avaliando banana Cavendish, em Honduras, verificaram uma elevação da temperatura no interior da proteção de 1,7 °C, em comparação aos frutos não protegidos. Ainda, verificaram que o ar quente se concentrava na parte superior dos sacos acelerando o crescimento das pencas de banana.
Observa-se no mercado consumidor de uvas no Brasil uma crescente exigência em qualidade do produto e tendência a uvas apirênicas. A cultivar 'Romana' (A 1105) tem potencial de produção como uva de mesa sem sementes na região de Campinas (SP). POMMER et al (1997) obtiveram produções entre 6.000 e 8.000 kg ha-1, tendo essa cultivar, segundo os autores, excelentes características agronômicas e comerciais.
De acordo com SOUSA e MARTINS (2002), porém, a qualidade dos cachos tem sido afetada pela ocorrência de chuvas na época da maturação, propiciando rachaduras nas bagas e incidência de podridões, limitando seu cultivo. Uma alternativa para contornar o problema foi analisada por LULU (2005) por meio do uso de proteção com cobertura plástica das plantas contra as chuvas. Essa prática diminuiu a ocorrência de podridões na uva 'Romana' de 31,5% para 6,9%.
Com a proteção das plantas de 'Romana' contra as chuvas, houve bons resultados na redução de rachaduras e podridões. Assim, foi desenvolvido este trabalho com o objetivo de caracterizar o efeito do uso de diferentes tipos de proteção individual dos cachos em uva de mesa 'Romana' (A 1105) na alteração da temperatura e umidade relativa do ar e avaliar as diferenças nas características de qualidade dos cachos, principalmente o controle de podridões.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado em vinhedos localizados em área experimental do Instituto Agronômico (IAC), em Jundiaí, SP (Latitude: 22º54' S; Longitude: 47º05' W e altitude de 669 m).
As medições foram realizadas em vinhedo, com idade de 8 anos, de uva de mesa sem sementes 'Romana' (A 1105), conduzido em sistema de cortina dupla ("Geneva Double Curtain"). As videiras foram plantadas em espaçamento de 3 m entre linhas e 1,5 m entre plantas e podadas em 20/8/2003.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quinze repetições. Os tratamentos representados pelo tipo de proteção individual dos cachos foram: sem proteção; saco plástico transparente (25 cm x 35 cm) com fundo aberto; saco de papel impermeável (11 cm x 25 cm) com fundo aberto; papel impermeável translúcido – "chapéu-chinês" (22 cm x 25 cm).
Em 12/12/2003, por ocasião do início de maturação das uvas, procedeu-se o ensacamento individual dos cachos que permaneceram protegidos até a colheita que foi realizada em 20/1/2004.
As determinações de temperatura e umidade relativa do ar foram efetuadas, no período de 30/12/2003 a 20/1/2004, apenas no interior dos cachos protegidos por saco plástico e chapéu-chinês com conjunto psicrométrico (Vaisala HMP45C). A temperatura e umidade relativa do ar também foram monitoradas na altura dos cachos que não tinham proteção individual, com sensor instalado em abrigo micrometeorológico, constituído de pratos plásticos sobrepostos.
Os sensores foram acoplados a um sistema automático de aquisição de dados (Campbell Scientific Inc., CR10), tendo sido programado para leituras a cada 20 segundos, médias a cada hora e obtenção dos valores médios e extremos diários.
No fim do experimento, na data da colheita em 21/1/2004, foram determinados, em trinta cachos de cada tratamento, os seguintes parâmetros, sem efetuar a toalete dos mesmos: massa do cacho (g), teor de sólidos solúveis totais (°Brix), incidência de podridões (%), e dano profundo (%), além de avaliação de defeitos leves como degrana (%) e queimado do sol (%), de acordo com as normas do regulamento técnico de identidade e de qualidade para a classificação de uva fina de mesa (MAPA, 2002).
A determinação da massa dos cachos e degrana foi feita por meio de pesagem em balança eletrônica, e o teor de sólidos solúveis totais foi medido com refratômetro portátil, marca Shibuya, com escala de 0 a 32 °Brix, em amostras compostas por quatro bagas de cada cacho, de acordo com MAPA (2002). As avaliações de ocorrência de podridões, dano profundo, e queimado de sol foram feitas por contagem de bagas com o problema, transformando-se os valores em porcentagem para o cacho.
As médias dos valores diários de temperatura do ar (valores máximos, mínimos e médios) e de umidade relativa do ar foram submetidas ao teste t (VIEIRA, 1980), comparação de médias com variâncias equivalentes, adotando-se os níveis de 5% e 1% de probabilidade, para detectar diferenças entres os pontos amostrais.
Os resultados médios de massa e de parâmetros de qualidade dos cachos de 'Romana' nos diferentes tratamentos (tipos de proteção individual) foram comparados por meio de análise de intervalo de confiança como proposto por SNEDECOR e COCHRAW (1973).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A variação diária dos valores de temperatura máxima, mínima e média do ar, assim como a umidade relativa, no período de realização do experimento, estão apresentados na Figura 1. Os valores médios das temperaturas do ar máxima, mínima e média, assim como a média da umidade relativa do ar, obtidas na altura de cachos expostos e no interior dos cachos protegidos com saco plástico e chapéu-chinês, estão apresentados na tabela 1.

Com relação à temperatura máxima do ar, o ensacamento dos cachos resultou no maior valor médio (35,2 ºC), seguido pela cobertura com chapéu-chinês (31,8ºC) e pelos cachos expostos (30,4ºC). Pelo teste t a média de temperatura no tratamento ensacado por saco plástico, foi significativamente maior em relação aos outros tratamentos. Embora com o ensacamento com chapéu-chinês tenha havido maior valor médio em relação aos cachos expostos, a diferença não foi significativa pelo teste t.
A técnica da proteção dos cachos também resultou em maiores valores de temperatura mínima do ar em relação à condição sem proteção, com aumento, em média, de 0,7 ºC nos cachos protegidos por saco plástico e 0,9 ºC nos cachos protegidos com chapéu-chinês; essas diferenças não foram significativas pelo teste t.
As alterações no comportamento das temperaturas máxima e mínima refletiram nos valores de temperatura média do ar, bem como na amplitude. Em cachos protegidos por saco plástico notaram-se os maiores valores de temperatura média (23,9 ºC), com incremento de 1,9 ºC em relação à temperatura média do ar (Tabela 1). No caso do chapéu-chinês, essa diferença ficou em torno de 0,9 ºC. Pela análise estatística, demonstrou-se que apenas no tratamento com ensacamento por sacos plásticos as diferenças foram significativamente maiores em relação aos cachos expostos. Valores mais elevados de temperatura (1,7 °C) em cachos de banana ensacados em plástico também foram relatados por PERUMAL e ADAM (1968).
Quando analisados os valores médios da umidade relativa (Tabela 1), verificou-se redução de 10% no cacho protegido com saco plástico, em comparação aos valores medidos na altura dos cachos expostos, com média diária de 86,1% no período de medidas. Por outro lado, para o cacho protegido por chapéu-chinês essa diferença atingiu 13%, sendo essas diferenças significativas pelo teste t.
Na figura 2, é apresentada a variação da temperatura e umidade relativa do ar na altura dos cachos sem proteção, bem como no interior dos cachos ensacados com saco plástico e chapéu-chinês em dia chuvoso (9/1/2004) e em dia ensolarado (18/1/2004).


Em 9/1/2004, a temperatura máxima atingiu 28,0 ºC na altura dos cachos sem proteção, 28,7 ºC em cacho protegido com chapéu-chinês e 30,1 ºC em cacho protegido com saco plástico. Essas diferenças se tornaram mais evidentes quando avaliada a variação de temperatura do ar no dia 18/1/2004, com condição ensolarada. Nesse dia, a temperatura máxima atingiu 31,2ºC na altura dos cachos sem proteção, 33,4 ºC em um cacho protegido com chapéu-chinês e 38,9 ºC em um cacho protegido com saco plástico, atingindo uma diferença na temperatura máxima de 7,7 ºC em relação ao ambiente externo.
Quando avaliada a temperatura mínima do ar nesses episódios, observa-se que nos tratamentos saco plástico e chapéu-chinês foram obtidos maiores valores quando comparados aos cachos sem proteção individual, com diferenças em torno de 1,0 ºC nos dois episódios.
Em 9/1/2004 (Figura 2B), a umidade relativa do ar permaneceu acima de 70% durante todo o período nas três posições de medida. Os maiores valores de umidade relativa foram obtidos no ambiente externo, durante todo o dia, seguido dos valores de umidade obtidos nos cachos protegidos com saco plástico e chapéu-chinês. Nota-se que nesse dia, de condição chuvosa, a umidade relativa medida na altura dos cachos expostos permaneceu acima de 90% quase na totalidade do dia, fato que não ocorreu nos cachos ensacados.
Em 18/1/2004 (Figura 2D), de condição ensolarada, a umidade relativa variou de 90% a 30% nas posições de medida. Com relação ao comportamento da umidade relativa, a tendência se manteve, isto é, com maiores valores na altura dos cachos expostos em relação aos cachos ensacados. Em virtude da diferença de temperatura, apresentada na Figura 2C, e da umidade relativa ser função da temperatura, durante o período diurno os valores de umidade relativa nos cachos ensacados foram cerca de 30% inferiores em relação ao ambiente externo.
Em relação à análise feita sobre os parâmetros de produção e de qualidade, são apresentados na tabela 2, os valores médios da massa dos cachos, degrana, e ocorrência de danos nas bagas, queimaduras pela exposição ao sol e podridões obtidos nos diferentes tratamentos avaliados.
Os valores médios da massa dos cachos de 'Romana' variaram entre 579,0 e 651,2 g para os tratamentos: chapéu-chinês, saco de papel impermeável e saco plástico, sendo que as médias não diferiram entre si ao nível de 5%. Apenas a massa dos cachos no tratamento sem proteção foi inferior, em torno de 34% a 46%, em relação aos outros tratamentos em que os cachos estavam protegidos. Os valores obtidos nesse experimento foram superiores em cerca de três vezes às médias relatadas por POMMER et al. (1997) que foram na faixa de 200 a 250 g por cacho. Valores da ordem de grandeza de 500 a 600 g por cacho foram obtidos por LULU (2005) para a 'Romana' cultivada sob cobertura plástica em Jundiaí (SP).
Os valores médios do teor de sólidos solúveis totais (°Brix) e degrana (Tabela 2) não diferiram entre si na comparação dos tratamentos avaliados. Porém foi notada uma tendência de menores valores de teor de sólidos solúveis (de 13,5 °Brix) e de maiores valores de degrana (5,1 g), nos tratamentos sem proteção dos cachos em relação aos tratamentos: chapéu-chinês; saco de papel impermeável e saco plástico. Nos tratamentos em que foi utilizada a proteção individual dos cachos da uva 'Romana' os valores do teor de sólidos solúveis variaram entre 14,2 e 15,8 °Brix. Pommer et al (1997) e Lulu (2005) também obtiveram valores na faixa de 14 a 16 °Brix.
Os valores de danos profundos observados nos cachos de 'Romana' protegidos por chapéu-chinês (2,0%), saco de papel impermeável (1,8%) e saco plástico (3,5%) foram inferiores aos verificados nos cachos sem proteção (8,9%). Os danos superficiais, apesar de não diferirem estatisticamente, seguiram a mesma tendência, pois foram observados no tratamento sem proteção, valores ao redor de 9,2% comparados aos tratamentos com proteção individual que variaram entre 1,8% e 3,2% respectivamente (Tabela 2).
As queimaduras provocadas pelo sol foram maiores nos cachos sem proteção individual (25,0%) quando comparadas aos tratamentos que propiciaram proteção aos cachos de 'Romana' cujos valores se situaram na faixa de 1,6 a 6,0%, não mostrando diferenças estatísticas entre os tratamentos avaliados. Deve-se ressaltar, porém, que nos cachos protegidos pelo saco plástico havia maiores valores de queimadura pelo sol em relação aos outros tratamentos.
O parâmetro avaliado com maior diferencial entre os tratamentos foi a ocorrência de podridões (Tabela 2). Nos tratamentos que ofereceram proteção das chuvas nos cachos, ou seja, chapéu-chinês, saco de papel impermeável e saco plástico, os valores médios de ocorrência de podridões foram, respectivamente, 3,3%; 1,8% e 10,3%, enquanto os cachos que ficaram expostos às chuvas que ocorreram durante o período de maturação, ou seja, no tratamento sem proteção, a ocorrência de podridões atingiu valores de 32,7%, inutilizando os cachos para fins de consumo.
LULU (2005) também observou efeito semelhante na diminuição de podridões em cachos de 'Romana' ao utilizar proteção contra as chuvas constituída de cobertura plástica da planta inteira, e não apenas do cacho. Nos cachos de 'Romana' sem proteção, a incidência de podridões foi de 31,5% enquanto nos protegidos pela cobertura plástica, em torno de 6,9%.
Observou-se que os valores de ocorrência de podridões nos cachos protegidos por saco plástico (10,3%), apesar de não diferirem estatisticamente dos outros tratamentos protegidos, foram superiores aos dos cachos submetidos aos outros tipos de proteção individual, provavelmente por terem sido utilizados sacos plásticos de tamanho muito grande em relação ao cacho, permitindo muitas vezes que, por causa do vento, os cachos ficassem sem proteção e expostos às chuvas, não tendo o efeito protetor desejado.
POMMER et al. (1997) não analisaram em seu trabalho realizado com a cultivar A1105, em Campinas, a ocorrência de podridões nos cachos, que não tiveram proteção, provavelmente pelo experimento ter sido realizado em ano excepcionalmente seco, como relatado pelos próprios autores.
Foi observado também, apesar de não ter sido quantificado, que a utilização de saco de papel impermeável de tamanho muito próximo ao dos cachos de 'Romana', fez com que esses ficassem, em função do tutoramento pelos saquinhos, com aspecto mais compacto e uniforme em relação aos outros tratamentos.
Os diferentes tipos de proteção individual dos cachos de 'Romana' permitiram verificar que, em relação ao principal problema da cultivar, quer seja a ocorrência de rachaduras por chuva na maturação, quer seja a incidência de podridões, todos foram eficientes em evitar os danos, permitindo que o produto tivesse viabilidade comercial.
Deve ser ressaltado, porém, que a colocação de proteção individual nos cachos deve ser cuidadosa, a fim de impedir que a água das chuvas escorra pelo engaço, no local onde a proteção é fixada, até as bagas, evitando assim condições para ocorrência de rachaduras e podridões.
4. CONCLUSÕES
1. A proteção individual de cachos provocou alterações nos valores de temperatura e umidade relativa do ar nas proximidades dos cachos. As maiores temperaturas foram observadas nos cachos ensacados com plástico e os maiores valores de umidade relativa ocorreram nos cachos sem proteção.
2. A proteção de cachos com chapéu-chinês e saco de papel impermeável foram os mais eficientes no sentido de evitar a ocorrência de podridões e melhorar as características de qualidade dos cachos da uva de mesa 'Romana'.
REFERÊNCIAS
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Recebido para publicação em 16 de dezembro de 2005 e aceito em 6 de novembro de 2006.
* Autor correspondente; rpezzo@iac.sp.gov.br; jlhernandez@iac.sp.gov; josalba@iac.sp.gov.br
Marcadores: SÍTIO UVA ENSACAR COM SAQUINHO DE JORNAL ABERTO NO FUNDO
sábado, outubro 17, 2009
O Estado de S. Paulo |
PSDB vê ''arapuca'' no desafio de Lula |
Christiane Samarco |
A cúpula do PSDB considera as provocações eleitorais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governador paulista e pré-candidato do partido a Presidência, José Serra, uma arapuca. "O Lula escalou o Serra para confrontar os 80% de apoio popular que tem, mas com ele o Serra não vai brigar. O confronto de 2010 é com a Dilma", avisa o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). "Nesta armadilha o Serra não cai", completa o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA). |
O Globo |
Papel da educação |
Editorial |
Tema constante na agenda do país, as desigualdades sociais costumavam colocar em lados opostos "intervencionistas" e "liberais". Mas, há algum tempo, é quase residual o peso dos que consideram que o mercado, por si só, resolverá o problema. Já existe conhecimento suficiente da realidade econômica e social brasileira para se descartar a idéia ilusória de que, estufado o “bolo”, ele será distribuído com o aperfeiçoamento da economia. Não é assim. Feita a constatação, criaram-se mecanismos de distribuição direta de renda, levados ao extremo no governo Lula, por meio do Bolsa Família, programa que consolidou linhas instituídas na gestão de FH. E o debate que se trava é sobre a dimensão que atingiu o assistencialismo, sempre um instrumento tentador para políticos. Medida pelo coeficiente de Gini, a desigualdade de renda vem caindo. A questão é dar consistência ao movimento de redução das disparidades, para que ele não fique na dependência das transferências diretas, fator de subjugação do pobre à esmola estatal — e um grande risco de contaminação da vida política pelo populismo e pela demagogia. Na década de 70, o economista Carlos Geraldo Langoni se tornou conhecido ao defender a tese de que a melhor maneira de distribuir o bolo da renda é por meio da educação. Sem dúvida. O método de melhorar a renda nas faixas miseráveis da população via bolsas tem validade. A questão está no foco e suas proporções. Mas, para haver de fato uma alteração de estrutura no quadro social do país, o caminho é o da educação. Há uma grande quantidade de estudos que sustentam o diagnóstico. A Pnad, pesquisa do IBGE, de 2004, por exemplo, revelou que quem contava com sete anos de estudos — não tinha, portanto, o ciclo fundamental completo — recebia, em média, R$ 396 mensais. Já o salário daquele que havia estudado um ano a mais aumentava para R$ 500. O ensino médio cursado, então, melhorava ainda mais a situação da pessoa: com esse diploma, conseguia-se salário de R$ 733, enquanto o ciclo médio incompleto permitia um rendimento de apenas R$ 477. Eis a razão pela qual são fundamentadas e consequentes as críticas ao excesso de despesa com o assistencialismo, enquanto falta dinheiro para melhorar a qualidade da educação básica pública. Esta definição equivocada de prioridades compromete o futuro das novas gerações. Logo, do país. |
O Estado de S. Paulo |
Presidência imperial |
Editorial |
A crescente pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a diretoria da Vale torna cada vez mais claro seu projeto de poder. Não lhe basta chefiar o Executivo da maior democracia latino-americana. Ele quer presidir também a maior empresa privada do Brasil - e tantas quantas ele considere necessárias para a consumação de seus objetivos. À primeira vista, seu projeto parece conduzir a uma reestatização, com apoio de pelo menos alguns partidos aliados e também de sindicatos e movimentos ditos sociais, mas não é essa, neste momento, a questão mais importante. Muito mais do que à ampliação das funções e dos poderes do Estado, as ações do presidente Lula visam ao fortalecimento do seu governo e à centralização de um conjunto importante de decisões econômicas. Centralização, nesse caso, tem sentido literal: concentração de poder no principal gabinete do Palácio do Planalto. A tendência não é nova, mas ficou mais evidente a partir do agravamento da crise, quando o presidente Lula tentou intervir nas demissões da Embraer e da Vale. As pressões sobre a mineradora continuaram, depois, quando a empresa anunciou a redução temporária de seus investimentos. O presidente da República simplesmente cobrou explicações do chefe da empresa, como se estivesse tratando com um executivo sujeito a seu comando. O passo seguinte foi tentar obter o controle da empresa para demitir o presidente Roger Agnelli e determinar a pauta de investimentos. A tentativa só não deu certo, até agora, porque o Bradesco se recusou a vender as ações necessárias à formação de um novo bloco de controle. O jogo continua. Se der certo para o presidente, ele terá um estímulo a mais para intervir noutras empresas consideradas estratégicas.LEIA MAIS |
Historiador Kenneth Maxwell - Há muitos aspectos a considerar, mas acho que o principal está no continuísmo que Lula deu a uma política desenvolvida no governo Fernando Henrique, e até no de Itamar Franco. Quando olhamos para o Brasil de fora, não vemos dois mandatos de Lula, mas quatro mandatos e meio. Isso é importante para explicar por que Lula conseguiu muitas coisas boas. Ele é pragmático. Embora seja comparado a Getúlio Vargas, acho que o nacionalismo de Lula é mais suave. De balanço, temos a melhoria considerável de vários índices sociais, menos pobreza, mais pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família. A situação econômica e social é melhor que a situação política, já que no Congresso a coisa está bem ruim.
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Cutucando
Caciques, adeus
Depois que o prefeito Luiz Cavani deixar o cargo tudo leva a crer que ele será lembrado na história de Itapeva como o último cacique de sua geração. Ninguém se iluda, entretanto, que seu sucessor se libertará de imediato dos vícios e costumes arraigados na administração pública local, herança de velhos coronéis da política, que há décadas mantêm Itapeva no atraso, como se ainda fosse a pacata província de Faxina.
Embora doutor Luiz seja formado pela Politécnica de São Paulo, escola que é sinônimo de modernidade e avanço tecnológico, e tenha convivido com colegas de regiões mais adiantadas, infelizmente, ele não absorveu a mentalidade progressista latente do meio acadêmico paulistano. Como prefeito vem demonstrando que conserva os mesmos métodos de gestão antiquados, apanágio de políticos conservadores da qual é um dos lídimos herdeiros. A sua atuação na gestão pública itapevense tem revelado que sob o verniz acadêmico subjazem sestros dos velhos caciques do começo do século.
Como se vê, nem sempre um bom currículo é garantia de eficiência. Entretanto, como mal começou a nova gestão do sorridente prefeito de nariz empinado, ainda há tempo para ele dar um salto qualitativo na sua modorrenta e antiquada administração e, até, surpreender com inovações administrativas que Itapeva tanto anseia. Vamos torcer.
Senão, só nos resta aguardar que o próximo prefeito mesmo sem ter um bom currículo, entenda de gestão pública MODERNA e que tire Itapeva do Ramal da Fome.
A Câmara ressuscita
Este escriba malfalado não alimenta a pretensão de achar que foi graças às suas verrinas semanais que os vereadores itapevenses melhoraram o seu papel de denunciar e fiscalizar a aplicação de recursos públicos. Além de dois bons vereadores da oposição, Margarido e Comeron, a vereadora Áurea vem mantendo seu estilo, agora, mais de bater que assoprar, enquanto os três novatos, Eliel, Osiel e Ney, estão na fase do aprendizado. O Júnior Guari ainda convive com a dicotomia do ser ou não ser, talvez devido tantos anos dizendo amém ao prefeito, ou pela timidez de menino criado no sítio, ele ainda vacila na suas posições. Contudo, tem potencial para bem desempenhar sua função de fiscalizar o Executivo, pois coragem não lhe falta. Tarzan e Marmo são “peixinhos”.
Entretanto, quem vive o maior drama de aliado político é o vereador-presidente Paulo de La Rua, que está violentando sua natureza ao se engajar de corpo e alma à gestão Cavani, que, ultimamente, tem criado embaraços sem fim ao espanholzinho de sangre caliente. Todavia, acredita-se que o vereador De La Rua, que não é tolo nem nada, não vai querer comprometer seu futuro político segurando os pepinos amargos da Administração. Então, ele deve tomar, urgente, colheradas de semancol se não quiser ir para o horroroso purgatório de aliados. Apoio incondicional a prefeito é uma temeridade política que já enterrou muitas promitentes lideranças. Ser aliado é o tipo de troço que é bom enquanto dura, pois o apoio político muitas vezes não acontece ou, pior, pode deixar de ser interessante. Expectativa de apoio político é como andar no fio da navalha.
Perguntem ao prefeito
Quem quiser saber quais promessas de campanha têm chances de ser cumpridas, perguntem ao prefeito. Se ele estiver de bom-humor (raro),ou em público, vai responder com sorriso, senão, ele pode mandar o cidadão plantar batatas. Ou bater concreto para usar a sua linguagem profissional. Então, pergunte ao prefeito como estão as obras do Estádio Municipal e Pilão D´água; as reformas da Casa da Cultura e da Estação Vila Isabel; os projetos do Teatro Municipal e Matadouro; incentivo e convites a empresas para se instalarem no município e gerar de empregos; cursos de capacitação profissional e de artesanato comercial; conservação e limpeza de ruas, ética e probidade administrativas; e a intolerância com a ineficiência e corpo mole de secretários.
O caro leitor pode acrescentar a essa lista os seus lembretes, que, provavelmente, vão ficar como lembretes. E, talvez não. Se o prefeito quiser mesmo, ele faz. Oremos.
sexta-feira, outubro 16, 2009
O Estado de S. Paulo |
Ibope confirma o evidente |
Editorial |
Aquilo que já se sabia por fartas evidências ficou demonstrado por idôneo instituto de pesquisa: o Ibope constatou que 72,3% das famílias assentadas pelo programa de reforma agrária, comandado pelo Incra, não obtêm nenhum tipo de renda com a produção de seus lotes; 37% não estão produzindo absolutamente nada; 24,6% produzem apenas o necessário para se alimentar; e 10,7% não conseguem nem o suficiente para o próprio abastecimento. Apenas 27% dos assentados auferem alguma renda de sua produção. |