Chantagem e vingança agravam crise no Senado
Congresso em Foco
Tropa de choque de Sarney intimida senadores que pedem seu afastamento da presidência com ameaça de revelações de atos supostamente comprometedores. Embate com tucanos tem sabor de revanche para Renan
Gim Argello (dir.) acredita que a situação está pior e, por isso, propôs reunião para apaziguar os ânimos |
Desde que o Senado passou a enfrentar a crise gerada por uma sucessão de denúncias, três palavras têm sido constantemente repetidas nos bastidores e nos microfones pelos parlamentares: chantagem, máfia e vingança. Juntas, elas lançam uma luz sobre os motivos que resultaram na troca de xingamentos ocorrida ontem (6) entre o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). A combinação tem servido para agravar ainda mais a tensão política na Casa.
A partir do momento em que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tornou-se alvo de denúncias nos jornais, a oposição recorreu a discursos e representações para forçar o peemedebista a deixar o cargo. Ao subir o tom das investidas, os opositores não esperavam, entretanto, que aliados de Sarney virassem o jogo e partissem com toda força ao ataque.
“O clima é de chantagem, de intimidação”, afirmou ao Congresso em Foco o senador José Nery (Psol-AL), um dos líderes informais do bloco suprapartidário que pede a saída de Sarney da presidência. A resposta é uma referência à tática de centrar fogo na oposição utilizada por aliados do peemedebista. “Senadores estão sofrendo chantagens aqui. Conclamo a eles que venham a público explicitar essa situação”, discursou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) em plenário ontem.
Pelo menos quatro senadores receberam recados de aliados de Sarney. Caso não baixassem o tom dos discursos, sofreriam com representações no Conselho de Ética do Senado. São eles: Cristovam, Tasso, Alvaro Dias (PSDB-PR) e Sérgio Guerra (PSDB-PE). Nenhum deles, entretanto, admite explicitamente a pressão. “O Renan inclusive mandou um bilhete para a gente hoje [ontem] dizendo que não estava fazendo nada nesse sentido”, respondeu Alvaro.
Cristovam Buarque, porém, admitiu ao Congresso em Foco que “todos estão sendo chantageados”. “Ou, pelo menos, pré-chantageados”, observou. O pedetista explicou que “insinuações” com relação a supostas irregularidades envolvendo a oposição são ventiladas nos bastidores. A intenção é intimidar os parlamentares. Mesmo assim, ele voltou a defender a renúncia do peemedebista da presidência. “Se continuar do jeito que está, o clima vai pegar fogo, vai continuar o ano inteiro assim.” MAIS
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