O vício do populismo
Editorial da Folha:
O PROBLEMA com o populismo econômico é que, embora seus feitiços possam funcionar por certo tempo, as políticas adotadas acabam criando dificuldades ainda maiores que as originais, as quais pretendiam superar.
É o que se vê agora na Venezuela.
O presidente Hugo Chávez, a fim de satisfazer e ampliar sua base de apoio, vem há anos aumentando os gastos em toda sorte de programas sociais.
O risco dessa política é que, se ela não for bem dosada -e não foi-, converte-se em fonte de pressão inflacionária.
Para debelá-las, Chávez, bem a seu estilo, optou pela solução mais tonitruante: o controle de preços. Foi seu segundo erro.
A Venezuela padece de grave desabastecimento e acumula inflação alta, de 7,1% no primeiro trimestre. Em 2007 a carestia foi de 22,5%, a maior do continente.
Nenhum empresário de bom senso faz novos investimentos num ambiente em que é o governo, e não o mercado, que fixa os preços. Já chegam a 400 os produtos e serviços com valor tabelado.
A situação deve piorar, pois a resposta de Chávez às dificuldades crescentes tem sido a estatização de cadeias produtivas. Só em 2008, ele nacionalizou duas gigantes do setor de alimentos e agora fala em encampar as três empresas que produzem cimento, as quais acusa de sabotar seu programa de construção de habitações populares.
O presidente, entretanto, não se contenta em nacionalizar. Também costuma fazer populismo tarifário com as companhias recém-adquiridas. Foi assim com as telefônicas, encampadas em 2007. Sua primeira medida foi baixar o valor das tarifas.
A popularidade de Chávez está caindo - perdeu o referendo de dezembro, que lhe daria mais poderes. Por isso, é provável que intensifique suas mágicas econômicas, agravando ainda mais os problemas dos venezuelanos.
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É no que dá querer reinventar a roda. Ruim com mercado, pior sem ele. Ruim com estabilização, pior com inflação. Ruim com a lei de oferta/procura, pior com tabelamento.
Essa história de "socialismo do século 21" é papo furado. Pudera, com os mesmos métodos (populistas, autoritários) já fracassados no século 20.
Ora, não se inventou nada que orientasse consumidores e produtores como a velha lei de oferta e procura.
Se o pepino subir, os consumidores, por economia, tendem a substituí-lo por chuchu, abobrinha, sei lá. E os produtores, para aproveitar o preço alto, tendem a plantar mais. E o equilíbrio logo se refaz.
No tabelamento, o produtor é "obrigado" a produzir, mesmo que tenha prejuízo financeiro. Quem faz isso? Só bobo pensa que empresário produz na marra com prejuízo.
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