segunda-feira, março 08, 2010

DOIS ARTIGOS SOBRE FENAÇÃO

FONTE 
terça-feira, 17 de fevereiro de 2004
Feno de Gramíneas: Processo de Produção Passo a Passo
Por
Ana Clara R. Cavalcante*
O processo de produção de feno envolve uma série de passos que vão desde a escolha da espécie até seu armazenamento. Cada passo é caracterizado por particularidades para que ao final do processo seja produzido um feno de qualidade.
Passo 1 – Escolha da espécie
Cultivar gramíneas com elevada produtividade e qualidade, presença de colmos finos e alta proporção de folhas, possibilitando uma secagem mais uniforme e consequentemente a produção de um feno de qualidade. É importante também que a espécie escolhida seja tolerante a cortes, bem como apresente estrutura que facilite o uso de instrumentos mecânicos ou manuais para o corte. São espécies indicadas: Tifton, Coast cross e Gramão.
Passo 2 – Escolha e Preparo da Área
1. Recomenda-se que de preferência o produtor possua uma área exclusiva para a produção de feno. A área deve ser preparada previamente, no final da época seca, para no início das águas se estabelecer.
2. Pode-se também aproveitar o excedente de pasto do final das chuvas. Caso use esta opção sugere-se fazer um rebaixamento do pasto com roçadeira ou pastejo intensivo ainda na época das águas. Após isso, adubar o pasto e esperar até que este esteja no ponto de fenar.
Passo 3 – Ponto de Corte
1. Cortar quando a planta estiver na sua fase plena de vegetação. Nesse ponto há grande quantidade de folhas o que contribui para a produção de um feno de alta qualidade;
2. O corte deve ser realizado em intervalos de quatro a seis semanas, durante a época das águas, onde há maior crescimento do capim e maior disponibilidade de forragem excedente. A altura do corte deve ficar entre 10 e 5 cm de distância do solo.
3. Cortar a forragem pela manhã, após a evaporação do orvalho.
Passo 4 – Corte Propriamente Dito
O corte pode ser feito de duas maneiras: manual ou mecânica.
1. Manual ou Artesanal – Só é recomendado quando se vai fazer pequenas quantidades de feno. O corte da gramínea pode ser feito com alfanje, roçadeira costal motorizada ou motossegadeira manual.
2. Mecânica – Utilizado na produção de grandes quantidades de feno. Usa-se a segadeira para o corte da forrageira e ancinho para espalhar e enleirar a forragem.
Passo 5 – Processo de Secagem
Quando são cortadas, as gramíneas possuem de 75 a 85% de umidade. Ao fim do processo de secagem o feno deverá estar com teor de umidade inferior a 20%. Para acelerar e uniformizar a secagem é necessário que se façam viragens na forragem cortada uma a duas vezes ao dia. Os instrumentos utilizados para fazer essa viragem variam de acordo com o processo:
Artesanal – O revolvimento e viragem da forragem devem ser feitos com uso de garfo ou ferramenta semelhante.
Mecânica – O ancinho deve ser utilizado nas operações de viragem da forragem
Enleira-se a forragem com baixa umidade, ficando desta forma durante a noite. No dia seguinte deve-se, logo que o orvalho seque, virar as leiras. As leiras devem ser frouxas para permitir a circulação de ar no seu interior.
Em boas condições de ventilação e insolação em no máximo três dias já é possível obter feno.
Passo 6 – Ponto do Feno
O feno está no ponto ideal quando:
1. Ao apertar os entrenós do caule não há umidade, ou seja, não sai água!
2. Ao torcer uma porção de forragem, a mesma se desfaz lentamente e não há eliminação de água!
ATENÇÃO!!!
- Se ao apertar os nós e ou torcer uma porção de capim e estiver saindo água, o feno ainda não está pronto, precisa ficar mais um tempo secando!
- Se torcendo uma porção de capim a mesma está quebradiça, o feno passou do ponto, ou seja, secou mais do que o necessário. Nessa situação, o produtor terá um feno de menor qualidade.
Passo 7 –Armazenamento
1. No processo mecânico ao atingir o ponto de feno, utiliza-se uma máquina enfardadeira para a confecção dos fardos;
2. No processo manual o feno pode ser armazenado em medas, em sacos, ou ainda enfardado artesanalmente, com uso de caixas de madeira (prensa artesanal) ou enfardadeira manual e barbante.
3. O local de armazenamento deve ser fresco e seco. O armazenamento no campo, principalmente na região Nordeste onde há alta insolação, acarreta em perdas do valor nutritivo do material.
Passo 8 – Uso
1. Um bom feno deve apresentar cor esverdeada, semelhante ao da planta que o originou, odor agradável, ausência de bolores e elevada relação folha:caule. Estas características conferem boa aceitação por caprinos, ovinos e bovinos.
2. Antes de usar o feno é preferível passar numa máquina picadeira ou forrageira para proporcionar melhor aproveitamento pelos animais. É importante que seja triturado, porém, nunca transformado em pó.
3. A quantidade a ser oferecida dependerá do plano nutricional de cada propriedade.
* Pesquisadora da Embrapa Caprinos
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O que é importante saber sobre fenação
Zootec. Dr. Sérgio Savastano
Dextru – Divisão de Extensão Rural
FONTE: CATI
O que é feno?

Feno é a forragem conservada mediante uma forte desidratação. Retirando-se a água da forragem, ela pode ser armazenada por muito tempo sem se estragar, e mantém todo seu valor nutritivo. Em nosso meio, geralmente o feno pode ser feito no próprio campo, utilizando-se para a desidratação somente a energia do sol e do vento, sem necessidade de galpões ou máquinas secadoras.

Para que fazer feno?

Na seca, a pastagem não consegue fornecer ao gado alimentação farta e de boa qualidade.

Para evitar que a produção do gado diminua nessa época, é necessário reservar forragens na época "das águas".

O feno é um dos melhores recursos para isso, principalmente para aqueles pecuaristas que desejam ter uma exploração intensiva, de alta produção, tanto de gado leiteiro como de corte. Eqüinos, ovinos, caprinos e búfalos também apreciam o feno de boa qualidade.

Etapas da fenação

A produção de feno na propriedade consiste em 4 operações: ceifa, viragem, enleiramento e enfardamento.

Quando a quantidade a ser produzida é pequena, o feno pode ser feito a mão, utilizando-se ferramentas como alfanje e garfo. Para armazenar pequenas quantidades, o produtor pode construir facilmente uma enfardadeira manual, ou ainda estocar a produção a granel.

Para produzir quantidades maiores, deve-se usar equipamentos próprios, que permitem mecanizar completamente o processo de fenação. Tais implementos diminuem a mão-de-obra e o tempo gasto com as operações.

A velocidade da desidratação é um dos fatores mais importantes para se produzir feno de boa qualidade. Em dias quentes, ensolarados, com vento e baixa umidade no ar, o feno pode ser produzido em apenas um dia, ou pouco mais. O produtor deve acompanhar os boletins meteorológicos da sua região, e só fazer a ceifa quando a previsão for de tempo bom para os próximos dias.

No dia da fenação, deve-se esperar levantar o orvalho. Depois, a forragem ceifada
precisa ser revolvida diversas vezes, para facilitar a ação do sol e do vento na seca-gem da massa. Ao final do dia, caso a forragem ainda não tenha atingido o "ponto de feno", ela deve ser enleirada, desfazendo-se as leiras na manhã seguinte. Diante da possibilidade de chover sobre a massa ceifada, convém fazer também o enleiramento, para diminuir a lavagem da forragem cortada pela água da chuva.

Ponto de feno

No instante da ceifa, a forragem contém aproximadamente 85% de umidade. Com as sucessivas viragens e afofamentos, ela vai sendo "curada", até atingir 12-15% de umidade, que é o chamado "'ponto de feno". Na prática, reconhece-se esse ponto torcendo um feixe da forragem: não deve verter água.

Deve-se também cravar a unha nos nós dos talos, de onde saem as folhas. Se o nó apresentar consistência de farinha, sem umidade aparente, o feno já está pronto, restando enfardá-lo e armazená-lo em local ventilado, a salvo da chuva.

Os melhores fenos são obtidos dos capins que têm mais folhas do que talos, tais como o pangola, pensacola, quicuio, estrela, bermudas (coast-cross, tifton etc),rodes e jaraguá. Também podem ser feitos com leguminosas como a alfafa, centrosema, estilosantes etc, desde que com cuidado, para evitar que as folhas se desprendam do caule e se percam durante o processo de fenação.

Qualquer que seja a planta a ser fenada, a ceifa deve ser realizada no ponto em que o teor de nutrientes na planta é máximo. Nos capins, isso ocorre com 35 a 45 dias de vegetação. Antes desse ponto, a planta tem umidade demais. Depois disso, ela se encontra "passada", excessivamente fibrosa. Nas duas situações, o valor nutritivo não é o ideal.

Prado de feno

Nas propriedades que podem mecanizar a produção de feno, deve ser escolhida uma área de solo fértil, plana, e sem tocos, pe dras, cupins e formigueiros. O solo deve ser muito bem corrigido com calcário e fosfato.
 
É possível produzir até 4 toneladas de feno por hectare, por ano, fazendo-se adubações de manutenção após cada corte, durante a estação de crescimento da forrageira (estação das águas). Na época da seca, deve-se pastorear o gado no prado de feno, para aproveitar a forragem produzida nesse período e, ao mesmo tempo, fazer uma adubação orgânica, através das fezes e urina dos animais.

As plantas invasoras precisam ser combatidas no prado de feno, porque dificultam a desidratação da forragem e diminuem o valor nutritivo e comercial do feno.
Recomenda-se que o prado de feno seja constituído por apenas uma espécie forrageira.

Deve-se evitar, também, o rodízio do prado por toda a área ocupada pela pastagem: isso complica a necessária preparação e manutenção do prado.

O pecuarista deve lembrar-se, ainda, que a fenação representa uma grande retirada de fertilizantes do solo. Desse modo, deve consultar o técnico da Casa da Agricultura, que recomendará as adubações corretas, evitando que o prado perca rapidamente sua capacidade de produção.

Uso do Feno

O feno de melhor qualidade é aquele que provém de forragem cortada no ponto ideal e curada rapidamente. É um feno ideal para bezerros e outras categorias mais exigentes do rebanho. Quando a forragem cortada está "passada" ou toma chuva, o feno apresenta qualidade inferior e deve ser reservado às categorias menos exigentes do rebanho.

Em condições normais, 5kg de feno por dia são suficientes para suplementar a alimentação de uma vaca adulta. Portanto, um hectare corretamente conduzido pode fornecer feno para suplementar 6 vacas durante quatro meses de seca. O pecuarista faz um bom negócio, quando consegue fenar todo o excedente de capim produzido na estação das águas.

Mesmo que seu gado não venha a consumir todo o feno produzido, é relativamente fácil vender o excesso para terceiros, desde que seja um produto de boa qualidade.

Na Casa da Agricultura, outras informações estão à disposição do produtor.  

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