ENTREVISTA COM O PROFESSOR LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA
Estadão
"Não nos esqueçamos de que a ortodoxia também se manifesta numa coalizão de interesses formada pelos rentistas, que vivem dos juros altos, pelo setor financeiro, que vive das comissões, pelas empresas multinacionais, que querem câmbio baixo, e pelos nossos concorrentes lá fora, que nos dão conselhos através do FMI e do Banco Mundial. É difícil desatar este nó.
É possível formar outra coalizão?
Sim. Mas isso só será viável se os empresários industriais continuarem a mudar de posição como vêm fazendo. Eles foram classe dirigente no Brasil desde 1930 até 1986, ou seja, até o Plano Cruzado. Dilson Funaro foi o último líder deles. A partir de então, deixaram de fazer parte da elite dirigente brasileira. Sei que a Fiesp continua importante, o Iedi foi criado em 1988, mas os empresários perderam influência. Pediram política industrial, proteção ao produto nacional e não foram ouvidos. Tudo bem, o Brasil precisava de abertura comercial, mas tal como as coisas foram feitas, viemos bater nessa estagnação.
Agora o discurso dos empresários é outro. Eles já não falam tanto em política industrial, nem tanto em proteção comercial. Estão mais preocupados com taxas de juros e câmbio. Passaram a pensar em termos macroeconômicos, sabendo que têm condições de competir internacionalmente. Essa é a descoberta. Só cometam um erro, a meu ver." LEIA MAIS
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