DE SÃO PAULO
FELIPE LUCHETE
DE BELÉM
TRANSPARÊNCIA, DEMOCRACIA, MUNICIPALISMO
Canetada obrigatória |
Autor(es): » TIAGO PARIZ » PAULO DE TARSO LYRA » DENISE ROTHENBURG |
Correio Braziliense - 31/08/2011 |
Para evitar casos de corrupção e tornar mais rigoroso o pente-fino, Dilma quer que todos os contratos firmados com ONGs e entidades privadas sejam liberados apenas com a assinatura dos ministros A presidente Dilma Rousseff quer responsabilizar de forma mais clara os ministros pelos atos realizados em seus ministérios. Depois de anunciar que todos devem "ter conhecimento do que acontece em suas pastas", o governo estuda agora mecanismos para obrigar que os titulares da Esplanada passem a assinar os convênios com ONGs e organizações da sociedade civil de interesse público (Oscip). A intenção, repassada aos colegas pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, tem como objetivo tornar mais rigoroso o pente-fino das pastas sobre quais entidades receberão dinheiro público. Atualmente, a maioria dessas parcerias é firmada pelo secretário executivo ou pelo secretário nacional. Raramente, encontra-se uma assinatura de um ministro. MAIS |
O Globo - 23/08/2011 |
Durante este tempo diversificaram-se os métodos de desvio de recursos do Tesouro de forma ilícita. Há desde a simulação de gastos com marketing e publicidade para retirar dinheiro de estatal (BB/Visanet), como foi feito para ajudar a lubrificar o esquema do mensalão, até métodos clássicos de superfaturamento de obras por meio de aditivos. O golpe está registrado no currículo do PR na administração que fez no Ministério dos Transportes e seu Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit). Do Ministério da Agricultura, sabe-se da relação promíscua do ex-ministro Wagner Rossi (PMDB) e filho, Baleia, deputado estadual paulista pelo partido do pai, com uma empresa fornecedora de vacinas antiaftosa, e da acusação contra a cúpula da Pasta feita por Jucazinho, por sua vez destituído por desviar dinheiro da Conab. Por ser um ministério entregue ao PMDB com "porteira fechada" - assim como, em alguma medida, foi feito nos Transportes com o PR -, é provável que uma auditoria atenta revele usos e costumes obscuros bastante consolidados. Pode-se imaginar o tipo de rastros que deixou o lobista Júlio Fróes, de livre trânsito na comissão de licitações da Pasta. Já no Turismo, de Pedro Novais, capturado pelo PMDB maranhense e sua sublegenda do Amapá, onde o senador José Sarney tem base eleitoral, permitiu-se o uso da gazua da emenda parlamentar para o sequestro de dinheiro do contribuinte. O golpe de usar gastos com "formação de mão de obra" por ONGs para justificar a subtração de dinheiro do Erário foi usado no Amapá e, soube-se depois, em Sergipe, por meio de um convênio de tramitação relâmpago pelo ministério. As alegadas despesas com treinamento serviram para a aprovação a jato de convênio milionário com uma ONG sergipana sem qualquer experiência no que prometia executar: formar 18 mil cozinheiros, garçons, motoristas de táxi, entre outros profissionais, para estimular o turismo no estado. A organização já recebeu R$3 milhões dos R$8 milhões prometidos, embora não houvesse matriculado um único aluno, revelou O GLOBO. O Turismo se candidata a ser outro generoso vazadouro de recursos públicos. Ao contrário do que alguns pensam, não há "udenismo" nas denúncias, até porque o Brasil de hoje pouco tem a ver com o da década de 50. O Estado tem mecanismos de combate à corrupção, e não há a necessidade de movimentos políticos que tendem a gerar crises institucionais em nome da moralização. Eles não podem é ser impedidos de funcionar. |
Petistas temem que ""faxina"" de Dilma carimbe gestão de Lula como ""corrupta"" |
Autor(es): Vera Rosa |
O Estado de S. Paulo - 19/08/2011 |
Parlamentares e ministros da sigla não assumem as críticas publicamente, mas, sob reserva, criticam o estilo da presidente e afirmam que ela está comprando brigas com partidos e sindicatos que poderão prejudicar o projeto eleitoral para 2014 A "faxina" no governo da presidente Dilma Rousseff, que já derrubou quatro ministros em dois meses e doze dias, causa extremo desconforto no PT. Dirigentes do partido, senadores, deputados e até ministros temem que, com a escalada de escândalos revelados nos últimos meses - especialmente nas pastas dos Transportes, do Turismo e da Agricultura -, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva acabe carimbado como corrupto. Todos os abatidos na Esplanada foram herdados de Lula. MAIS |
O silêncio constrangido do PT |
Autor(es): agência o globo:Maria Lima |
O Globo - 19/08/2011 |
Petistas não defendem faxina publicamente e se irritam com termo "herança maldita de Lula" constrangimento do PT lulista com as ações da presidente Dilma Rousseff, que têm resultado no desmonte de esquemas de corrupção nos ministérios partidários, vem sendo explicitado pela ausência de manifestações públicas de apoio à faxina. Nenhum petista se coloca publicamente contra a limpeza ética no Ministério, mas nos bastidores muitos deles se dizem incomodados principalmente com o fato de ela ter atingido até agora três ex-integrantes do governo Lula. Além deles, o outro que caiu até agora, Nelson Jobim, também foi herdado de Lula. Internamente, petistas avaliam que a onda de denúncias e demissões alimenta o discurso da oposição de que Lula deixou uma "herança maldita" para Dilma, o que eles repudiam. Além disso, há preocupação de que Dilma fique refém da fórmula adotada de apurar toda denúncia de corrupção, o que poderá impedir que o governo encerre a atual crise, além de a onda poder atingir todas as siglas, inclusive o PT. - Não concordamos com a tentativa de ataque à herança do presidente Lula. Lula é o nosso comandante. Dilma está constrangendo o PT ao desmontar a imagem de um governo que deu certo - afirmou um experiente petista, de forma reservada. Um dos mais fiéis aliados de Lula, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) reclama que a oposição, em parceria com a imprensa, está criando essa versão de que Lula deixou uma "herança maldita" para Dilma, "do mesmo jeito que inventou o mensalão". - Quem inventou a tal da faxina? Vocês criaram essa imagem. Mas a presidente não é faxineira! O Lula não está incomodado nada com isso. Fundamos nosso instituto, não tem nada que nos abala - disse Devanir. MAIS |
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Apesar de nascer desacreditada por alguns colegas, a frente suprapartidária de combate à corrupção e à impunidade lançada no Senado, na última segunda-feira, terá sua primeira reunião oficial na próxima terça-feira, na Comissão de Direitos Humanos. Diversas entidades vão discutir a proposta do grupo liderado pelo senador Pedro Simon (PDMB-RS) de criar um movimento que ganhe as ruas no estilo Diretas Já. Em entrevista ao GLOBO, por telefone, Simon diz já contar com o apoio de 22 senadores e de importantes segmentos da sociedade. "Dilma está fazendo o que seus antecessores não fizeram. Estamos fazendo o movimento para que ela não seja isolada". Como vai ser a primeira reunião do movimento? PEDRO SIMON: Na terça-feira será a grande reunião, na qual vamos discutir os caminhos a serem seguidos juntamente com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil). Já na quarta-feira, a OAB vai lançar o Observatório da Corrupção, e, depois disso, vamos nos reunir na Universidade de Brasília com os jovens e depois na OAB do RS. O convite à UNE será definido na primeira reunião. O senhor chegou a fazer um paralelo com as Diretas Já... SIMON - Quando nós lançamos as Diretas Já, e eu fui o presidente da comissão, o movimento caiu na piada, ninguém levou a sério, os generais ditadores se irritaram de um lado, o empresariado do outro, toda a imprensa, ninguém levou a sério. Mas o povo começou a sair na rua, o movimento começou a crescer e deu no que deu. A ditadura acabou. Qual o principal objetivo da frente? SIMON: O que a gente quer agora é fazer o movimento pela ética, pela moral, pela seriedade, e que a sociedade participe. Se ficar só no Congresso, só no Executivo e só no Judiciário, não vai acontecer nada. Se a sociedade disser chega de impunidade, vamos realmente fazer as coisas acontecerem. Não há conflito com a CPI da Corrupção? SIMON: O Alvaro Dias diz isso, mas é o seguinte: eu assinei a CPI da Corrupção. Mas agora, nesse momento, são duas posições diferentes. O Alvaro é o líder do PSDB e quer criar uma CPI para desgastar o governo, fazer oposição. Nós queremos um entendimento para ter a possibilidade de iniciar o fim da impunidade. Uma coisa não está ligada à outra. Apenas 10% do Senado apoiando o movimento não é muito pouco? SIMON: Hoje não temos praticamente nada. Se bem que tem muito mais do que no início da campanha das Diretas. Por isso, temos que ver se a sociedade vai aceitar, se o povo vai iniciar um grande movimento pelo fim da impunidade no Brasil. Mas se você analisar, na segunda-feira, 22 senadores se manifestaram a favor. A corrupção está centralizada em qual setor? SIMON: Na impunidade. Todo mundo rouba à vontade e ninguém vai para cadeia. Esse é o problema. Não pense que corrupção é coisa do Brasil. No mundo inteiro tem corrupção, mas no mundo inteiro o corrupto vai para cadeia. Repare no escândalo que fizeram aqui com as algemas? No Brasil, a impunidade é uma pífia realidade. Como o senhor vê ações de Dilma contra a corrupção? SIMON:Estou vendo com simpatia, porque o Fernando Henrique e o Lula não fizeram nada nesse sentido, não tomaram nenhuma decisão. O Lula, quando nós fomos lá cobrar a história do Waldomiro (Waldomiro Diniz, subchefe da Casa Civil) que praticou (corrupção), ele deixou. Quando nós quisemos tirar a CPI, ele não deixou. A Dilma já demitiu de cara o maior amigo dela, o chefe da Casa Civil (Antonio Palocci). E já demitiu três ministros. Então, ela está tomando uma posição que os outros não fizeram em 16 anos. |
Autor(es): Fausto Macedo |
O Estado de S. Paulo - 18/08/2011 |
Em manifesto, membros da Polícia Federal acusam políticos "padrinhos" de servidores corruptos de questionar metodologia dos agentes para tirar o foco das denúncias Delegados da Polícia Federal, inconformados com ataques que a corporação recebe a cada operação, lançaram manifesto por meio do qual lamentam que "no Brasil a corrupção tenha atingido níveis inimagináveis". Destacam que "milhões de reais, dinheiro do povo, são desviados diariamente por aproveitadores travestidos de autoridades". "Quando esses indivíduos são presos, por ordem judicial, os padrinhos vêm a público e se dizem "estarrecidos com a violência da operação da Polícia Federal"", afirma o documento, subscrito pela Associação Nacional dos Delegados da PF, uma das principais entidades da classe que detém atribuição constitucional para presidir inquéritos sobre desvios de recursos do Tesouro. "No Ministério dos Transportes, toda a cúpula foi afastada", assinala o protesto. "Estourou o escândalo na Conab e no próprio Ministério da Agricultura. Em decorrência das investigações no Ministério do Turismo a Justiça Federal determinou a prisão de 38 pessoas de uma só tacada. Mas a preocupação oficial é com o uso de algemas." Eles ponderam que "em todos os países a doutrina policial ensina que o preso deve ser conduzido algemado, porque a algema é instrumento de proteção ao preso e ao policial que o prende". Os delegados recorrem ao criminalista Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça no governo Lula, que um dia declarou: "A Polícia Federal é republicana e não pertence ao governo nem a partidos políticos." Trecho do documento soa como um alerta: "Há de chegar o dia em que a história será contada em seus precisos tempos. De repente, o uso de algemas em criminosos passa a ser um delito muito maior que o desvio de milhões de reais dos cofres públicos". "Quando se prende um político ou alguém por ele protegido, é como mexer num vespeiro", argumenta Bolivar Steinmetz, presidente da associação. "Após ser preso, qualquer criminoso tenta desqualificar o trabalho policial. Quando ele (criminoso) não pode fazê-lo pessoalmente, seus amigos ou padrinhos assumem a tarefa em seu lugar." Segundo os delegados, "altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas". |