ESTADÃO: Para crescer, o Brasil precisa de investimentos. Por que a taxa de investimentos não cresce se já nos livramos da hiperinflação que era a responsável pela estagnação antes da reforma monetária de 94?

PASTORE: Afora o efeito negativo derivado da ausência de reformas microeconômicas, que sinalizem aos empresários os incentivos corretos, há um problema que vem se agravando: a política fiscal.

Represente a economia com um bolo de três fatias: a do consumo do governo, a do consumo privado e a dos investimentos. Se o governo aumenta a sua fatia, as outras duas têm que declinar, e a grande vítima do crescimento do setor público têm sido os investimentos.

O anglicismo dos economistas define este processo como 'crowding-out'. Ele não atua somente com o aumento da carga tributária reduzindo a fatia do setor privado, mas também com o crescimento dos gastos pressionando a dívida pública e elevando a taxa real de juros. ÍNTEGRA

Se o bolo não crescer, fica difícil (e o bolo não cresce há 26 anos). O danado é que só existe um fermento de crescimento: investimentos. Mas com esses juros nas nuvens ... dólar barato ... Justiça demorada ... burocracia ... corrupção ... simpatia ao chavismo ... quem se anima a investir?