Qual é a agenda de futuro para o Brasil, ou qual é a utopia, digamos assim, para um país como o nosso?
José Serra: Temos um problema macroeconômico de curto prazo muito sério, antes de falar em longo prazo. O Brasil está de alguma maneira numa armadilha, que tem três lados: os maiores juros do mundo, já há muitos anos; a taxa de câmbio talvez hoje mais valorizada do planeta; e uma explosão de gastos correntes como nunca houve cm valores reais. Na época do Sarney houve uma explosão, mas a inflação era de dois dígitos ao mês. Esse tripé perverso tem um peso determinante, é a tal da travessia. Agora, a longo prazo, temos de pensar o seguinte: o Brasil deve ter hoje 190 milhões de habitantes, perto disso; daqui a dez anos, teremos dezenas de milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho. O modelo primário exportador, para onde o país está caminhando, não é capaz de gerar empregos com o dinamismo que a oferta de trabalho exige. Ele não vai gerar desenvolvimento sustentado (e sustentável) e o país está caminhando para isso. Então é um grande desafio reinventar o desenvolvimento, como se dizia na linguagem da Cepal, “hacia dentro” [para dentro], junto com “hacia fuera” [para fora], porque voltar o desenvolvimento só “hacia fuera”, que é o que está acontecendo, não vai dar conta dos problemas principais do país. Esse é o desafio maior: uma economia que simultaneamente se expanda no mercado interno e no mercado externo, até porque se não for assim o desenvolvimento será medíocre. MAIS
1 Comments:
Alguém precisa avisar o ilustre governador de que a desvalorização do dólar é um fenômeno mundial, a moeda americana despencou em relação a maioria das moedas no planeta devido a crise em que os ianques se enfiaram. E o governo brasileiro tem feito o possível p/ manter o câmbio num patamar aceitável.Ou será que ele eleito presidente, vai elevar o dólar a um valor de 4 R$ por 1 US e fazer a festa dos exportadores e jogar o poder aquisitivo da população na lata do lixo?
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