VELHA ESQUERDA
A velha esquerda culpava os proprietários privados pela desigualdade social e a concentração de renda.
A velha esquerda propunha a estatização da propriedade – fábricas e fazendas seriam administradas por burocratas do governo e por trabalhadores. O lucro seria distribuído entre todos, por critérios definidos pelo governo.
Não deu certo. Houve sérios problemas na produção, entre outros sérios problemas. A União Soviética comunista se desmanchou, caiu de madura (simbolizada pela queda do Muro de Berlim em 1989).
A China desistiu e aderiu ao capitalismo. A coletivização das fazendas desorganizou a produção agrícola chinesa e o governo interrompeu o projeto.
A esquerda falhou? Sim, a velha esquerda falhou completamente. Governa ditatorialmente um e outro pais. Há viúvas do regime aqui e ali.
Mas há uma outra esquerda, bem diferente. Moderna e antenada com os novos tempos. A esquerda moderna e democrática participa ativamente da política nos países democráticos: Inglaterra, França, Suécia, Alemanha, Japão, Canadá, EUA, etc.
A esquerda moderna divide a sociedade de outra maneira: incluídos e excluídos. O objetivo é que todos sejam incluídos.
A esquerda moderna reconhece a propriedade privada e defende sua função social. Que haja concorrência para baratear os preços. Que haja lucro e o lucro seja reinvestido para criar mais renda e emprego.
O foco da esquerda moderna está no orçamento público: que o dinheiro dos impostos seja aplicado preferenciamente a favor dos mais pobres.
A esquerda moderna defende a cobrança de mais impostos para ampliar a rede de proteção social dos mais pobres.
Evidentemente que há um limite para a cobrança dos impostos, acima do qual o desempenho das empresas fica prejudicado.
É aí que entra a direita moderna. A direita moderna defende a cobrança de impostos menores, para que as famílias e as empresas possam investir mais, criando mais emprego e renda.
Mas nem uma nem outra são contra o mercado, as empresas, a livre concorrência e a rede de proteção social.
Como se vê, a esquerda moderna e a direita moderna são quase iguais. A diferença é pequena, de grau, e está ficando cada vez menor. Daí que quando muda o governo, as mudanças são suaves, o país não vira de ponta-cabeça.
Isso é bom. Porque nas verdadeiras democracias o projeto não é dos partidos. O projeto é dos eleitores, é do povo. Se os partidos parecem que são iguais, é sinal de que o povo está influindo no processo político.
A função de governo democrático é essa mesma: escutar a opinião do povo, respeitar suas prioridades.
O que o povo quer da vida? O povo quer emprego, renda, serviços públicos de qualidade, rede de proteção social para os momentos difíceis de doença, desemprego, velhice etc.
O povo sabe que essas coisas são difíceis, demoradas, exigem esforço e trabalho, não caem do céu. Sabe que essas coisas dependem tanto de empresas lucrativas e robustas como de governo que redistribua eficazmente o dinheiro dos impostos.
É por isso que nas democracias o povo ora vota na esquerda moderna, ora vota na direita moderna. O que se busca é o equilíbrio entre produção e distribuição.
A democracia tem dado certo: os países com maior Índice de Desenvolvimento Social (IDH) – que mede a renda média, a escolaridade e a longevidade - são todos democráticos, governados em alternância pela esquerda moderna e direita moderna.
Conclusão: muito mais importante do que os partidos de esquerda ou de direita são as instituições democráticas. Porque são as instituições democráticas que possibilitam que eventuais erros de partidos sejam corrigidos.
PS: o discurso da velha esquerda é muito parecido com o discurso da esquerda moderna (e com o dos populistas), mas as concepções de cada um são completamente diferentes!
Tão diferentes, que uma esquerda não gosta da outra.
Populistas são os demagogos que enganam o povo, prometem o que não podem entregar.
Leia neste blog o artigo do filósofo Tambosi ESTADO VERSUS MERCADO?
Marcadores: Política artigos
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