"Haja estômago para aguentar estes políticos, acho que estamos precisando mais é de uma camada de pré-sal de fruta."
segunda-feira, agosto 31, 2009
"Haja estômago para aguentar estes políticos, acho que estamos precisando mais é de uma camada de pré-sal de fruta."
O Estado de S. Paulo |
Contrarreformas ameaçam o País |
Gustavo Loyola |
A resiliência da Economia brasileira à presente crise econômica internacional se deve, em ampla medida, aos avanços institucionais observados nos últimos 15 anos no Brasil. Em que pese a unanimidade desse diagnóstico, o segundo mandato do presidente Lula tem-se caracterizado por uma sucessão de contrarreformas que, pouco a pouco, minam as instituições econômicas laboriosamente construídas a partir do início dos anos 1990. |
domingo, agosto 30, 2009
Itapeva confirma primeira morte pela nova gripe
Itapeva confirmou na última sexta-feira a primeira morte no município pela nova gripe. Era uma paciente, de 37 anos, que morreu no dia 16 de agosto. A cidade registou até agora três casos da doença. Outras oito pessoas que têm os sintomas aguardam resultado de exames.
Em Campina do Monte Alegre, também na sexta-feira, foi confirmado o primeiro caso da nova gripe. É um menino, de 4 anos, que estava internado no Hospital Regional de Sorocaba e teve alta. De acordo com o departamento de Saúde, três pessoas da mesma família são monitoradas e não há outros casos da doença na cidade. (TV TEM)
Cutucando
Semana passada estive no altiplano itapevense a fim de ver como estava a futura sede da Câmara Municipal de Itapeva e fiquei impressionado com o acabamento da obra e o material empregado que se vê não foi alvo de preocupação com gastos. Há quem critique a suntuosidade que se nota por onde quer que se olhe a obra, os amplos espaços arejados por janelas de vidro temperado, os espaçosos gabinetes dos vereadores, salas de reuniões amplas, grandes banheiros, além do plenário em meia-lua com arquibancada e acústica, tudo pavimentado com fino porcelanato catarinense. Isso não quer dizer, entretanto, que se esbanjou dinheiro público numa obra que podia ser mais modesta. Claro que podia ser mais modesta, a Câmara podia continuar pagando aluguel, também.
Há de se convir que é um prédio definitivo, secular, nossos netos e bisnetos vão se orgulhar do Legislativo de sua cidade num edifício tão requintado, que um dia com certeza vai se chamar, merecidamente, de Palácio Ulysses Tassinari. Foi na sua gestão como presidente, que doutor Ulysses deu início ao projeto da sede da Câmara, eivado de polêmicas devido a questiúnculas formais como licitação, conveniência etc., mas que, enfim, foi aprovado e a obra já caminha para o final.
A inauguração das novas instalações da Câmara está prevista para o fim do ano e pelo andamento das obras dá para se acreditar que em janeiro de 2010, ano em que possivelmente vamos nos livrar do PT no Palácio do Planalto, os vereadores vão para nova casa com disposição de trabalhar redobrado pelo município. Vamos torcer.
Confesso que antes fui um dos críticos do que parecia desperdício de dinheiro para um município com um dos mais baixos Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, entretanto, dada a inoperância da gestão Cavani em desenvolver projetos para melhor aplicar recursos ociosos, investir numa sede para o Legislativo que há décadas vive mudando de endereço, convenhamos que é um bom investimento.
E o atual presidente da Câmara, Paulinho de La Rua (PDT), está caprichando no acabamento com material de primeira, bons profissionais na execução da obra, por isso, tudo leva a crer que nossa Casa de Leis será uma das mais bonitas e modernas da região de Sorocaba pra baixo. Quem sabe se com a nova casa os vereadores passam a ter novas ideias, novo comportamento funcional, a priorizar a cidade ao invés de dedicarem tempo integral à sua reeleição e a eleitores pidonhos, além de sustentar numerosa corriola de cabos-eleitorais que só querem sombra e água-fresca.
Antes da mudança, porém, seria interessante fazer um “descarrego” dos maus fluídos que impregnam muitos vereadores e, também, exorcizar o novo prédio da Câmara. Esse exorcismo pode ser feito com gente nossa a começar por um pastor da igreja do “bispo” Macedo, depois um padre católico e, finalmente, rematar o esconjuro com o umbandista e pai-de-santo Celinho, que é quem realmente sabe das coisas.
Quero ver se depois de exorcizadas as forças do Mal ainda vão prevalecer sobre alguns vereadores, principalmente, os mais antigos, carregados dos pés a cabeça de maus fluídos. Assim, o sacrossanto recinto legislativo estará “limpo” e voltará a ser o local onde o povo depositará suas novas esperanças e que o livrará de todo Mal, amém.
Claro que nenhum exorcismo vai adiantar se, concomitantemente, o presidente da Câmara, Paulinho de La Rua, e os vereadores, não fizerem sua parte: criar o Portal Transparência da Câmara. E o Portal tem que ser de tal forma transparente que a claridade das contas supere a claridade dos gabinetes e salas, cujos vidros enormes enchem de luz os ambientes a revelar e mostrar tudo, que nem pulga escapa ilesa.
Não adianta, contudo, achar a ideia do Portal boa, mas não pôr em prática, como fizeram o prefeito Cavani e o secretário Adelço. Mas eles tiveram motivos para abortar o Portal Municipal, as cinco CEIs em andamento e outras na fila de espera atestam isso.
Seria uma data histórica se com a inauguração das novas instalações da Câmara, os vereadores passassem a ter novas e melhores posturas de trabalho, complementadas com um Portal Transparência do Legislativo. Mostre a diferença pra eles, Paulinho.
sábado, agosto 29, 2009
O preço do PMDB sempre é muito alto
Valor Econômico - 28/08/2009 |
Os partidos se sucedem no poder, mas o PMDB continua exatamente no mesmo lugar. As escaramuças, as jogadas para levar a nocaute um governo e as frases de líderes que expressam chantagens como se elas fossem declarações de patriotismo se expõem nas páginas dos jornais com regularidade fantástica, independentemente de quem seja o presidente ou a que partido ele pertença. A lógica do PMDB é a mesma desde que a legenda foi esvaziada pela reintrodução do pluripartidarismo, em 1981. Para a legenda, não vale a pena ter diretamente o poder federal, ou seja, um presidente da República a ela filiado. No governo José Sarney (1985-1989), que foi eleito num Colégio Eleitoral pela legenda e tinha um PMDB super-representado no seu ministério, o partido desfrutou dos cargos e da popularidade do Plano Cruzado. Não teve problema de cair fora quando acabou o Cruzado e a popularidade do governo. Nas gestões seguintes, o descompromisso do partido foi maior ainda, já que a relação era com um poder não exercido diretamente por um pemedebista. Nos governos FHC, a relação do PMDB com o Palácio do Planalto não foi diferente. Era um constante e pesado jogo de pressão. Em 1996, uma crise política foi resolvida com a nomeação do pemedebista Luiz Carlos Santos para o recém-criado Ministério Extraordinário de Coordenação Política. A tradução do gesto foi feita pelo então presidente do PMDB, Paes de Andrade: "Com inegável competência para a costura a ponto pequeno, [Santos] ele saberá usar a caneta cheia de tinta que está recebendo". Em 1999, ao tentar estabelecer uma nova relação de força, FHC contou com a violenta reação da tropa de choque pemedebista. O jogo mais pesado veio do grupo que apoiava Renan Calheiros, então demitido do Ministério da Justiça. Incluiu ameaças veladas de "denúncias" contra tucanos. Em 2002, o PSDB capitulou e levou o PMDB para compor a chapa à Presidência, cujo titular era José Serra. Diz a experiência que, quanto mais se aproxima uma eleição presidencial, mais o PMDB se firma em estratégias de extração de poder federal - em parte, porque é disso que vive e é isso que valoriza seus políticos; em parte, porque em véspera de eleição é quando o partido no poder mais precisa dele e é quando se negocia o poder do mandato seguinte. O governo Lula não se diferencia tanto dos demais, exceto pelo fato de que, pelo menos no segundo mandato, tem estabelecido uma política de ceder a todos os grupos internos do PMDB. Não existe nesse governo um pedaço grande do partido que seja contra Lula, o que era marca nos governos anteriores. Mas os grupos internos pressionam agora em conjunto, e de forma que nenhum deles perca. Enquanto a tropa de choque do PMDB exigia lealdade absoluta no Senado no episódio José Sarney, o PMDB da Câmara, que sempre negociou de forma "autônoma" em relação à bancada do Senado, fez barba, cabelo e bigodes. Num lance rápido, conseguiu a liberação de emendas de parlamentares - enquanto o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, chorava a arrecadação derramada com a crise, o Planalto o obrigava a atender as demandas das emendas dos deputados. "Demos a ele (Bernardo) um crédito e acho que agora será cumprido", disse o líder Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). O não cumprimento significaria manter um boicote aos trabalhos de plenário iniciado na terça-feira. O governo - e a governabilidade - começam a pagar também um alto preço pela antecipação da escolha precipitada da ministra Dilma Rousseff à sucessão de Lula. O jogo ficou mais pesado: o PMDB chantageia institucionalmente, com suas bancadas na Câmara e no Senado e poder de veto nas duas casas, enquanto tenta rendições do PT nas políticas estaduais. O caso mais recente é o do ministro Geddel Vieira Lima, do Desenvolvimento Regional, que se candidatou contra o governador petista, Jaques Vagner, candidato à reeleição. Geddel, ao que parece, tenta mover o PT nacional para a sua candidatura. Daí, esclarece o mesmo líder Alves: "Para apoiar Dilma e ter os votos necessários dos convencionais, o PMDB tem demandas nos Estados". É uma situação onde o PMDB tende a esticar ao máximo a corda do PT e do presidente Lula. Espera-se que exista um limite nessa conta. Esses acordos políticos têm um correspondente no Orçamento. A esfera pública é a primeira que sofre com as chantagens do PMDB. |
quinta-feira, agosto 27, 2009
O Globo |
Filhote do getulismo |
Merval Pereira |
A crise que envolve a Receita Federal, com uma verdadeira rebelião de funcionários de diversos escalões contra o que acusam ser uma "ingerência Política" indevida do governo nas atividades do órgão, é uma consequência da ampliação do espaço institucional ocupado pelo PT desde a chegada ao poder central, em 2003, que produziu não apenas mudanças importantes no perfil social das lideranças de base petistas, com os trabalhadores dando lugar hegemônico aos funcionários públicos, mas uma relação muito mais estreita do partido com a máquina do Estado. Crises semelhantes já aconteceram na Polícia Federal e em outros órgãos públicos, aparelhados pelo petismo e onde grupos disputam entre si a hegemonia Política. |
Petrobras amplia em 10 vezes patrocínios a entidades sindicais (Folha).
quarta-feira, agosto 26, 2009
FONTE | Embrapa Uva e Vinho |
Sistema de Produção de Pêssego de Mesa na Região da Serra Gaúcha |
Início Clima Cultivares Obtenção e plantio da muda Preparo do solo, calagem e adubação Condução,poda e raleio Principais Pragas Doenças fúngicas e bacterianas do pessegueiro Doenças virais do pessegueiro Doenças causadas por nematóides na cultura do pessegueiro Cuidados na aplicação de agrotóxicos Tecnologia de aplicação de agrotóxicos Manejo e pós-colheita de pêssegos Custos e rentabilidade Referências Glossário Expediente Autores |
A obtenção de frutas de qualidade é um objetivo constantemente estabelecido pelo produtor, já que está diretamente relacionado à rentabilidade do pomar. O manejo da planta, com ênfase na poda e no raleio, é um dos fatores que contribuem de forma significativa para a colheita de frutas de qualidade superior, expressando assim o potencial de cada cultivar. Sistema de condução
Nos diversos países produtores, o pessegueiro é conduzido em diferentes formas da copa. Os principais são a condução em taça, em "Y", em líder central, bem como suas variações que originam sistemas com características, vantagens e desvantagens específicas.
O pessegueiro é uma planta frutífera que necessita de podas anuais, para a produção de bons frutos, bem como para a regularização da produção, pois produz em ramos de ano, ou seja, ramos novos. Poda de Formação: Visa orientar a formação da copa para sustentar futuras produções, aproveitando melhor o potencial de produção da planta. É executada desde o plantio da muda até que a planta tome o tamanho e o formato desejável. Deve ser realizada em um ou dois anos, para formação de um dos três tipos de copa: taça aberta, "Y" e líder central, sendo a primeira a mais utilizada. A poda de formação do pessegueiro deve ser executada conforme segue:
Poda de frutificação: Após a entrada em frutificação, a planta deve ser podada com frequência, em função do hábito de frutificação da espécie. O pessegueiro frutifica em ramos novos, de um ano, e, anualmente, ramos novos devem ser emitidos para serem os produtores no ciclo subsequente. Os principais objetivos da poda de frutificação são:
A melhor época para a poda de frutificação é no inchamento das gemas, que ocorre logo após o inverno. Preferencialmente, a poda de frutificação, realizada nessa época, deve ser uma complementação da poda de outono, para evitar cortes severos nesse período, o que provoca brotações vigorosas e, por consequência, o desequilíbrio da planta. Se bem realizada a poda de outono, a poda de frutificação consiste em poucos cortes. A poda de frutificação deve ser realizada conforme segue: 1- Eliminação dos ramos doentes, secos, quebrados, machucados, mal situados, próximos entre si e ramos ladrões (ramos vigorosos, com orientação vertical para cima ou para baixo do ramo) desponte de 1/4 do ramo (poda longa) 3- Seleção de ramos mistos de ano que permanecerão e deverão produzir na safra atual Devem ser evitados cortes de ramos grossos, pois isso pode desequilibrar a planta, prejudicando a sua capacidade produtiva. Em plantas adultas, não se deve despontar o ramo da ponta da pernada, para favorecer a brotação melhor distribuída, principalmente na região mediana da planta. Caso contrário, haverá crescimento dominante na parte superior da pernada, fazendo com que os ramos novos, que são produtivos, fiquem localizados predominantemente na periferia da copa. Poda de outono: A poda de outono serve para dar uma estrutura adequada à planta, com ramos bem distribuídos em toda planta para que produza o máximo com a melhor qualidade, e auxilia muito no estabelecimento do equilíbrio entre vegetação e frutificação. Além disso, antecipa, com vantagens, os cortes que seriam feitos no inverno, já que os cortes feitos nessa época não resultam em brotações vigorosas, ao contrário do que ocorre com a poda hibernal.
A poda de outono deve ser efetuada conforme segue: 1- Analisar o vigor da planta e a presença de ramos grossos (mais de 2 cm de diâmetro) 2- Retirar ramos "ladrões" (com crescimento vegetativo em excesso) 3- Retirar ramos doentes e em posição inadequada 4- Não podar os raminhos que frutificaram no ano anterior; esses devem ser podados no inverno, na poda de frutificação. Nos cortes feitos nessa época a brotação, na primavera, ocorre com menos vigor do que se forem feitos no inverno A proteção dos cortes com algum produto fungicida é uma prática importante contra a entrada de doenças que causam cancros e gomose. O produto para passar nos cortes pode ser uma pasta, a qual pode ser passada com um pincel, recobrindo toda parte cortada. Esta pasta pode ser feita com:
O cobre não deve ser passado puro ou muito forte nas feridas, principalmente nos ramos novos porque provoca exsudação e com isso haverá retirada da pasta ou pode causar alguma fitotoxidez. Poda verde: Essa poda é feita na fase vegetativa da planta com o objetivo de melhorar a qualidade dos frutos e a produtividade das plantas. A poda verde é necessária para retirar brotos vigorosos voltados para o interior da copa, que causam sombreamento dos frutos e da planta, e ramos "ladrões", com o objetivo de aumentar a aeração e entrada de luz. Com essa poda procura-se manter uma produção nas camadas inferiores.
Poda de renovação: Como o próprio nome diz, consiste em renovar os ramos básicos das plantas já formadas ou velhas, dando, a partir daí, uma conformação renovada. É feita uma poda drástica no inverno, deixando apenas os ramos primários com 30 - 50 cm de comprimento. Após a poda, ocorrerão brotações, as quais deverão ser conduzidas seguindo os padrões já estabelecidos.
O raleio de frutos na cultura do pessegueiro é uma das práticas mais importantes para obter-se produção de frutos com boa qualidade e com rentabilidade satisfatória. Em geral, a planta fixa muito mais frutos do que o necessário para a produção com qualidade. Como os frutos competem entre si e também com o crescimento vegetativo por água e nutrientes, o desenvolvimento das plantas e dos frutos fica prejudicado com o excesso de frutos.
A época de maior resposta ao raleio é o período compreendido entre a floração até 30 dias após a queda das pétalas. Porém, quando os frutos são raleados muito precocemente, pode haver gasto excessivo de mão-de-obra, já que, neste período, há queda natural dos frutos. Por esta razão, o raleio pode ser feito mais tardiamente. Recomenda-se fazer o raleio quando os frutinhos atingirem de 1,5 a 2 cm de diâmetro, ou a partir de 35 a 40 dias após a floração. Nesse momento, pode-se deixar a quantidade desejada e definitiva de frutos por planta. |
Copyright © 2003, Embrapa |
Marcadores: SÍTIO POMAR PESSEGUEIRO PÊSSEGO PODA
| ![]() |
terça-feira, agosto 25, 2009
Latifúndio ilógico
Xico Graziano, Estadão
A historiografia consagrou o latifúndio como mal maior de nossa formação social. O termo se origina no latim - lato fundis -, significando os grandes domínios da aristocracia na Roma antiga. O conceito se vincula à ideia da imensidão e da opressão no campo.
Na época colonial, o latifúndio surgiu por aqui disfarçado nas capitanias hereditárias. Grandes porções do território se dividiram entre os fidalgos do rei encarregados de colonizar as terras longínquas. No ciclo açucareiro do Nordeste, séculos atrás, a grande exploração comandava a economia. Historiadores também a chamaram de plantation, a vasta propriedade monocultora.
O latifúndio sempre caracterizou o domínio da oligarquia agrária, terra do coronel. No triste período escravista, os conflitos entre a casa grande e a senzala expunham as mazelas da desigual sociedade. Mais tarde, na economia cafeeira que abriu São Paulo, com o trabalho sendo liberto, o latifúndio manteve sua forte presença até a grande crise de 1929-1930. Quando Getúlio Vargas assumiu o poder, a oligarquia começou a se desmantelar. Surgia, com a ajuda da imigração, a classe média no campo.
Derrotar o tradicional sistema latifundiário e vencer o imperialismo norte-americano configurou o estridente grito nacionalista que, nos anos 1960, mobilizou a esquerda latino-americana. Todos se uniram contra o atraso rural. Na receita do desenvolvimento, eliminar o latifúndio virou mantra.
A unanimidade política se provou no Estatuto da Terra, promulgado pelo regime militar em novembro de 1964. Nem a turma da direita, que chutou a democracia no golpe, se opôs à desapropriação do latifúndio, um obstáculo ao progresso.
A nova lei deu nome aos bois. Os latifúndios passaram a ser divididos em dois grupos: "por dimensão" e "por exploração". No primeiro caso, 600 módulos de terra eram o limite de sua extensão, área situada entre 20 mil e 50 mil hectares, dependendo da região. Maior que isso, poderia ser desapropriado para reforma agrária. Terra dividida.
Já os latifúndios "por exploração" precisavam, independentemente de seu tamanho, provar que eram produtivos. Daí surgiram os índices de produtividade que o Incra utiliza, até hoje, para caracterizar a função social da propriedade rural. Se estiver ociosa, com baixa produção, pau nela. Vai para o assentamento dos sem-terra. Muito bem.
Dois cadastramentos gerais foram realizados naquela época. As estatísticas eram devastadoras, configurando forte concentração da estrutura agrária. Em 1984, atualizados, os dados serviram para fundamentar o plano de reforma agrária da Nova República. Eles mostravam que os latifúndios se apropriavam de 90% do território. Um escândalo.
O cadastro indicava existirem 305 latifúndios "por dimensão", que, somados, detinham área maior do que a explorada, na outra ponta, por milhões de pequenos agricultores. Ninguém poderia concordar com isso. Reforma agrária já.
Se a ditadura não aplicou, na prática, o Estatuto da Terra, a democracia, restabelecida, o faria. Assim, há 25 anos, se iniciava a fase moderna da reforma agrária brasileira. Seus resultados, sofríveis, frustraram as expectativas, transformando a prometida redenção da miséria rural numa polêmica interminável. Por quê?
Duas explicações importam aqui. Primeiro, destrinchando as estatísticas oficiais, verificou-se que, entre os latifúndios "por exploração", 700 mil detinham área menor que 100 hectares de terra. Quer dizer, eram "pequenos" latifúndios. Um contrassenso incompreensível. Segundo, entre os grandões, apenas um ou outro acabou efetivamente desapropriado na reforma agrária, por uma razão elementar: dificilmente eles eram encontrados nas vistorias de campo. Representavam enormes terras griladas, cadastradas no Incra, porém fictícias. Latifúndios "fantasmas".
O equívoco desnorteou os agraristas. Estava em curso um processo de modernização agropecuária que, hoje, caracteriza o capitalismo no campo. Nos últimos 30 anos, o latifúndio transformou-se em grande empresa rural, mantendo-se grande, mas tornando-se produtivo. Integrado com a agroindústria, ao lado de fortes cooperativas, constitui o complexo chamado agronegócio.
Após a Constituição de 1988, mudou a lei agrária. Desapareceram as antigas denominações do latifúndio, substituídas pela nova caracterização econômica da grande propriedade: produtiva ou improdutiva. Até hoje, entretanto, o conceito histórico, tão marcante, permanece sendo utilizado. E, infelizmente, deformado.
João Pedro Stédile, ideólogo do MST, caracteriza atualmente o latifúndio como a propriedade rural que, embora cultivando café, soja, cana, eucalipto, ou utilizada na pecuária, ocupe área superior a mil hectares. Ponto. Não interessa se utiliza tecnologia, paga bem aos empregados ou conserva o solo. Importa apenas o tamanho, aliás, bem abaixo dos antigos latifúndios "por dimensão".
Ora, o modelo agrícola do País, ainda concentrador, pode ser criticado. Mas o latifúndio sempre caracterizou relações atrasadas de produção, mau uso da terra, servilismo. Confundir a empresa capitalista no campo com a propriedade oligárquica entorpece o raciocínio. Latifúndio produtivo soa ilógico.
Curiosa a mente das pessoas. Há quem, não percebendo que o mundo mudou, repete o mesmo chavão a vida toda. Tromba com a realidade. Outros, mais inteligentes, sabem das mudanças. Mas, para manter o discurso atrasado, escondem-se na mentira dos conceitos. Deturpam a realidade.
"No Brasil, o Estado existe para servir aos interesses dos políticos, não para servir aos interesses da comunidade."
Blog de Claudo W.Abramo, da Transparência Brasil
(...)
O que aconteceu na Receita Federal é o retrato acabado da captura do Estado pelo interesse privado dos políticos. Como os ministros podem nomear e desnomear pessoas à vontade para ocupar cargos na administração, é isso o que fazem, protegidos pela Constituição.
Se o Brasil fosse a Noruega, o governo jamais se atreveria a substituir um chefe da Receita sem motivo. Teria de justificar a substituição. Mais importante, teria de responder direitinho a perguntas sobre a política arrecadatória e fiscalizatória.
O Brasil não é a Noruega. Mais parece a República Centro-Africana.
Não se imagine que esse tipo de ingerência aconteça apenas no governo federal. Acontece em todos os governos estaduais e municipais. Como no Brasil o critério fundamental de preenchimento de cargos na administração pública é político e não técnico, não tenha dúvidas o eventual visitante de que as secretarias estaduais de Fazenda são geridas exatamente da mesma maneira, com objetivos semelhantes.
A diferença é que a imprensa brasileira não cobre o plano local, de forma que o público fica sem saber o que acontece.
Os políticos usam a máquina pública para satisfazer seus próprios interesses, que podem ser alegadamente políticos, mas que, uma vez aberta a porteira, conforme o caso incluem o diretamente criminal. ÍNTEGRA
PMDB pressiona Stephanes contra reforma agrária
Congresso em Foco
Bancada do partido na Câmara faz reunião com ministro da Agricultura hoje às 14h30 para cobrar explicações sobre mudança no índice de produtividade das terras. Ruralistas querem forçar governo a desistir de portaria
Renata Camargo
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, está numa situação cada vez mais difícil com o PMDB. Nesta terça-feira (25), o partido vai aumentar a pressão sobre o ministro para que ele não assine uma portaria que atualiza os índices de produtividade da terra, anunciada na semana passada pelo governo. Se não assinar, Stephanes terá que se entender com o presidente Lula e enfrentar desgastes com outros ministros, como o do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.
A pressão vem, sobretudo, dos ruralistas do Congresso. Stephanes é deputado federal pelo PMDB e foi indicado para o governo pela bancada do partido na Câmara. Agora, coube aos peemedebistas fazer pressão para o ministro não assinar a alteração nos índices, atitude tomada pelo antecessor na pasta, Roberto Rodrigues.
A mudança no critério de classificação das terras produtivas é uma das principais reivindicações dos movimentos sociais ligados à reforma agrária. Os índices definem o nível de produção que uma propriedade precisa atingir para não se tornar passível de desapropriação para reforma agrária.MAIS
O Estado de S. Paulo |
As bondades do compañero Lula |
Editorial |
Assim que assumiu o governo da Bolívia, Evo Morales interrompeu a campanha, financiada pelos Estados Unidos, de substituição das plantações de coca por culturas que permitissem aos agricultores locais levar uma vida digna. Afinal, Morales é um líder cocalero que fez carreira política prometendo liberar o plantio das folhas de coca, cujo uso, segundo ele, é parte inextricável da ancestral cultura indígena de seu país. Pouco se lhe dá que folhas que não são mascadas nem queimadas em rituais religiosos - e são muitas toneladas delas - sejam transformadas, primeiro, em pasta e, depois, em cocaína refinada. Assim, desde que Evo Morales está no poder tem aumentado sistematicamente a produção de coca e, consequentemente, a de cocaína. Só no ano passado, segundo o Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, a área de cultivo aumentou 6% e o potencial de produção de cocaína cresceu 9% na Bolívia. Cerca de 70% da droga vem para o Brasil. Parte é consumida aqui e o restante é contrabandeado para outras partes do mundo. Trata-se da principal atividade do crime organizado - com o poder de corrupção e de violência que transformaram os morros do Rio de Janeiro em áreas liberadas, onde não entram as instituições do Estado, e que já ameaçam cidades do interior de vários Estados. Não se pode dizer, portanto, que a sorte dos cocaleros bolivianos não interessa a nós, brasileiros. O problema é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sobre esse problema uma visão muito peculiar, própria de quem acha que deve fazer o possível e o impossível para ajudar o compañero Morales. No sábado, na região do Chapare, o principal centro cocalero da Bolívia, ele não apenas usou um colar feito com folhas de coca, como liberou crédito de US$ 21 milhões para a compra, pelo Brasil, de têxteis bolivianos. Esse crédito era, até 2008, fornecido pelo governo americano, como parte do Programa de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas. Deixou de ser fornecido porque Morales interrompeu o programa de erradicação da coca. Agora, o Brasil faz seu programa às avessas: dá dinheiro para quem produz a droga que envenenará a juventude nas grandes cidades brasileiras. Nessa mesma visita à Bolívia, o presidente Lula reclamou do presidente Evo Morales uma solução para os brasileiros que vivem na fronteira da Bolívia com o Acre. Em 2006, Brasil e Bolívia assinaram um acordo, já renovado duas vezes, para regularizar a situação dos nacionais de ambos os países que migraram clandestinamente de um para o outro. Nesse período, o convênio beneficiou cerca de 50 mil bolivianos, a maioria vivendo em São Paulo - e somente 8 brasileiros. Agora, o governo boliviano prepara a expulsão de cerca de 5 mil brasileiros que vivem na área fronteiriça dos Estados de Pando e Beni. Os que concordarem em ser removidos para as áreas mais interiores do atrasado Estado de Pando receberão uma pequena ajuda - proveniente de um fundo de R$ 20 milhões fornecido pelo governo brasileiro. Os colonos que insistirem em ficar serão removidos pela força e perderão suas terras e as benfeitorias que sobre elas construíram. Em defesa desses brasileiros desassistidos, o presidente Lula solicitou gentilmente a seu colega bolivariano que os trate com carinho. Ou seja, o governo brasileiro não moverá uma palha - além dos R$ 20 milhões entregues ao governo boliviano - para ajudar os colonos brasileiros. Não correrá o risco de desagradar ao compañero Morales. O terceiro gesto de solidariedade em relação à Bolívia, nesta viagem, foi conceder um financiamento de US$ 332 milhões do BNDES para a construção da estrada Villa Tunari-San Ignacio de Moxos, ligando os Estados de Beni e de Cochabamba. A estrada será construída pela empreiteira brasileira OAS, escolhida pelos bolivianos. Como a obra já foi iniciada e parada por causa de denúncias de irregularidades no acordo entre a Administradora Boliviana de Estradas e a OAS, e porque não há acordo sobre detalhes ambientais - a via cortará um parque natural e reservas indígenas -, não será precaução demasiada o BNDES lançar esses US$ 322 milhões nos créditos de liquidação duvidosa. Isso porque qualquer controvérsia a respeito do crédito será dirimida por negociação entre as partes, por via diplomática. Assim, nem de pai para filho. Afinal, Morales está em campanha eleitoral e conta com a ajuda de Lula. |
TCU aponta ofensiva para limitar fiscalização
[Com a ajuda de Lulla]Empreiteiras questionam competência do órgão
Christiane Samarco, Estadão
Em vez de agir nos bastidores, o setor passou a atuar de forma ostensiva para mudar a Lei 8.666 de 1993, que regula as licitações e está parada há dois anos no Senado. Para tirar da gaveta a nova lei de licitações e levá-la a voto no plenário esta semana, os parlamentares, o Executivo e o TCU tiveram de fazer concessões ao lobby e costurar um acordo.
O acerto está feito, mas, diante da força do lobby, o TCU não conseguiu se livrar totalmente de um "contrabando" incluído no projeto para mudar sua lei orgânica. A pretexto de fixar prazo máximo de 90 dias para a vigência das medidas cautelares concedidas pelo TCU, suspendendo obras até que se esclareçam as suspeitas de irregularidades, o lobby incluiu um dispositivo que tornaria as decisões do órgão sem efeito. Como a contagem do prazo começava com a concessão da cautelar, em tese a empreiteira poderia consumi-lo apenas atrasando por três meses os esclarecimentos solicitados.
--As empresas estão cada vez mais organizadas e atuantes, questionando inclusive a competência e as atribuições constitucionais do tribunal, afirma o secretário de Fiscalização de Obras do TCU, André Luiz Mendes.
Para que suas decisões não sejam ignoradas, o órgão aceitou trabalhar com o prazo fixo e, numa contraofensiva dos auditores, o relator da proposta na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Eduardo Suplicy (PT-SP), estabeleceu que o tempo só começará a correr depois que as empreiteiras enviarem toda a documentação solicitada ao TCU.
--Controlar é contrariar interesses, mas o objetivo é ajudar o Estado e nós temos meios para auxiliar o Legislativo, diz o presidente do TCU, Ubiratan Aguiar.
Segundo ele, não se pode responsabilizar o órgão pelo ritmo lento da execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), porque apenas 5 das 2.368 obras em execução foram suspensas por indícios de irregularidades.
Ao visitar um trecho da Ferrovia Norte-Sul em Anápolis (GO), na semana passada, o presidente Lula voltou a criticar a paralisação de obras pelo TCU, argumentando que a suspensão gera prejuízo ao Tesouro.
--Mesmo que esteja errado, não é justo mandar parar a obra. Que se abra um processo, que se faça denúncia, porque a obra parada vai custar muito mais caro ao País, ao povo.
Críticas semelhantes têm encorajado representantes do setor a fazer protestos públicos contra a fiscalização, como ocorreu no 3º Congresso de Infraestrutura de Transportes realizado há um mês em São Paulo. "A culpa de o órgão de controle externo ter crescido dessa forma é dos próprios parlamentares que lhe garantiram esse poder na Constituição", disse o presidente da Associação Nacional dos Empreiteiros de Obras Rodoviárias (Ancor), José Alberto Pereira Ribeiro.
A Lei 8.666 não permite leilões para a contratação de obras e exige que os julgadores analisem os envelopes de documentação dos interessados, deixando as propostas e os preços para uma segunda etapa. Vários Estados, inclusive São Paulo, já adotaram a inversão de fases no processo de escolha e já colhem frutos da nova regra.
O Globo |
Para economistas, maior desafio econômico é a educação |
Danielle Nogueira e Cássia Almeida |
O maior desafio econômico do Brasil é melhorar a educação. Esse foi um consenso entre diversos participantes do seminário "Cenários e Perspectivas para o Brasil". O economista da PUC-Rio José Márcio Camargo lembrou que o Brasil gasta 16 vezes mais, em termos per capita, com aposentadoria do que com educação. Enquanto as aposentadorias consomem 13% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país), os investimentos em educação fundamental limitam-se a 3%. No entanto, os brasileiros com mais de 65 anos respondem por 8% da população, ao passo que os com até 15 anos representam 30%. Economista defende ensino em tempo integral Camargo acrescentou que, historicamente, o Brasil dá pouca importância à educação: — Investir em capital físico sem investir em capital humano (educação) faz com que a produtividade e a taxa de crescimento caiam ao longo do tempo, eventualmente levando à estagnação. |
Folha de S. Paulo |
O jeito PT de governar |
Eliane Cantanhêde |
BRASÍLIA - Na Casa Civil, assessores faziam dossiês de cunho nitidamente político contra um ex-presidente da República. No Banco do Brasil, o sindicalismo tomou de assalto a Previ, a Cassi, a Fundação BB e quase todas as diretorias (só escaparam a de agronegócio e a de relações internacionais, por falta de quadros com desenvoltura nessas áreas). Daí a surgirem aloprados comprando dossiês contra adversários em eleições e coisas do gênero foi um pulo. Na Polícia Federal, por mais méritos que a maioria das operações tenha, virou cada um por si e ninguém por todos. Ao ponto de um delegado grampear os telefonemas do Planalto, rechear relatórios policiais de adjetivos ideológicos e no final cada um ter de ser despachado para bem longe. Não há surpresa quando esse jeito petista de governar chega à Receita Federal. Aliás, já não era sem tempo. E foi assim que mais de dez funcionários colocaram seus cargos à disposição ontem, inclusive o subsecretário de Fiscalização, Henrique Jorge Freitas da Silva. O último apague a luz. Até que o novo grupo, ligado ao PT do B, ou PT do C, venha acender as luzes, reativar a tática de ocupação e fazer tudo o que seu mestre mandar. A debandada foi resultado direto da exoneração de Alberto Amadei Neto e de Iraneth Maria Dias Weiler, que foram assessor e chefe de gabinete de Lina Vieira, demitida em 9 de julho numa situação que ainda não ficou muito clara. Por incompetência? Será? Ou pode muito bem ter sido por incompatibilidade de métodos -segundo Lina, a ministra Dilma queria agilizar as investigações contra o empresário Fernando Sarney. E agilizar combina mais com o vocabulário do PT no poder do que com o da técnica com 30 anos de carreira. É assim, de órgão em órgão, de instituição em instituição, que vamos aprendendo como é uma gestão republicana. Sem falar na Petrobras da companheirada. |