PAC E ANTIGÜIDADE
Fishlow diz que PAC lembra políticas dos anos 60 e 70
O economista Albert Fishlow, diretor do Centro de Estudos Brasileiros e do Instituto de Estudos Latinoamericanos da Universidade de Columbia, em Nova York, vê a ênfase nos gastos públicos do Programa de Aceleração do Crescimento como uma “tentativa de voltar ao passado”.
“Todo mundo lembra bem do fim década de 60, década de 70, quando havia grandes investimentos públicos”, afirmou em entrevista à BBC Brasil.
Ele lembra que, naquela época, a consequência negativa do volume elevado de investimentos públicos foi o aumento da inflação.
“Agora, o governo quer investimentos públicos e ao mesmo tempo preservar a estabilização.Esta combinação é bem interessante, mas difícil de conseguir”, diz ele.
Do total de investimento, mais da metade – R$ 287 bilhões – devem vir dos cofres públicos, do Orçamento da União e das estatais. Outros R$ 216,9 bilhões seriam investidos pelo setor privado.
Analisando as medidas do PAC, ele diz que não consegue ver elementos que indiquem um crescimento do PIB de 4,5% para este ano e de 5% ao ano para os três próximos, como prevê o estudo do Ministério da Fazenda.
“Não tem lógica que indique como vai se dar este grande pulo”, afirmou.
Fishlow diz que existe um consenso entre especialistas de que é necessário investimento público especialmente na área de infra-estrutura, mas diz que o governo também precisa atrair investimento privado.
O problema é que, para atrair investimento privado, o governo precisa reduzir seus gastos e também aliviar a carga tributária, itens que não foram suficientemente contemplados no PAC, na avaliação do economista.
“O incentivo maior para o investimento privado seria uma redução planejada, contínua, dos gastos públicos e dos impostos”, afirmou.
O maior problema da economia brasileira, segundo ele, é que os gastos do governo estão em torno de 40% do PIB, enquanto a carga tributária é de 38%.
“O plano não trata disso. Só prevê algumas reduções de impostos para incentivar alguns investimentos”, diz.
Alguns setores, como habitação e produção de TVs digitais e microcondutores, terão redução de impostos para incentivar a produção. (BBC)
Antigamente, o governo pouco gastava com educação e saúde (maioria da população morava na zona rural). Por isso, mesmo com carga tributária bem mais baixa (menos da metade da atual), sobrava dinheiro para o governo fazer empresas (CSN, Petrobrás etc) e alavancar a industrialização.
Agora é diferente. Embora a carga tributária esteja nas alturas, há insuficiência no atendimento das demandas (crescentes) por serviços de saúde, educação, segurança etc. Claro, má gestão também contribui.
A pergunta é: deve o Estado deixar de lado tais demandas (como antigamente) para priorizar o investimento em empresas públicas, coisa que o capital privado pode fazer, sabe fazer e faz melhor?
Entendeu a razão do cheiro de atraso?
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