Folha de S. Paulo |
Fiscalização já! |
Eliane Cantanhêde |
BRASÍLIA - Está ficando demais esse negócio de o presidente da República todo dia, dentro do governo ou falando para o mundo, recriminar fiscalização, investigação e rigor com as obras públicas - o que quer dizer com o uso do meu, do seu e do nosso rico dinheirinho. Num dia, Lula declara que a imprensa não tem de investigar nem fiscalizar nada, só tem de informar. Mas informar o quê? Para atender o interesse de quem? No outro, lá estava Lula fazendo dueto com Dilma contra essas fiscalizações que travam o progresso. Tirava o foco da imprensa e voltava aos de sempre: o TCU e o Ministério Público, que têm justamente o dever de fiscalizar e zelar pelo bem, pelas obras e pelas verbas públicas. Isso tudo remete a outros passos ou vozes do governo Lula contra qualquer tipo de controle, chegando até a Marina Silva, que, quando ministra do Meio Ambiente, era muito prestigiada fora do governo e do país pela diligência na avaliação ambiental, mas muito criticada dentro do governo e especialmente dentro do Planalto - pela colega Dilma. E eis que Marina saiu do cargo e do PT. Recuando mais um pouco, encontraremos o empenho do governo em aprovar a Lei da Mordaça, para calar o Ministério Público, ou o projeto proibindo funcionário público de passar informações para a imprensa, ou ainda o tal projeto para cassar registro de jornalistas. E chegamos à triste trajetória das CPIs, que cumpriram fantástico papel quando os petistas estavam dentro delas investigando os outros, mas estão morrendo de inanição quando são os outros que agora estão dentro tentando, e não conseguindo, fiscalizar o governo do PT e dos seus complexos aliados. Ou seja, fiscalização é como pimenta nos olhos: é ótimo, mas só nos olhos dos outros. E fica pairando uma pergunta no ar: afinal, o que tanto Lula e o seu governo temem? |
3 Comments:
O que será que a Folha teme?Quase oito meses depois, a matéria da Record e a reação acalorada da Folha não são as únicas mostras de que a polêmica da “ditabranda” ainda é um fantasma para o jornal paulista. Na última segunda-feira (26), ao ganhar menção honrosa durante a entrega do Prêmio Vladimir Herzog, em São Paulo, o jornalista Rodrigo Vianna espinafrou a Folha: “Receber um prêmio como este, por uma matéria, que lembra os 30 anos da anistia, tem um sabor especial neste ano, em que um importante jornal de São Paulo chamou a ditadura de ‘ditabranda’”.
Não acaba por aí. Em breve, pesquisadores poderão ter acesso a arquivos da Comissão de Anistia que relatam inúmeras parcerias entre Folha e regime militar. Ainda inédito, o magistral documentário Cidadão Boilesen, vencedor do Festival É Tudo Verdade 2009, acusa formalmente a Folha de ceder apoio logístico à ditadura. É bom Suzana Singer afiar a língua para proteger o jornal em que trabalha. Até aqui, seu proselitismo foi tão-somente provinciano ― nada mais.
A pedido da presidenta da Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), Maria Izabel Azevedo Noronha, publico carta por ela enviada à VEJA, com sua análise e considerações sobre a entrevista de três páginas (em "Páginas Amarelas") que a revista publica na edição dessa semana com o secretário de Educação do Estado, deputado Paulo Renato de Souza (PSDB).
Publico, também, porque a carta de Maria Izabel - integrante do Conselho Nacional de Educação - é muito esclarecedora sobre dois pontos da política oficial para a Educação, imposta ao Estado pela administração tucana comandada pelo governador José Serra. "O governo do PSDB no Estado de São Paulo está mais preocupado em fomentar a “competitividade” entre os professores e aplicar receitas empresariais ao sistema público de ensino do que em melhorar a qualidade de ensino para todos os estudantes das escolas estaduais", escreve a dirigente da APEOESP.
Sobre a política salarial para os professores, recém lançada pelo governador paulista, Maria Izabel pondera: "Um projeto que exclui, de imediato, 80% dos professores de reajustes salariais e, ainda assim, não assegura que os demais 20% terão mesmo direito à melhoria salarial (pois depende de disponibilidade orçamentária) não vai contribuir para a qualidade de ensino e sim para gerar mais revolta e desestímulo na categoria.
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