domingo, dezembro 31, 2006

"Aquela foto de Saddam Hussein com uma corda no pescoço...
...obscureceu minhas idéias luminosas sobre o triunfo de um civilização, de uma raça – a nossa, a dos humanos vira-latas -, de um modo de vida. Eu sei que ele matou. Eu sei que ele roubou. Eu sei que ele estuprou, ainda que por meio de terceiros. Mas que coisa!
Santo Deus! Eu nada tenho a fazer com cordas no pescoço. Nem no pescoço dos meus inimigos. Sobretudo no pescoço dos meus inimigos. Porque, vejam só, encontrasse eu uma justificativa para cena tão patética, eles estariam certos a meu respeito. Mas estão errados. E, por isso, são meus inimigos. Eu sou a vida e seu ofício. E eles contam os seus mártires, os seus heróis, jactam se duas paixões homicidas e suicidas. Eu acho a morte aquém e além de qualquer contenda.
Que moral pode existir na morte? Que ética? Como pode nos sugerir o que quer que seja quem é tão íntimo do absoluto? Como é que um juiz consegue escolher o que comer ou a cor da própria cueca depois de decidir que alguém deve morrer?
Se eu arbitrasse sobre a vida, não aceitaria nada além do absoluto." REINALDO AZEVEDO

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Sou contra a pena de morte por princípios religiosos e convicções filosóficas. Acredito que ninguém pode se achar no direito de quem deve viver ou morrer. Vá lá que Saddam, era o sinônimo da maldade e da carnificina. Mas ao executá-lo estamos nos nivelando por baixo na evolução da espécie humana, é mais um ato de vingança do que um julgamento. E dai? Acabaram-se os problemas no Iraque? É o fim dos carros bombas? Xiitas, sunitas e curdos vão se abraçar? Ou seja, nada muda, só temos mais um cadáver para enterrar e a dor de cabeça dos Yankees continuará.

4:22 PM  

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