sábado, novembro 19, 2011

COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA

É preciso casar, já
            Casamento entre homem e mulher ultimamente vem sofrendo declínio, mas, em compensação, entre homem com homem e, até, mulher com mulher, vem aumentando dia a dia. Sinal dos tempos, diria a vovó. Mas não vou defender, aqui, a instituição do casamento como forma de coonestar a união de macho e fêmea. Nem as outras.
            Minha abordagem será meramente política. Antes de fincar pé no tema, porém, gostaria de lembrar que os sociólogos mais eminentes atribuem ao povo brasileiro a índole de conservador, embora existam amplos setores de modernidade nos grandes centros. Nós, cá da província, sabemos quanto Itapeva é conservadora, ainda respiramos o ar bucólico dos velhos coronéis e adoramos rodeios. Mas voltando ao nosso tema.
O casamento é uma das instituições mais antigas, por isso, integra o rol de valores de toda sociedade e é um dos critérios de avaliação do caráter das pessoas, como responsabilidade, compromisso, solidariedade, estendendo-se para ética, moral, honestidade. Note-se que a maioria dos políticos bem-sucedidos é casada, vive bem com a mulher e os filhos. Ou faz de conta que vive bem. Há exceções, claro, como toda regra, mas só em situações em que a falta de parceiro deve-se a fatores imponderáveis, e não por opção pessoal, que é socialmente condenável.
            Nas eleições de 1989, Lula perdeu a eleição e o rumo no debate televisivo, quando Collor se referiu à filha dele, fora do casamento; Orestes Quércia, solteirão assumido, teve sorte de se eleger prefeito de Campinas, mas para eleição de governador casou-se (a contragosto, dizem) com a médica Alaíde; não sei se tiveram filhos (doutor Monteiro sabe); Gilberto Kassab, outro renitente solteirão, prefeito da Capital, também teve sorte de ser vice de Serra (ambos de cidades grandes).
                                    Politicamente incorreto?
Em uma cidade conservadora, como Itapeva, campanha eleitoral, polarizada, o candidato casado, que vive com a família e os filhos, leva vantagem sobre o solteiro, ou separado da mulher, ou amigado. A afirmação pode ser injusta e preconceituosa, mas é a nossa realidade. Para se precaverem contra isso, virtuais candidatos a prefeito (separados da mulher) vivem repetindo que não se pode misturar vida pessoal com a política. Balela. Tem que se misturar, sim, cidadão e candidato são indissociáveis, são a mesma pessoa, portanto, carregam dentro de si as mesmas qualidades e defeitos, ademais, o cidadão-eleitor cuidadoso avalia um candidato, sobretudo, por sua conduta social e familiar, pois é nesse contexto que transparece o seu verdadeiro caráter. Todavia, é bom ressalvar, que o eleitor, às vezes, se engana, pois já tivemos prefeito corrupto, que em oito anos fez uma limpa nos cofres da Prefeitura, apesar de ser casado e viver com a família. Mas esse era esperto, enganava até Pedro Malasarte. Eis uma exceção à regra, que não invalida nossa tese. Por isso, cuidado.
Mas existe outra preocupação séria em relação aos prefeitos garanhões. Não é difícil imaginar o que um prefeito Rasputin, mulherengo, pode gerar de desconforto e falatório em uma prefeitura. Os anais da história registram o que se comenta à boca pequena: se o sofá do gabinete do prefeito falasse, o reino de Pedra-chata tremeria.
            O tema merece outra reflexão, também politicamente incorreta: na hora de se decidir o lançamento de candidato a prefeito, tem que se levar em conta o seu estado civil, senão, corre-se o risco de ver o dito cujo amargar a derrota a despeito de suas qualidades. A família é o núcleo da sociedade e guardiã dos valores inalienáveis que a norteiam. Está no inconsciente coletivo, o cidadão que não cumpre o sagrado compromisso de cuidar, com responsabilidade, da própria família, não pode assumir compromisso eleitoral, responsável, de cuidar dos interesses de uma população. Estará mentindo para si e para o eleitor. Simples, assim.
            Este escriba ateu tranquiliza os candidatos “solteiros”: casem-se, a vida de casada é boa, ajuda a pensar, a superar obstáculos, a concretizar objetivos, pois está casado há 55 anos com a mesma mulher e os problemas de relação são resolvidos com amor e compreensão (sem tapas). Tem três filhos, quatro netos e três bisnetos, lindos.
Meditem nisso, candidatos, e feliz lua-de-mel. E não exagerem.

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