Folha de S. Paulo |
Patrimonialismo na informação |
Fernando Rodrigues |
BRASÍLIA - O episódio Dilma Rousseff x Lina Vieira, sobre a tal reunião secreta entre ambas, revela também um tipo específico de patrimonialismo. No caso, a atitude de quem assume um cargo público e imagina-se dono dos documentos e dados produzidos enquanto está no poder. Esse patrimonialismo no trato da informação não é invenção de Lula. De maneira análoga, Lula tem quase sempre ao seu lado uma assessora anotando num laptop o conteúdo de reuniões. Só para consumo interno e do presidente. Como foi exatamente a decisão sobre a flexibilização do câmbio, em 1999? O que os ministros diziam a FHC? E em 2005, na fase aguda do mensalão, qual era o teor das reuniões políticas de Lula no Planalto? De volta ao caso Dilma x Lina. É uma demonstração de atraso institucional a Casa Civil e a Receita Federal não terem um sistema seguro e confiável no qual esteja registrado, pelo menos, com quem se reúnem os chefes desses órgãos. Na sexta-feira, o Planalto piorou o quadro. Informou que as imagens do seu circuito interno são apagadas a cada período médio de 30 dias. O estrago está feito. Se olhar para a frente, Lula pode lustrar a biografia tomando uma decisão nessa área: baixar uma norma obrigando o alto escalão federal a manter registros rígidos de todas as reuniões dentro do governo. Mesmo que algo fique em sigilo agora, pelo menos no futuro o país conhecerá melhor a sua história. |
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