De vitórias e derrotas
Antropólago Roberto Damatta, no Estadão
"Findo o rito eleitoral, chegamos à legitimação do vencedor e - no sistema liberal no qual (gostando ou não) vivemos - do vencido que legitimou e sustentou o triunfo do ganhador.A notória dificuldade brasileira de competir tem impedido enxergar melhor vitórias (e derrotas) como as duas faces de uma mesma moeda dos regimes abertos e igualitários.
Mas o avanço é indiscutível.
O novo governo Lula, apesar da retórica, manteve a agenda do governo de FHC com a vantagem de não ter uma oposição petista. O lulo-petismo, agora com o PMDB, fará guinadas em direção ao realismo político reacionário do familismo fantasiado de 'governabilidade' e de entendimento nacional. Impossível desejar um fracasso do Plano Real, das privatizações e do fim da inflação.
Impraticável também - a menos que se pense novamente num plano B ou num golpe - não desejar uma discussão sobre as regras do jogo num momento em que Lula exerce um mandato sem reeleição e tem elos estruturais com um partido com um enorme passivo moral.
Ou seja, tudo o que foi feito pelos tucanos transforma-se de 'herança maldita' em gloriosa realidade.
Finalmente chegamos pela primeira vez à nossa modernidade à brasileira aos grandes denominadores comuns que formam a base dos tais ciclos virtuosos. Um patrimônio louvável, sem o qual não se faz uma nação moderna.
Esse é o alicerce que promoverá a substituição da aliança entre patrimonialismo estatal e populismo pela política fundada na liberdade e na igualdade.
Para tanto, porém, deve-se estar consciente do papel dos vitoriosos e dos derrotados num regime democrático que, a despeito de nossas cabeças leninistas e familísticas, morre sem eles." LEIA MAIS
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