COLUNA DO SPC

Ainda não foi desta vez

            Volta e meia um dono de jornal, todo poderoso, acha que pode eliminar minha coluna do cenário jornalístico itapevense, onde ela é bem recebida pelos leitores há mais meio século; quer me eliminar talvez por contrariar interesse pessoal, ou para atender pedido de algum político amigo, não sei; seja como for a coluna balança, mas não cai, pois, no frigir dos ovos, um dono de jornal mais inteligente e profissional deixa fluir o bom-senso jornalístico e o espírito democrático de respeito à livre expressão do pensamento, abrindo espaço para minha coluna. E para vender mais jornal, claro.

Neste semanário não foi o dono quem me afastou, ano passado, o afastamento se deu por livre vontade deste escriba entojado. Não dava para continuar contra o candidato do dono do jornal, era falta de ética e escrúpulo, então, ao ver a coluna cortada pelo meio, recebi o recado e percebi que era hora de puxar o carro. Mas aqui estou de volta, até quando não sei, pois além do humor dos donos de jornal, enfrento a dúvida se vale a pena continuar com a coluna numa cidade onde ninguém liga pra nada. Meus leitores, até meus amigos (com exceção de algum mais corajoso), não levantaram uma palha para denunciar a censura; total falta de espírito democrático e solidário.

                                             Câmara começa com a corda toda

 Após quase um ano de ausência fui assistir à terceira sessão da nova Câmara itapevense, e gostei. Gostei porque vi vereadores com brilho nos olhos, agitados, cheios de vontade de trabalhar, coisa que há muito tempo não se via na Câmara. Vi vereadores denunciando malfeitos da gestão passada, que passaram batido pelos colegas da época, como o malfadado contrato com a empresa de transporte Jundiá, lesivo aos cofres da Prefeitura (só o vereador Marmo Fogaça votou contra, na ocasião). Era assim que antes funcionava a Câmara, a maioria dos vereadores fechava os olhos a fim de deixar o prefeito Cavani à vontade, sem amolação. As únicas exceções eram a dupla Margarido e Comeron, que a duras penas faziam uma oposição solitária, e a vereadora Áurea, que, apesar de apoiar o prefeito, sempre trabalhou no interesse da população.  

Quanto aos novatos, o vereador Jeferson Modesto (PMDB) está surpreendendo muita gente ao se revelar um vereador dinâmico, combativo, que não fica quieto na cadeira, a todo instante ele levanta e fala com um, fala com outro, articula, gesticula, faz careta, sorri, faz sinais com a mão; pisando duro foi à tribuna com calhamaço de papeis, levantou acima da cabeça, chacoalhando, e dizendo que queria uma CEI a fim de apurar dezenas de compras das secretarias municipais da gestão anterior, sem licitações ou empenhos. Há quanto tempo não se faz uma CEI na Câmara? Muuuuuito tempo.

 Esperar pra ver se esse ímpeto legislativo do vereador Jé não é turbinado pela estreia; será que, mais adiante, ele não vai arriar a bruaca e se perder na capação?

                                                   Dez estava de bom tamanho

Pelo que se viu, até agora, dez vereadores seriam suficientes, porquanto, apenas meia dúzia deles tem mostrado serviço, os demais assistem de camarote os colegas fazer o dever de casa. Nada contra, democracia é assim mesmo, uns poucos falam pela maioria. Espera-se, contudo, que no decorrer do tempo, a observação e os problemas municipais levem os novatos a tomar iniciativas e dar sua contribuição nos trabalhos. Tem vereador que não vai dar nada, mas tem outros que podem dar muito.

A agitação nos trabalhos da Câmara deve-se mais aos reeleitos (o Jé é exceção). Acredita-se que esta legislatura vai ser melhor que a anterior (até porque pior não é possível). Imagine o leitor que o vereador Eliel “brigou” para fazer parte da CEI; dá para acreditar? Quando se viu isso no passado? Recorda-se que o Comeron teve de suar a camisa para conseguir a terceira assinatura para a sua falecida CEI das apostilas da Educação. Novos tempos? Até agora os trabalhos da Câmara têm sido só para resolver os “pepinos” da gestão anterior, só. O mais curioso é que ninguém menciona o nome Cavani. Por que será? Novo prefeito, nova Câmara, será que agora vai? Oremos

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