sábado, março 24, 2007

O voto só é realmente democrático se for facultativo
Conforme lembrou matéria de O Globo, o voto obrigatório completou 75 anos no Brasil. Há proposta no Congresso para extingui-lo, mas dificilmente seria aprovada. A cantilena é a de sempre: o voto é um direito e é um dever. Besteira nos próprios termos. Se é dever, não pode ser direito. Se é direito, o indivíduo tem de escolher se vota ou não.
É claro que eu sou favorável ao voto facultativo. Reparem que, geralmente, a esquerda é que defende o voto obrigatório – pelo menos onde existe democracia.
No melhor do mundo das esquerdas autênticas, claro, dispensa-se essa formalidade...
Ninguém pode obrigar a velhinha a atravessar a rua se ela não quiser, ainda que possamos achar que é o melhor pra ela. Reparem: a defesa do voto obrigatório se assenta num paradoxo.
Por quê? Afirma-se que, numa sociedade que fosse mais igualitária e educada, o voto poderia até ser facultativo. Huuummm: quer dizer que ele seria facultativo para cidadãos plenamente, vá lá, lúcidos, mas deve ser obrigatório para aqueles meio idiotas? A tese é estúpida. E que fique claro: eu não acredito nessa história de “cidadãos plenamente conscientes" disso e daquilo. Isso é resquício ou manifestação de marxismo vagabundo. Supõe-se que exista uma falsa consciência à espera de uma iluminação. No dia em que o voto não for obrigatório, os partidos e os políticos terão de lutar um pouco mais para despertar o interesse dos potenciais eleitores. O voto obrigatório cria o maior cartório do país. De resto, a questão geral é a seguinte: deve-se obrigar o cidadão a fazer alguma coisa só em último caso.
Blog Reinaldo Azevedo

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