quinta-feira, outubro 01, 2009

CRISE EM HONDURAS

O fundamento legal omitido

Por Dalmo de Abreu Dallari em 30/9/2009, Observatório da Imprensa

Quando a imprensa afirma que um ato de autoridade foi inconstitucional ou ilegal deve apontar qual o artigo da Constituição ou da lei que foi desrespeitado, para permitir aos destinatários da notícia sua própria avaliação e uma possível reação bem fundamentada. De modo geral a ofensa à Constituição e às leis é sempre grave, num Estado Democrático de Direito. A par disso, toda a cidadania tem o direito de controlar a legalidade dos atos das autoridades públicas e para tanto precisa estar bem informada.

Um caso atual e patente de imprecisão nas informações está dificultando ou distorcendo a avaliação dos acontecimentos de Honduras. Grande parte da imprensa brasileira apresenta o presidente deposto Manuel Zelaya como vítima inocente de golpistas, mas quase nada tem sido informado sobre os aspectos jurídicos do caso.

Uma omissão importante, que vem impedindo uma avaliação bem fundamentada dos acontecimentos, é o fato de não ter sido publicada pela imprensa a fundamentação constitucional precisa da deposição de Zelaya, falando-se genericamente em "golpistas" sem informar quem decidiu tirá-lo da presidência, por que motivo e com qual fundamento jurídico. Esses elementos são indispensáveis para a correta avaliação dos fatos.

Alternância obrigatória

Com efeito, noticiou a imprensa que a Suprema Corte de Honduras ordenou que o Exército destituísse o presidente da República. É surpreendente e suscita muitas indagações a notícia de que ele foi deposto pelo Exército por ordem da Suprema Corte. Pode parecer estranha a obediência do Exército ao Judiciário para a execução de tarefa que afeta gravemente a ordem política, o que, desde logo, recomenda um exame mais cuidadoso das circunstâncias, para constatar se o que ocorreu em Honduras foi mais um caso de golpe de Estado.

É necessária uma análise atenta, para saber de onde vem a força da Suprema Corte para ordenar a deposição de um presidente eleito e ser obedecida pelo Exército. A par disso, é importante procurar saber por que motivo e com que base jurídica a Suprema Corte tomou sua decisão e ordenou ao Exército que a executasse.

Segundo o noticiário dos jornais, o presidente deposto havia organizado um plebiscito, consultando o povo sobre sua pretensão de mudar a Constituição para que fosse possível a reeleição do presidente da República, sendo oportuno observar que este seria o último ano do mandato presidencial de Zelaya.

Ora, está em vigor em Honduras uma lei, aprovada pelo Congresso Nacional, proibindo consultas populares 180 dias antes e depois das eleições – e estas estão convocadas para o mês de novembro. Foi com base nessa proibição que a consulta montada por Zelaya foi declarada ilegal pelo Poder Judiciário.

Um dado que deve ser ressaltado é que a Constituição de Honduras estabelece expressamente, no artigo 4º, que a alternância no exercício da Presidência da República é obrigatória. Pelo artigo 237 o mandato presidencial é de quatro anos, dispondo o artigo 239 que o cidadão que tiver desempenhado a titularidade do Poder Executivo não poderá ser presidente ou vice-presidente no período imediato.

Informações incompletas

Outro ponto de extrema relevância é que a Constituição hondurenha não se limita a estabelecer a proibição de reeleição, mas vai mais longe. No mesmo artigo 239, que proíbe a reeleição, está expresso que quem contrariar essa disposição ou propuser sua reforma, assim como aqueles que o apóiem direta ou indiretamente, cessarão imediatamente o desempenho de seus respectivos cargos e ficarão inabilitados por dez anos para o exercício de qualquer função pública.

Reforçando essa proibição, dispõe ainda a Constituição, no artigo 374, que não poderão ser reformados, em caso algum, os artigos constitucionais que se referem à proibição de ser novamente presidente. Essa é uma cláusula pétrea da Constituição.

Foi com base nesses dispositivos expressos da Constituição que a Suprema Corte considerou inconstitucional a consulta convocada pelo presidente da República e fez aplicação do disposto no artigo 239, afastando-o do cargo.

Note-se que a Constituição é omissa quanto ao processo formal para esse afastamento, o que deve ter contribuído para um procedimento desastrado na hora da execução. Tendo em conta que o respeito à Constituição é fundamental para a existência do Estado Democrático de Direito, não há dúvida de que Zelaya estava atentando contra a normalidade jurídica e a democracia em Honduras. A falta de informações completas e precisas sobre a configuração jurídica está contribuindo para conclusões apressadas que desfiguram a realidade.

12 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Cháve é “ditador” e Michelleti, “interino” ?!Esse pessoal da mídia é mesmo muito cara-de-pau, não? Será que há alguém tão incapaz de pensar por si só que não nota que qualquer cara feia que Hugo Chávez faça em seu país é motivo para chamarem-no de “ditador” e, enquanto isso, o fascista hondurenho Roberto Michelleti é um ditador pronto e acabado e, assim mesmo, chamam-no de “interino”?

9:30 AM  
Anonymous Anônimo said...

Mais uma vitória de Lula
Vitória do Rio alavanca Dilma e Sérgio Cabral para 2010

Viva o Rio de Janeiro! Nossa cidade verdadeiramente maravilhosa agora terá mais chance de resgatar parte de suas mazelas, se os governantes souberem aproveitar com sabedoria a oportunidade de sediar os Jogos Olímpicos.

2:58 PM  
Anonymous Anônimo said...

O bloqueiro Júlio Falcão "testou uma hipótese" que se encaixa muito bem nessa história do vazamento das provas do ENEM. Vejamos: As provas foram impressas por uma gráfica do Grupo Folha de São Paulo, a Gráfica Plural e o Estadão foi quem deu o furo jornalístico.Assalta-me uma dúvida: por que o meliante, filho de desembargador, não ofereceu o produto do crime à Folha de São Paulo? A razão é simples. Ia dar muito na cara se a Folha de São Paulo publicasse uma notícia sobre vazamento de provas impressas numa das empresas de seu Grupo Empresarial, a Gráfica Plural, por isso o jornal escolhido pela Folha foi o Estadão, uma das organizações mafiosas do PIG.

2:59 PM  
Anonymous Anônimo said...

Qual será que foi a reação do Serra depois dessa vitória do Lula,na Suiça??Dá até prá imaginar!

3:13 PM  
Anonymous Anônimo said...

Agora cedo(dia02/09)o LULA fez um inteligente discurso na Suiça,que até a bióloga e apresentadora Ana Maria Braga o elogiou dizendo para todo o Brasil que dá gosto de ser brasileiro com um Presidente como o Lula!

3:14 PM  
Anonymous Anônimo said...

ASSISTA O MELÔ DO SERRA: http://www.youtube.com/watch?v=32N7fZfCmk4&feature=player_profilepage#t=137

3:16 PM  
Anonymous Anônimo said...

"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer)

3:19 PM  
Anonymous Anônimo said...

Mostre-me um jornal que fale bem de Lula que te mostro um jornal estrangeiro

5:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

E a HORTÊNCIA DISSE:"O PRESIDENTE LULA FEZ A DIFERENÇA,ELE É O CARA". O RIO DE JANEIRO É ESCOLHIDO SEDE DA OLIMPÍADA DE 2016. O EVENTO SE DARÁ NO SEGUNDO MANDATO DE DILMA ROUSSEFF.VIVA O PRESIDENTE LULA!

VIVA A PRESIDENTE DILMA!

VIVA O RIO DE JANEIRO!

VIVA O BRASIL!

5:47 PM  
Anonymous Anônimo said...

PRESIDENTE LULA,VAIADO PELOS CARIOCAS NA ABERTURA DO PAN,MOSTRA QUE NÃO TEM RANCOR QUE SÓ TEM AMOR NO CORAÇÃO

PRESIDENTE LULA , UM HOMEM PARA SER REVERENCIADO POR TODOS OS BRASILEIROS.

UM HOMEM MUITO ACIMA DE CÉSAR MAIA E SEU FILHO IDIOTA RODRIGO MAIA.

VÃO VAIAR AGORA , SEUS IMBECIS ?

5:49 PM  
Anonymous Anônimo said...

LULA DISCURSA PARA GLOBO AO VIVO.ESPERAMOS QUE NÃO HAJA CORTES NO Jornal Nacional.

5:50 PM  
Anonymous Anônimo said...

- A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmem Lúcia decidiu suspender nesta tarde a posse de todos os suplentes de vereadores, que estavam assumindo cadeiras nas Câmaras Municipais do País com base na emenda constitucional que aumentou sete mil vagas nos legislativos dos municípios.
Carmem Lúcia deferiu um pedido de liminar feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que contesta, numa ação protocolada nesta semana no STF, a posse desses vereadores. Além do procurador, a Ordem dos Advogados do Brasil Nacional (OAB)protocolou no STF uma ação que também questiona a emenda.

A decisão tomada hoje pela ministra deverá ser submetida, nos próximos dias, ao plenário do STF a quem caberá referendar ou não a decisão.

5:53 PM  

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