quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Itapeva vai exportar polpa

Parceria com indústria e trading torna viáveisenvios mensais de mix de frutas para a República Dominicana
Cláudio Rostellato, Estadão de 14/02
A Federação dos Produtores Orgânicos do Sudoeste Paulista (Faosp), que engloba agricultores da região de Itapeva, está fechando contrato para exportar entre 25 e 200 toneladas de polpas congeladas de nove tipos de frutas ao mês. O negócio é resultado do sucesso da primeira experiência, que enviou cem toneladas de polpas de morango, laranja e goiaba para a República Dominicana entre setembro de 2005 e outubro de 2006.
A qualidade da polpa agradou tanto que os clientes estiveram no início de janeiro em Itapeva para conhecer o sistema de produção e tratar da adequação dos produtos para os novos lotes. O novo acordo prevê o envio 25 toneladas do mix de frutas em tambores de 200 litros ainda este mês. Depois, as remessas deverão ser entre 25 e 200 toneladas mensais por mais de dois anos.
'As primeiras cem toneladas em dois anos representam muito quando se trata de produtos orgânicos. Agora, além da quantidade, o prazo do contrato é bem mais longo', afirma Marcelo Chahim, da Mellon Trading Exports, que cuida da exportação.
Segundo ele, as nove variedades de frutas - uva, laranja, morango, papaia, goiaba, acerola, amora, abacaxi e manga - irão compor seis misturas diferentes de sucos especiais e sorvetes para clientes da Bom Agro Industrial, a importadora dominicana que atende também aos Estados Unidos.
Para Aroldo Chudek, administrador da Cooperorgânica, cooperativa criada pelos produtores para comercialização dos produtos, os valores do novo acordo deverão ser superiores aos pagos nas primeiras remessas. 'As primeiras cem toneladas foram vendidas a US$ 2,30 o quilo, agora deverá ficar em torno de US$ 2,50, valor pago no Brasil, por causa da mistura de frutas".
Entre os produtores a expectativa com o novo canal é das melhores. A produção de legumes e verduras já lhes assegura tranqüilidade com relação à comercialização e recebimento, pois antes mesmo da colheita já podem planejar quanto vão faturar. No caso das polpas de frutas a situação é ainda melhor. A Mellon Trading paga assim que a mercadoria é embarcada no Porto de Santos.
Chahim diz que o horizonte promissor está fazendo com que os agricultores ampliem a produção e se esforcem para se adequar às regras internacionais. Todos são certificados pelo Instituto Biodinâmico (IBD) e pela Federação Internacional de Agricultura Orgânica (Ifoam).
Segundo o engenheiro agrônomo Paulo Lucio Martins, diretor da Faosp, 25 dos 90 produtores federados estão com pomares em produção, mas a tendência é que todos passem a produzir. 'Cada um deverá observar e explorar a potencialidade climática de sua propriedade para produzir as variedades mais condizentes.'
Martins afirma que, além da conscientização dos produtores, as parcerias foram fundamentais para o sucesso da agricultura orgânica da região. Cita como exemplo o apoio do Sebrae, das prefeituras, da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e das parcerias com empresas como a Agro Ioshi, que processa e armazena os produtos, e a Mellon Trading, que cuida da logística de exportação.
NOVA PARCERIA
Além do mercado internacional, os produtores poderão ter um grande comprador doméstico. Recentemente a Faosp recebeu a visita de diretores da Natura, uma das maiores no País no ramo de cosméticos, que planeja entrar no mercado de alimentos orgânicos. O objetivo foi avaliar a viabilidade de uma parceria comercial com os agricultores orgânicos da região de Itapeva.

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