terça-feira, fevereiro 27, 2007

FALÊNCIA DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
Como sempre, a Folha do Sul (link ao lado) de sábado traz um lúcido editorial. Para os itapevenses, um alerta. Para todos, mais uma revelação de como é difícil quebrar feudos políticos tão enraizados nos grotões acostumados a confundir o patrimônio público com o privado.
É que, pela primeira vez, a prefeitura de Itapeva está fazendo pregões eletrônicos em compras. Pela primeira vez fez concurso público (embora seja uma velha exigência constitucional!).
No esperneio, os patrimonialistas pisoteiam os princípios democráticos e republicanos essenciais à boa governança - uns por pura esperteza e má-fé, outros por ignorá-los.
Vale a pena ler o editorial:
A falência das instituições públicas, a degeneração da política como atividade de cidadania e o apodrecimento do tecido social acelerado pelo efeito Gerson - aquele do jeitinho de levar vantagem em tudo - têm produzido aberrações culturais que é de arrepiar os cabelos.
Quando se poderia imaginar que um dia haveria a necessidade de conscientizar a população no sentido de justificar a importância dos concursos públicos, a obrigatoriedade de cobrança de impostos atrasados dos contribuintes ou mesmo as vantagens de realização dos pregões eletrônicos?
Pois é o que parece estar ocorrendo hoje em dia.
Quando uma prefeitura promove concurso público, sobram críticas dos que não foram aprovados, que prometem vingança eleitoral e ensaiam críticas ao ‘desemprego’ gerado. Esquecem que a população tem direito aos melhores serviços e que isso, via de regra, passa pela contratação de profissionais competentes. Quando uma municipalidade ingressa na justiça para cobrar impostos inscritos na dívida ativa, logo chovem críticas por parte daqueles que já se habituaram a se locupletar graças aos desmandos administrativos, esquecendo-se que há uma Lei Fiscal a ser cumprida a bem do interesse público.
Quando uma municipalidade adota pregões eletrônicos, logo aparecem as viúvas dos apaniguados a lamentar o fim da mamata, alegando que o comércio local está sendo prejudicado.
Quando uma municipalidade adota a Lei Seca e a Lei do Silêncio, uma minoria ruidosa logo se arvora no direito de condenar tais medidas, sempre em nome da pseudo manutenção de empregos e de alternativas para os jovens.
Quanta mediocridade! Até mesmo setores da imprensa, quase sempre movidos a contracheques, escorregam nessa areia movediça alimentada pelo interesse imediatista e, quase sempre egoísta, quando não ególatra.
É preciso conclamar os homens e as mulheres de bem que formam essa imensa maioria silenciosa a se manterem alertas contra este tipo de atitude no mínimo equivocada.
Há que se preservar os interesses coletivos que garantem a convivência harmoniosa entre as pessoas, o respeito à individualidade de cada um e, sobretudo, os valores da cidadania em seu sentido mais amplo.
Fora disso - não se iludam os incautos - só impera o faroeste, a lei da bandidagem, o poder imperial. É preciso ter coragem cívica para romper com os velhos hábitos e recriar novas atitudes dignas.
É preciso ter integridade e não apenas da boca pra fora!
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