sexta-feira, agosto 12, 2011

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA

Recordações


            Já contei, aqui, que a minha estréia na imprensa itapevense em 1959 foi no Jornal de Itapeva, jornal confeccionado (esse é o termo exato) pelo saudoso Padeiro, Joaquim Bueno Machado, e por seus auxiliares, José B. Faria (Nha Mina) e José B. Lima (Praxedes) que montavam as páginas do jornal, com as pontas dos dedos, letra por letra (tipos de chumbo colocados um a um no quadro da página). As raras fotos eram reproduzidas em clichês em preto e branco. As revisões a cargo de Zezinho Ferrari e cônego Benjamim. Assim que Tito Cerione fechou o seu jornal, o Padeiro fundou a Folha do Sul, em 1960, continuei a escrever regularmente, até o golpe militar de 64. Aí, só voltei a escrever em 83 nos jornais, Repórter e Tribuna Sul Paulista, por curto período, pois em 85, com a reabertura da Folha (que fechara), agora sob o comando do Zé Bueno e Antônio Lages (de Itararé), voltei e só parei quando outro dono do jornal, Davi Panis, me eliminou do jornal, sem choro nem vela, em julho de 2008. Aí estive por quase dois anos no Itanews e agora aqui na Gazeta. Até quando? Não sei.

            Porém, o Davi não foi o único a tentar me calar, nos bons tempos do Padeiro, volta e meia, os saudosos Zezinho Ferrari e cônego Benjamim tiravam meus artigos da pauta, o Padeiro ficava chateado, mas não podia contrariá-los, precisava deles no jornal. Também no período Zé Bueno/Lages, fui vetado a pedido do padre Alampe! 

Ao ser censurado em toda imprensa, lancei meus famosos boletins quinzenais, que o Zé Bueno imprimia de graça e eu deixava um punhado nas escolas, na Rede Felimar, do saudoso Dema, Câmara, Prefeitura etc. meio alternativo que foi de meados 85 até março de 1986, quando Davi/Ricardo me chamaram de volta para a Folha. Posso dizer, sem gabolice, que na região sou o jornalista mais antigo, vivo e atuando. E também o que teve mais processos judiciais por calúnia, injúria e difamação, e apenas uma condenação em um processo movido pela ex-deputada Terezinha de Jesus. Paguei uma cesta básica. O período que tive mais processos foi na gestão Brugnaro, Wilmar nunca me processou e Cavani, por enquanto, não, mas ele ainda vai ter a sua chance.
                                             Novos tempos

Por que essas recordações, agora? Porque hoje a imprensa está, mais que antes, no auge de suas atribuições ao preencher a lacuna deixada pelos Legislativos, municipais, estaduais e federal, onde os parlamentares ao fazer acordos espúrios com o Executivo, deixam de cumprir seu dever de ofício de denunciar a corrupção que se alastra como praga pelas prefeituras do país e nos demais escalões do poder.  

No governo federal, as denúncias de corrupção só estão sendo denunciadas pela imprensa, os deputados e senadores fazem de conta que não sabem de nada, nem mesmo os da “oposição”. Nos municípios esse costume vem de muito mais tempo, vereadores se compõem com o prefeito e o deixam à vontade, sem amolação, para fazer o uso que quiser dos recursos públicos. Se o Tribunal de Contas vier a descobrir irregularidades e rejeitar as contas da Prefeitura, a Câmara aprova e as falcatruas ficam por isso mesmo.

Se a imprensa local não correr atrás do prejuízo e denunciar ao Ministério Público as eventuais falcatruas descobertas, graças ao descuido de algum funcionário municipal, tudo fica esquecido sob o manto da impunidade. E os corruptos agradecem. 

           Em Itapeva a Câmara, sob a presidência do vereador Paulo de La Rua, é quase uma inutilidade pública. Hoje a principal função do Legislativo é referendar os atos do prefeito, dar nome a ruas e escolas e, sobretudo, distribuir centenas de honrarias, sem critério, salvo raras exceções; essa distribuição desenfreada de “honrarias” aos cidadãos desavisados é uma forma esperta de relações públicas dos vereadores e do presidente da Câmara (as eleições vêm aí), uma espécie de marketing que esconde a incapacidade deles de cumprir o verdadeiro papel para o qual foram eleitos: trabalhar sério pela população. Ano próximo o eleitor fique de olho, é preciso renovar 70% dos vereadores.
Google
online
Google