A participação direta de membros do governo no processo eleitoral antecipado prejudica o funcionamento da administração pública.
A avaliação é do cientista político Leôncio Martins Rodrigues, professor aposentado da USP e da Unicamp:
— A burocracia estatal atinge índices mais elevados de racionalidade quanto mais distante estiver de interesses personalísticos e político-partidários.
Segundo o cientista, as democracias anglo-saxônicas são as que mais se aproximam do ideal da separação do público e do privado. O mesmo quadro não se repete em países latinos:
— Nos países latinos de formação católica, que são mais burocráticos e menos desenvolvidos, o Estado é quase sempre ocupado por partidos que nada mais são do que expressão de grupos familiares e clientelísticos.
Não é por acaso que a democracia, nesses países, funciona de modo precário.
Ainda segundo ele, no Brasil, a prática da colonização do Estado por interesses privados ou por grupos econômicos sempre existiu em nossa História, especialmente no período de participação política limitada: — A diferença, agora, é que o aparelho estatal está sendo ocupado principalmente por grupos partidários, capitaneados pelo PT.
O historiador Marco Antonio Villa, da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), considera que até março o Brasil terá um governo mais voltado para os interesses eleitoreiros que os de gestão, principalmente diante das últimas filiações e das manifestações de intenções eleitorais do presidente do Banco Central (Henrique Meirelles) e dos ministros (Celso Amorim, Tarso Genro, Fernando Haddad e a própria Dilma Rousseff): — O governo Lula tem feito várias inovações, e essa é uma delas: essa correria dos membros do governo acabará interferindo na atividade do governo.
Isso com certeza causa prejuízos à rotina administrativa. Eu acho isso muito negativo.
Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia política da Unicamp, diz que recomenda prudência ao presidente do Banco Central, Henrique Meireles, e ao ministro das Relações Exteriores, chanceler Celso Amorim, que se filiaram, respectivamente, ao PMDB e PT. Para ele, quanto mais alto o posto na escala do Estado, mais cuidado as autoridades devem ter nas relações com o Executivo.
— Essas pessoas destilarão desconfiança no Estado, afinal, a carga de assuntos sigilosos e importantes tanto do Itamaraty quanto do Banco Central é altíssima — avalia Romano, para quem qualquer risco à democracia é dissolvido com a conduta discreta dessas autoridades.
O professor de Ética da Universidade de Brasília (UNB) Ubirajara Calmon Carvalho chamou a atenção para o cuidado que as autoridades devem ter para "não misturar os campos", mas ponderou que todo cidadão tem o direito amplo de tomar suas decisões políticas.
— A filiação política é facultada às autoridades. O errado não é pertencer politicamente a um partido, mas se corromper eticamente — avaliou ele, argumentando que falta no país um acompanhamento mais rígido sobre os que exercem cargos públicos.
O cientista político Fábio Wanderley Reis, da UFMG, acha que é muito difícil estabelecer o limite entre o eleitoral e o eleitoreiro.
Ele não vê problemas nas filiações e acha que, em tese, governar é fazer campanha.
— Mas há o risco de conflito de interesse. |
1 Comments:
Dizem que brasileiro não tem memória e esquece atos políticos muito rapidamente conforme o seu interesse.Então vamos lá: O Senador Heráclito Fortes DEM-PI(aquele que parece que tem alguma coisa na boca), empregou a FILHA DO FHC por muito tempo sem que ela precisasse sair de casa,isto é de São Paulo.Procurem esse asunto na internet que vai aparecer até a foto da dita cuja.A GLOGO PIG-64 deu pouca importancia ao assunto porque a moçoila não é filha do Lula.Vejam só!!
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