"Insinuar que PT E PSDB são farinha do mesmo saco é tática para desmoralizar a política e impedir que o eleitor faça uma escolha fundamentada"
FHC, no Estadão:
Por que, então, ampliar a investigação para alcançar o governo anterior? Haveria, ou há, uma hipótese: se no curso das investigações se viesse a esbarrar com algo errado ocorrido no passado. Não foi o caso, pelo menos até agora. Então por quê? Para politizar as investigações e usar duas táticas: dizer, ameaçadoramente, "olha que eu investigo você também" ou insinuar que os dois governos são "farinha do mesmo saco". A tática de igualar tudo desmoraliza a política e impede que o eleitor faça uma escolha fundamentada: sendo todos iguais, dá no mesmo votar em qualquer um.
(...)
FHC, no Estadão:
Por que, então, ampliar a investigação para alcançar o governo anterior? Haveria, ou há, uma hipótese: se no curso das investigações se viesse a esbarrar com algo errado ocorrido no passado. Não foi o caso, pelo menos até agora. Então por quê? Para politizar as investigações e usar duas táticas: dizer, ameaçadoramente, "olha que eu investigo você também" ou insinuar que os dois governos são "farinha do mesmo saco". A tática de igualar tudo desmoraliza a política e impede que o eleitor faça uma escolha fundamentada: sendo todos iguais, dá no mesmo votar em qualquer um.
(...)
O que me revolta é o clima de que "todos são iguais". Tal generalização não pode ser aceita passivamente, sob pena de ficarmos sempre a esperar um salvador da pátria, puro e incorruptível (que geralmente se corrompe no poder), pois "os que estão aí" são todos iguais.
Na política não há anjos ou demônios, mas há homens públicos de diferentes qualidades morais e estas contam. Podem não contar eleitoralmente, mas contam para a construção de um país mais decente. Somos falíveis, naturalmente, podemos errar.
Mas acobertar o que é crime, chamando-o de engano, é incentivá-lo.
Desrespeitar a Comissão de Ética do próprio governo chamando suas advertências de "bobagem" é nivelar por baixo, confundindo o justo com o delituoso.Isso tudo leva à descrença na democracia. Vivemos um paradoxo: o de uma sociedade cada vez mais vigiada (pelos órgãos do Estado, pela mídia, pela internet, etc.) e cada vez menos capaz de distinguir condutas e de punir crimes. Pior, o de uma sociedade cada vez mais indiferente à transgressão, como conseqüência da impunidade. A anomia chegou a tal ponto que denúncias em tribunais estrangeiros sobre propinas dadas a personalidades da administração não provocam sequer a reação retórica do acusado, que nem se dá ao trabalho de dizer: vou processar o caluniador.
Enquanto isso o presidente da República, permanentemente no palanque, se dá ao desplante de distorcer e enganar o povo, menosprezando tudo o que foi feito por seus antecessores, apresentando-se como o único político que "ajudou os pobres", gabando-se da inauguração da casa cujos alicerces e paredes se construíram com sua oposição constante.
Cinismo igual a República nunca viu.MAIS
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home