quarta-feira, setembro 23, 2009

O Globo
Avanço de sinal
Editorial

Num governo em que o presidente não desceu do palanque da reeleição, aproveitou o clima de campanha e logo tratou de trabalhar na indicação de uma candidata a suceder-lhe, é uma decorrência natural que ministros com aspirações nas urnas de 2010 também atropelem o calendário das eleições.

É atitude coerente com o estilo do chefe, mas reprovável sob vários aspectos.

O mais evidente é o descumprimento de prazos e datas estabelecidos pela Justiça eleitoral, algo sempre passível de contestação formal. Assim como Fernando Henrique, a partir de determinado momento do primeiro governo, passou a acordar e dormir com a ideia fixa da aprovação do segundo mandato consecutivo, Lula não toma qualquer decisão de alguma importância sem embalá-la num clima de campanha. Visitas a canteiros do PAC foram convertidas em comícios, e a confirmação do petróleo no pré-sal inspirou a modelagem de um plano de reestatização do setor, com o erguimento de bandeiras nacionalistas e brados contra os “entreguistas", sob medida para uso em 2010. O descompromisso com calendários legais e a despreocupação com o uso do dinheiro do contribuinte em projetos políticos pessoais e partidários passam a ser práticas usuais também de ministros, à medida que avançam as negociações para a montagem de alianças e chapas regionais, como revelado em reportagem do GLOBO. MAIS
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