terça-feira, setembro 26, 2006

A NEGAÇÃO DA POLÍTICA

Um amigo me passou um jornal de campanha, de 8 páginas, de Itaberá. Estão lá o prefeito, o vice, os secretários, vereadores, ex-prefeitos. Parece que todo mundo está lá. Pedindo votos para uma chapa completa: governador, presidente, senador e principalmente deputados, “grandes amigos de Itaberá, parceiros nas principais obras de infra-estrutura, e por aí vai.”

Ok, todo mundo tem direito de apoiar quem quiser.

O que não podem é negar a essência da política!

Vejam a que ponto chegamos. Abaixo de uma foto do prefeito com ex-prefeitos está escrito: “As possíveis divergências políticas e ideológicas dos líderes políticos itaberaenses são deixadas de lado e se transformam em ponto comum no apoio a....”

Ora, a boa e democrática política (administração da cidade) é feita necessariamente com o concurso de pelo menos duas correntes políticas que se alternam no poder e também – olhem só – se alternam na oposição, ou seja, na fiscalização da aplicação dos recursos públicos!

Daí me arrepio com “união” de políticos, seja onde for. É que a “união” normalmente é feita em cima de distribuição de cargos entre todos! Muitas vezes é um cala-boca!

PS: informa-se que o prefeito, esperto, está fazendo o que seus colegas fazem: escalam, na surdina (uns nem tanto), alguns vereadores para fazer campanha de candidatos de partidos “adversários”, sempre de olho nas prometidas emendas individuas de verbas para a cidade!

PS-1: As anti-republicanas emendas individuais de deputados estão destruindo a autonomia política e administrativa dos municípios. Se os municípios têm direito ao dinheiro (e têm), porque não é repassado automaticamente, e o município decide autonomamente como aplicá-lo, com a devida fiscalização da oposição?

Ah! Mas aí quem vai fazer campanha para os deputados-padrinhos-amigos-emendeiros?

Entendeu a lógica da anti-política lá de cima que está contribuindo para piorar a administração das cidades?

Santo Deus, oficializaram o toma-lá-dá-cá.

A cidade só ganha com uma oposição fiscalizadora. Coisa rara. No Brasil, ou a “oposição” adere ou é radicalmente contra tudo!
Nota: até onde sei, os candidatos não estão envolvidos em escândalos, têm posição política e ideológica definida, defendem a democracia. Se merecem o voto é por tais qualidades - políticas, não porque arrumaram verbas, que nada mais é do que direito do município. Mas o jornal de campanha nada disse sobre a posição política deles, só falou nas verbas para obras!

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