DITADURAS QUE PETISTAS GOSTAM E JUSTIFICAM
Hélio Schwartsma, FOLHA
Agenda cubana
SÃO PAULO - A expectativa era que a presidente Dilma Rousseff,
ex-presa e torturada, não abordasse a questão dos direitos humanos em
sua viagem a Cuba. Mas ela decidiu falar e, jogando um pouco de
relativismo -mencionou violações em Guantánamo e no Brasil-, acabou por
coonestar o regime castrista. É pena.
Embora nenhum país apresente credenciais impecáveis nessa seara, não dá
para ignorar a diferença de natureza entre sociedades abertas, como EUA e
Brasil, e regimes despóticos, como Cuba. Basta lembrar que os ilhéus
não são livres para entrar e sair do país na hora em que bem quiserem,
como ocorre nas democracias.
O fato de a ditadura cubana não ser tão sanguinária quanto congêneres
africanas e asiáticas não justifica seu autoritarismo, especialmente
porque ele é desnecessário no que diz respeito aos dois ou três sucessos
que a revolução logrou obter.
Por mais que deploremos certas práticas de Fidel Castro, é forçoso
reconhecer que ele fez um bom trabalho em saúde e educação. A
Universidade de Havana não compete com Harvard, mas praticamente todos
os cubanos sabem ler e frequentaram a escola básica, o que não é regra
no Caribe nem em algumas nações bem mais ricas.
Já na saúde, os indicadores de Cuba, se não muito manipulados, são
melhores até que o de algumas regiões dos EUA. O segredo é prevenção e
atendimento primário. A coisa muda de figura quando se necessita de
intervenções de alta complexidade, hipótese em que é melhor estar nas
mãos de um médico americano.
Até os dirigentes cubanos já se deram conta de que o modelo comunista é
inviável e vêm adotando, ainda que timidamente, uma série de reformas
liberalizantes. Dilma poderia ajudar a levar esse processo a um desfecho
benigno, deixando claro que o respeito aos direitos humanos é um
princípio universal que até aliados cobram. E deve mostrar a mesma
intransigência quando estiver nos EUA e, principalmente, no Brasil.
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