Dom de iludir
Dora Kramer, no Estadão
"Oscila entre a franqueza absoluta e a desfaçatez total a entrevista do publicitário João Santana a Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, em que o responsável pela campanha de Lula assume sem problemas o dom de manipular impressões e emoções.
Nunca antes neste país um marqueteiro reconheceu tão abertamente que a campanha eleitoral é feita de truques, não raro dissonantes da realidade.
Dois trechos chamam atenção de modo especial na exposição de suas teorias sobre comunicação política.Uma dessas teses alimenta no 'imaginário popular', como ele diz, as figuras do Lula 'fortão' - o pobre que virou poderoso e assim serve como referência às expectativas de ascensão - e o Lula 'fraquinho' - acionado quando sofre ataques 'e o povo pensa que é um ato das elites para derrubá-lo'.
Quer dizer, lança-se mão de mistificações pautadas em sentimentos captados por pesquisas e a realidade dos fatos fica à mercê de quem sabe ludibriar melhor.
É o tipo da conduta que não se corrige com reforma política. É questão de princípios. Ou se tem ou não se tem."
O engraçado é que agora o governo diz querer mudar a política econômica para buscar o crescimento. Exatamente como a oposição defendia e o candidato-presidente dizia que não era necessário!
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