quinta-feira, junho 14, 2007

LIBERDADE E IGUALDADE
A equação que 1789 [Revolução Francesa] nos legou conecta, em equilíbrio instável, as duas utopias paralelas da política contemporânea: liberdade e igualdade.
A fonte da liberdade sacia a sede dos partidos liberais e conservadores, que depositam a sua fé na virtude do mercado e temem a tirania do Estado. A fonte da igualdade sacia os social-democratas, que denunciam o 'horror econômico' e reescrevem sem cessar a cartilha do planejamento. A política democrática é um diálogo interminável entre as utopias concorrentes. O intercâmbio nunca acaba porque todos concordam que nenhuma das fontes deve secar.
O comunismo nasceu da proposição de desconectar as utopias paralelas, sacrificando toda a liberdade no altar da igualdade perfeita. Essa revolta contra a 'cidade' de 1789 não compreendeu, de início, as suas próprias implicações: Karl Marx e Rosa Luxemburgo dedicaram textos inspirados à defesa de uma liberdade sem adjetivos, que 'é a essência do homem' (Marx) e 'é sempre a liberdade daquele que pensa de modo diferente' (Luxemburgo). Mas, incontida, a perversão evoluiu rumo ao seu fim lógico e a liberdade foi definida como abominação. Stalin, Mao, Pol Pot e pilhas de cadáveres atestam o sentido histórico da proposição original. DEMÉTRIO MAGNOLI, NO ESTADÃO

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