COLUNA DO SPC, NO JORNAL A GAZETA
É preciso casar, já
Casamento entre homem e mulher ultimamente vem sofrendo declínio, mas, em compensação, entre homem com homem e, até, mulher com mulher, vem aumentando dia a dia. Sinal dos tempos, diria a vovó. Mas não vou defender, aqui, a instituição do casamento como forma de coonestar a união de macho e fêmea. Nem as outras.
Minha abordagem será meramente política. Antes de fincar pé no tema, porém, gostaria de lembrar que os sociólogos mais eminentes atribuem ao povo brasileiro a índole de conservador, embora existam amplos setores de modernidade nos grandes centros. Nós, cá da província, sabemos quanto Itapeva é conservadora, ainda respiramos o ar bucólico dos velhos coronéis e adoramos rodeios. Mas voltando ao nosso tema.
O casamento é uma das instituições mais antigas, por isso, integra o rol de valores de toda sociedade e é um dos critérios de avaliação do caráter das pessoas, como responsabilidade, compromisso, solidariedade, estendendo-se para ética, moral, honestidade. Note-se que a maioria dos políticos bem-sucedidos é casada, vive bem com a mulher e os filhos. Ou faz de conta que vive bem. Há exceções, claro, como toda regra, mas só em situações em que a falta de parceiro deve-se a fatores imponderáveis, e não por opção pessoal, que é socialmente condenável.
Nas eleições de 1989, Lula perdeu a eleição e o rumo no debate televisivo, quando Collor se referiu à filha dele, fora do casamento; Orestes Quércia, solteirão assumido, teve sorte de se eleger prefeito de Campinas, mas para eleição de governador casou-se (a contragosto, dizem) com a médica Alaíde; não sei se tiveram filhos (doutor Monteiro sabe); Gilberto Kassab, outro renitente solteirão, prefeito da Capital, também teve sorte de ser vice de Serra (ambos de cidades grandes).
Em uma cidade conservadora, como Itapeva, campanha eleitoral, polarizada, o candidato casado, que vive com a família e os filhos, leva vantagem sobre o solteiro, ou separado da mulher, ou amigado. A afirmação pode ser injusta e preconceituosa, mas é a nossa realidade. Para se precaverem contra isso, virtuais candidatos a prefeito (separados da mulher) vivem repetindo que não se pode misturar vida pessoal com a política. Balela. Tem que se misturar, sim, cidadão e candidato são indissociáveis, são a mesma pessoa, portanto, carregam dentro de si as mesmas qualidades e defeitos, ademais, o cidadão-eleitor cuidadoso avalia um candidato, sobretudo, por sua conduta social e familiar, pois é nesse contexto que transparece o seu verdadeiro caráter. Todavia, é bom ressalvar, que o eleitor, às vezes, se engana, pois já tivemos prefeito corrupto, que em oito anos fez uma limpa nos cofres da Prefeitura, apesar de ser casado e viver com a família. Mas esse era esperto, enganava até Pedro Malasarte. Eis uma exceção à regra, que não invalida nossa tese. Por isso, cuidado.
Mas existe outra preocupação séria em relação aos prefeitos garanhões. Não é difícil imaginar o que um prefeito Rasputin, mulherengo, pode gerar de desconforto e falatório em uma prefeitura. Os anais da história registram o que se comenta à boca pequena: se o sofá do gabinete do prefeito falasse, o reino de Pedra-chata tremeria.
O tema merece outra reflexão, também politicamente incorreta: na hora de se decidir o lançamento de candidato a prefeito, tem que se levar em conta o seu estado civil, senão, corre-se o risco de ver o dito cujo amargar a derrota a despeito de suas qualidades. A família é o núcleo da sociedade e guardiã dos valores inalienáveis que a norteiam. Está no inconsciente coletivo, o cidadão que não cumpre o sagrado compromisso de cuidar, com responsabilidade, da própria família, não pode assumir compromisso eleitoral, responsável, de cuidar dos interesses de uma população. Estará mentindo para si e para o eleitor. Simples, assim.
Este escriba ateu tranquiliza os candidatos “solteiros”: casem-se, a vida de casada é boa, ajuda a pensar, a superar obstáculos, a concretizar objetivos, pois está casado há 55 anos com a mesma mulher e os problemas de relação são resolvidos com amor e compreensão (sem tapas). Tem três filhos, quatro netos e três bisnetos, lindos.
Meditem nisso, candidatos, e feliz lua-de-mel. E não exagerem.
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