quinta-feira, julho 02, 2009

Classe média parou de crescer no ano passado, aponta pesquisa

Andrea Vialli, O Estado de S. Paulo


A crise interrompeu a tendência de mobilidade nas classes sociais brasileiras, especialmente o avanço da classe C, e também tornou os brasileiros mais cautelosos com os gastos. É o que aponta o estudo O Observador 2009, realizado pela empresa de pesquisas Ipsos e pela financeira Cetelem, que faz parte do grupo francês BNP Paribas.

Entre 2007 e 2008, a classe C, que reúne pessoas com renda familiar média de R$ 1.201, se manteve estável, passando de 46% para 45% da população brasileira. Entre 2006 e 2007, essa população havia crescido de 36% para 46% e se tornado a maioria da população.

O que notamos é uma estabilidade da pirâmide Social brasileira. O avanço da classe C se deu em um momento de grande crescimento econômico e é uma conquista sedimentada. Não se pode crescer indefinidamente, afirma Marcos Etchegoyen, vice-presidente da Cetelem no Brasil.

O estudo, realizado há quatro anos, envolveu uma amostra de 1,5 mil pessoas em 70 cidades brasileiras. Em termos absolutos, houve redução de 2 milhões de pessoas na classe C. No ano passado, 84,62 milhões faziam parte desse estrato Social, ante 86,2 milhões em 2007.

Ao mesmo tempo, houve crescimento das classes D/E (de renda familiar média de R$ 650), de 72,9 milhões para 75,8 milhões na mesma comparação. Nas classes A/B (rendimentos médios de R$ 2.586) houve ligeira alta, de 28 milhões para 29,3 milhões de pessoas.

Desde 2006 a pesquisa vinha apontando migração das classes D e E, que concentravam a maior parcela da população, para a classe C. Em 2007, a classe C passou a ser maioria. Os dados mostram ainda que, apesar do seu encolhimento, houve aumento da renda nessas classes em 2008, de 13% e 12% nas C e D/E, respectivamente.

Estudo realizado pelo economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Política Social da Fundação Getúlio Vargas (FVG), divulgado pelo Estado na edição de domingo, indica que a classe C já representava, na última semana de abril, 53,6% da população das seis principais regiões metropolitanas do País, após ter caído de 53,81% para 52,64% em janeiro. Já as classes A e B correspondiam a 13,3% dessas seis regiões na última semana de abril.
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