sexta-feira, abril 11, 2008

PETISTAS GOSTAM É DE BRIGA
Dora Kramer, no Estadão:
É rara - para não dizer inexistente - a ocasião em que o governo Lula se põe como bombeiro diante do fogo. Em geral, faz o papel do incendiário e termina por se queimar.

Mas aos petistas parece escapar essa evidência. Ultimamente andam reclamando que as crises do PSDB ficam pouco tempo em cartaz no noticiário, mas qualquer confusão envolvendo o PT tem longa duração.

Acusam a imprensa de tratar tucanos a pires de leite e petistas a golpes de facão.

Como exemplo, citam os gastos com os cartões corporativos do governo José Serra. "Sumiram como que por encanto dos jornais", queixa-se um senador reproduzindo a voz corrente no partido.

A reclamação ignora os procedimentos.

O governo de São Paulo não brigou com a notícia sobre os excessos nas despesas. Contestou, mostrou os dados, anunciou umas correções, administrou a maioria na Assembléia para esvaziar a proposta de CPI e em pouco tempo até o PT se desinteressou do caso.

Já o governo federal, diante de problema de natureza semelhante, foi à guerra. Negou evidências que foi obrigado a reconhecer, defendeu quem precisou demitir, apontou conspirações, incentivou a CPI para em seguida interditar as investigações e teve a genial idéia de produzir um dossiê para intimidar a oposição.

Ou seja, enquanto um atua para desmontar a bomba, o outro aciona o botão do explosivo.

Uma reflexão racional sobre o tema ajudaria a consertar a enviesada premissa, que resulta no equívoco da conclusão: a de que a imprensa protege a oposição enquanto se dedica ao esporte de azucrinar o governo.

Não é fato a alegada indiferença em relação às crises do tucanato. Nos primeiros três meses de 2006, o noticiário foi quase todo ocupado pela briga de foice em torno da escolha do candidato à Presidência da República.

Nos meses seguintes, as divergências e deficiências da campanha de Geraldo Alckmin estiveram no centro da cena. Só deixaram a berlinda quando apareceu o dossiê dos aloprados, uma produção governista.

Ao longo dos últimos anos há vários e recorrentes exemplos. Quanto mais se sentem fortalecidos, mais o presidente e o PT partem para o confronto, terreno fértil para o passo em falso.
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