domingo, novembro 26, 2006

Falta de controle: corrupção
Artigo publicado na Folha do Sul de sábado passado
Sebastião Loureiro
Dá um frio na barriga saber que virou rotina o Tribunal de Contas reprovar contas da administração municipal. Ano após ano, sempre a mesma coisa - a última foi de 2003.
O pior é que a população não demonstra nenhuma indignação. Bovinamente, aceita a coisa como normal, natural. “Política é assim mesmo”, ecoam conformados e ingênuos, sem perceber que estão fazendo o jogo dos espertos, sem atinar que se trata de dinheiro dos mais pobres. Talvez sem saber que corrupção tem causa muito bem conhecida: falta de controle!
Puxa vida, por acaso as decisões políticas e administrativas são tomadas por um ente distante e desconhecido? Elas não são tomadas por homens e mulheres de carne e osso, da própria comunidade, a quem juraram servir?
O pior é que nem a Câmara Municipal mexeu uma palha para prevenir tamanho disparate. Como se Legislativo não fosse criado justamente para controlar e fiscalizar as ações do Executivo – antes, durante e depois. Como se vereadores não fossem representantes da comunidade, e bem remunerados, exatamente para zelar pela boa administração, com poderes para dar um “chega pra lá” quando necessário.
A bem da verdade, a atual Câmara merece elogios por desvendar o modus operandi (contra a “tropa-de-choque” que esperneou para tentar melar a investigação), conforme relatório da CEI DO FUNDEF, presidida com determinação pelo vereador Paulo de la Rua.
No entanto, a Câmara, pelo que se sabe, continua não entendendo, ou não querendo encarar de frente uma função que é dela: institucionalizar e organizar a “função fiscalizadora”, sobretudo para prevenir.
Desanima ver a relação de cargos que a Câmara está preenchendo por concurso. Não pelos cargos comuns e necessários em repartições, como motorista, guarda, faxineiro, telefonista, escriturários. Mas cadê os cargos específicos de um Legislativo atuante e independente: advogado, contador , auditor, esses profissionais indispensáveis para assessorar os vereadores no desempenho das funções legislativas e fiscalizadoras?
Repare só nos cargos “específicos” que a Câmara está contratando, e verifique se não seriam mais condizentes com uma empresa de mídia: cargos para jornalista, profissionais de web, internet, vídeo e fotografia!
E tome divulgação – que a eleição vem aí! Pena que desconsiderem todo o triste passado e continuem se negando a fazer a lição de casa.
Sebastião Loureiro, do Blog República (http://republicasim.blogspot.com/)
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