domingo, março 15, 2009

CAIXA 2, CAIXA-EXTRA, RECURSOS NÃO CONTABILIZADOS, RECURSOS CONTABILIZADOS ...

Lembram do Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT, que consagrou nacionalmente a expressão "recursos não contabilizados" ao depor na CPI dos Correios, ao ser confrontado contra evidências e denúncias da expressiva movimentação de dinheiro do mensalão?

Pois então. Em Itapeva, inventaram um jeitinho: "recurso contabilizado para não pagar"! Isso mesmo: contabilizar para não pagar! Segundo o secretário Adelço, a Prefeitura contabilizou o pagamento de 11 mil a show evangélico, mas contabilizou, veja bem, preste atenção, contabilizou, fez o cheque, pegou o endosso/recibo do pastor, tudo isso para ... não pagar. Entendeu?

Será que a contabilidade municipal esqueceu do bom e velho estorno? Não seria mais prudente cancelar o empenho e rasgar o cheque?

Veja entrevista da vereadora Áurea (PTB) ao jornal A Gazeta:

Vereadora Áurea: A Comissão de Justiça da Câmara Municipal solicitou a presença do secretário de Finanças Adelço, juntamente com o senhor Marmo, tesoureiro da Prefeitura. Na data de hoje ele veio até a Câmara para fazer um esclarecimento. Segundo o secretário Adelço, ele realmente fez o pagamento para o pregador, no valor de 11 mil reais; [contou] que havia autorizado o secretário a fazer a arrecadação de patrocinadores para pagamentos de shows evangélicos. Por isso, ele pagou em dinheiro o pregador e, para contabilizar isso na Prefeitura ele fez um empenho no valor de R$ 11 mil. Novamente ele explica que fez o empenho, pagou com cheque e a esse cheque pediu o endosso do pastor. Então, o pastor endossou esse cheque e esse cheque voltou para a Prefeitura

A Gazeta: Mas se já estava pago o show, qual seria o motivo de ter que contabilizar esse empenho na Prefeitura?

Vereadora Áurea: Porque teria que contabilizar o dinheiro (risos) ...

A Gazeta: Tivemos a informação de que a Prefeitura teria pago mais shows da FAI em 2007. Isso confere, e qual seria esse valor pago?

Vereadora Áurea: Segundo o senhor Adelço Büher, eles fizeram uma arrecadação de R$ 78 mil, valor que a Prefeitura gastou com shows e que eles haviam pedido a patrocinadores. Alguns desses patrocinadores não queriam aparecer e outros queriam que fosse contabilizado esse serviço. Aí, ainda segundo o senhor Adelço, algum dinheiro foi feito contabilidade, que foi doado para a Prefeitura, e eles fizeram o empenho e pagaram com cheque. Outros valores foram passados direto para a festa. É mais ou menos um "caixa-extra".

A Gazeta - Então a Prefeitura fez caixa-2?

Vereadora Áurea: É um caixa a mais, porque todo dinheiro que entra para festa, e não é contabilizado, subentende que é um caixa a parte na Prefeitura, um caixa-extra.

***
***
***
No pedido de quebra do sigilo bancário da empresa do Macarrone, a 1ª Promotoria de Justiça de Itapeva argumenta:

  • "Certo é que as investigações até aqui realizadas já permitem vislumbrar um esquema para desvio de recursos públicos, mediante a realização da festividade, sem licitação ou contratação da empresa requerida, com repasses de verbas a entidade de direito privado com fins lucrativos, conforme se verá adiante."
  • "No exercício de 2.005, 2.006 e 2.007, por exemplo, houve o repasse direto de recursos doados à Prefeitura Municipal de Itapeva para a requerida, sem a ocorrência de licitação ou qualquer outro procedimento seletivo da empresa realizadora do evento."
  • "Através dessa triangulação a Municipalidade colaborou para o enriquecimento das empresas requeridas, que através do emprego de recursos doados para a Prefeitura Municipal realizaram o evento, proporcionando o crescimento de empresas com fins lucrativos, através da figura do ente público."
  • "Resta saber se essas empresas eram as reais beneficiárias e se, somente elas, eram as destinatárias finais dos recursos. Daí a presente ação, visando a quebra de seu sigilo bancário, financeiro e fiscal."
Google
online
Google