ENTREVISTA do médico Claudio Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, que escreveu o livro "A Saúde Brasileira Pode Dar Certo" (Ed. Atheneu, 125 págs., R$ 40), a ser lançado amanhã, a partir das 19h, na livraria Fnac da avenida Paulista. O objetivo é mostrar que um atendimento médico de qualidade, sustentável e acessível à população pode ser conseguido, desde que se usem ferramentas adequadas de gestão e que se aplique a máxima que orienta a obra: "Na saúde não se cortam gastos, mas desperdícios". (LAURA CAPRIGLIONE)
FOLHA - Na vida de um cidadão pobre, os problemas são a falta de hospitais e de medicamentos...
LOTTENBERG - Não são. São de gestão também. A gente assistiu há pouco, no debate eleitoral, a uma competição entre candidatos para ver quem construiria mais hospitais, quem distribuiria mais medicamentos. É claro que, em regiões longínquas do país, ainda é necessário inaugurar hospital. Mas veja o caso de São Paulo. A cidade tem mais de 30 hospitais, 15 na esfera municipal, subordinados à Secretaria Municipal da Saúde. Nesses hospitais, o tempo médio de permanência do paciente é superior a 11 dias. Em hospitais privados, entre os quais o nosso, o tempo médio de permanência é de 4,4 dias. O índice de giro dos hospitais privados é de 7 a 8, o que significa que, num mesmo leito, passam de 7 a 8 pacientes por mês. Nos hospitais públicos é um terço disso. Diante desses dados, vem a pergunta: o que é que está faltando? É leito? Ou é performance? Na minha visão, é performance.
FOLHA - E como resolver isso?
LOTTENBERG - A gente tem hoje um modelo de assistência à saúde que é "hospitalocêntrico".
A gente acha que o hospital é a porta de entrada -o que é um erro, porque se trata de uma estrutura muito cara.
No mundo todo, a medicina está se ambulatorizando.
Não são mais necessários tantos leitos. Há dez anos, o tempo médio de permanência em um hospital americano era de 5,6 dias. Hoje, mais de 60% dos pacientes nos hospitais americanos ficam menos de cinco horas sendo atendidos. O que se necessita no fundo é melhorar a performance: hospitais mais enxutos, processos ambulatoriais acontecendo onde têm de acontecer -nos ambulatórios- e uma maior integração com outras formas de assistência, de modo a que o hospital deixe de ser uma casa de longa permanência. Os hospitais não são locais para isso." ÍNTEGRA
É bem o que ocorre aqui na região da Pedra Chata. Os postos de saúde não funcionam. Muitos nem médicos tem (o governo Cavani fez concurso público para contratar médicos, mas o salário oferecido era tão defasado que ninguém quis assumir o cargo; há médicos indo para Taquarivaí ou Nova Campina, que pagam melhor!).
Aí cai tudo na Santa Casa. Agüenta?
PS-1: A Câmara bem que poderia comprar livros do doutor sobre gestão na saúde para distribuir para os vereadores e autoridades municipais.
PS-2: Prefeito Cavani, que tem fama de bom administrador, bem que poderia dar mais atenção à Saude, que já era feia (bota feio nisso) e continua. Dar força ao secretário Denilson, que segundo o vereador e médico Dr. Ulysses Tassinari, está sendo boicotado:
"Eu cansei de falar para o secretário que tem gente boicotando na linha de frente." (Folha do Sul de sábado)
Funcionários? Médicos? Quem boicota?
Prefeito, bota os boicotadores para correr!
E pague o merecido aos profissionais dedicados. Para poder exigir.
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