ENTREVISTA COM O MARQUETEIRO DO PRESIDENTE LULA, JOÃO SANTANA
Veja como vendedores de sabonete criam personagens e imagens para os políticos. Um trecho da entrevista sobre a "PRIVATIZAÇÃO":
Folha - A forma como o assunto [privatização] foi usado não se prestou a deseducar o eleitor? Propagou-se a noção de que a privatização em si é algo ruim...
Santana - Foi deseducativo de acordo com determinado ideário. Para o "consenso de Washington", sim. No Brasil, para alguns setores, revigorou-se um sentimento cívico. Não faço juízo de valor, mas o fato é que a privatização se apresenta no imaginário brasileiro com uma série de emoções políticas que poderiam ser, do ponto de vista tático, utilizados pela gente.
Folha - Sim, mas estamos aqui falando de uma percepção dos eleitores, do imaginário da população, não necessariamente do que de fato ocorreu. Nesse sentido, não é desonesto se beneficiar de uma idéia geral que vigora na sociedade? Algo que possivelmente o próprio presidente da República sabe que não é a verdade completa?
Santana - Não. Eu trabalho com o imaginário da população. Em uma campanha nós trabalhamos com produções simbólicas. Não considero que exista aí desonestidade, pois o tema foi, pelo menos, discutido. É bom que a população fale e reflita sobre esses temas. No primeiro turno, analisando as pesquisas, eu vi que essa discussão poderia ser retomada. Enxerguei ali um "monstro vivo" que poderia ser jogado.
Folha - Mas se foi só uma tática para encurralar o adversário fica então reforçada a tese de que houve uma certa desonestidade intelectual. Ou, para usar a expressão do candidato tucano, uma "mentirobrás"?
Santana - Não é bem assim. Para começar, o presidente não foi reeleito por causa da polêmica sobre privatização. E essa até foi uma tática sobre a qual eu tinha dúvidas sobre o efeito. O fato é que adversário teve a oportunidade de responder. Mas não o fez. Tivesse ele uma resposta pronta, objetiva, o impacto teria sido reduzido.Por exemplo, o Alckmin poderia mostrar objetivamente o uso de telefones, de computadores, de internet. Uma crônica escrita por um simpatizante tucano me deliciou. Ele se queixava da falta de coragem dos tucanos de enfrentar os debates. E até dizia que o Lula se apropriava dos argumentos e benefícios da privatização. Onde tinha celular? No programa do Lula. Onde tinha computadores? No programa do Lula. Dei gargalhadas quando li isso.
Folha - Em resumo, pelo que o sr. diz, não houve desonestidade porque o candidato tucano se recusou a responder?
Santana - Exatamente. Podemos dizer que houve duas fugas de debate extremamente negativas por parte dos candidatos. A de Lula, no primeiro turno, quando não foi ao debate promovido pela Rede Globo. A segunda fuga de debate ocorreu quando Geraldo Alckmin não quis debater a privatização.A nossa fuga foi um fato objetivo, pois houve o debate num lugar e horário pré-determinados. Mas o erro foi consertado no segundo turno, com Lula indo a todos.A fuga deles foi mais metafórica, pois a discussão foi recusada pela campanha tucana. Pegou na veia."
Santana - Não. Eu trabalho com o imaginário da população. Em uma campanha nós trabalhamos com produções simbólicas. Não considero que exista aí desonestidade, pois o tema foi, pelo menos, discutido. É bom que a população fale e reflita sobre esses temas. No primeiro turno, analisando as pesquisas, eu vi que essa discussão poderia ser retomada. Enxerguei ali um "monstro vivo" que poderia ser jogado.
Folha - Mas se foi só uma tática para encurralar o adversário fica então reforçada a tese de que houve uma certa desonestidade intelectual. Ou, para usar a expressão do candidato tucano, uma "mentirobrás"?
Santana - Não é bem assim. Para começar, o presidente não foi reeleito por causa da polêmica sobre privatização. E essa até foi uma tática sobre a qual eu tinha dúvidas sobre o efeito. O fato é que adversário teve a oportunidade de responder. Mas não o fez. Tivesse ele uma resposta pronta, objetiva, o impacto teria sido reduzido.Por exemplo, o Alckmin poderia mostrar objetivamente o uso de telefones, de computadores, de internet. Uma crônica escrita por um simpatizante tucano me deliciou. Ele se queixava da falta de coragem dos tucanos de enfrentar os debates. E até dizia que o Lula se apropriava dos argumentos e benefícios da privatização. Onde tinha celular? No programa do Lula. Onde tinha computadores? No programa do Lula. Dei gargalhadas quando li isso.
Folha - Em resumo, pelo que o sr. diz, não houve desonestidade porque o candidato tucano se recusou a responder?
Santana - Exatamente. Podemos dizer que houve duas fugas de debate extremamente negativas por parte dos candidatos. A de Lula, no primeiro turno, quando não foi ao debate promovido pela Rede Globo. A segunda fuga de debate ocorreu quando Geraldo Alckmin não quis debater a privatização.A nossa fuga foi um fato objetivo, pois houve o debate num lugar e horário pré-determinados. Mas o erro foi consertado no segundo turno, com Lula indo a todos.A fuga deles foi mais metafórica, pois a discussão foi recusada pela campanha tucana. Pegou na veia."
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