quinta-feira, abril 02, 2009

Encapotado

O blog do professor Roberto Romano transcreveu a matéria abaixo, sobre encapotado, e fez o seguinte comentário:

Tenho dúvidas sobre a origem da guloseima, nenhuma sobre a delícia. Em minha família (parte de Tatui, os Salles, parte de Itapetininga, os Marins, parte do Núcleo Colonial Barão de Antonina, pertinho de Itapeva, os Silva) achamos excelente o bolinho, feito com maestria inigualada pela tia Rosa e imitado com maior ou menos destreza pelas outras tias. O rito da preparação e da comilança é o tradicional nas famílias brasileiras: as mulheres na cozinha, preparam o prato, os homens e jovens esperam, numa sala de jantar ou na varanda, que os bolinhos sejam servidos, tomando cerveja, claro.

Atenção : como o polvilho pode se desagregar na fritura, é preciso saber exatamente a porção a ser posta na massa.

O interessante é a surpresa: ninguém sabe de antemão o pedaço de frango que lhe cabe. Daí, imagino, o nome de " encapotado", o pedaço está coberto, como se fosse um capotinho.

Delícia é pouco para descrever a sensação do bolinho e da cerveja na boca.

Saudades...

Segue abaixo uma receita de encapotado, vinda dos Silva, do Núcleo Barão de Antonina, hoje não mais colonial, mas pequeno município.

Encapotado de Frango

• 1 frango caipira
• 1 Kg de farinha de milho amarela
• 2 colheres de polvilho azedo
• 4 ovos
• 2 cubos de caldo de galinha (antigamente era o próprio caldo do frango, modernidades...)

Cozinhe o frango temperado com cheiro verde, alho, cebola, ervas finas e caldo de galinha. Coloque a farinha de milho numa bacia junto com o polvilho, cheiro verde e ervas finas. Misture tudo e vá despejando o caldo de frango. Deixe esfriar e coloque os ovos batidos. Massa meio mole (esse é o detalhe).

Envolva os pedaços de frango na massa e frite em óleo bem quente.

Observação p/ fritar – deixe fritar um lado completamente, sem mexer no bolinho, depois, vire-o para fritar o outro lado.
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Variante de encapotado, segundo Paulo Araújo

De fato, é uma delícia. Comi a iguaria em Minas, em Viçosa, quando para lá fui com a missão de falar sobre ciências humanas, etc. tendo como público os alunos e docentes da Universidade Federal. O campus é maravilhoso, e o pastal de angu é de comer chorando! Mas diz Paulo Araújo:

"Há uma variante mineira da iguaria, que dizem ser original de Itabirito/MG, cidade natal de minha esposa. Originalmente o pastel era recheado com um refogado de umbigo de banana (aquele "coração" roxo que fica preso ao cacho e que solta um líquido branco altamente agressivo. A "domesticação" do umbigo para fins culinários certamente é de origem indígena. Em Itabirito broto de samambaia refogado é bastante popular).

Por lá, conta-se que a receita do pastel de angu foi passada por uma escrava doméstica à Dona Ana Joaquina de Lima em meados do século XIX.

"Originalmente, a forma do Pastel de Angu” era arredondada, O recheio colocado sobre a massa era enrolado e depois achatado para ser assado, e recebiam o nome de “Boroa".

Tomou a forma atual no Século XIX, por volta de 1.885, pelas habilidosas mãos de Dona Ana da Prata Baêta, conhecida por “Dona Saninha da Prata que, em 1.915 passou a receita para sua nora Dona Emilia Martins Baêta, apelidada de “Dona Milota”, falecida em 1.972. Dona Milota fazia divinamente os Pastéis de Angu, e os vendia como forma de ajudar nas despesas domésticas."

Receita

Ingredientes

1 litro de água
½ Kg de fubá de milho moído em moinho d’água (peneirado)
2 colheres de sopa de óleo
1 colher de chá de sal
1 ovo
1 pitada de bicarbonato
½ copo (americano) de polvilho azedo (peneirado)
Recheio á gosto (carne moída, frango, queijo, bacalhau e umbigo de banana).

Preparo

Coloque para ferver em uma panela, a água, o sal, e o óleo. Assim que estiver fervendo (borbulhando) coloque o bicarbonato e em seguida vá acrescentando fubá e vá mexendo rapidamente com uma colher de pau para não embolar.

Deixe cozinhar um pouco.

Depois tire do fogo e vire numa mesa (pedra), acrescente á massa o polvilho e o ovo. Sove a massa ainda quente, até ficar consistente.

Enrole a massa em um pano de prato úmido e vá fazendo os pastéis.
Fritar em óleo bem quente e não mexer até que comece a dourar,

Dicas
Para não queimar as mãos enquanto estiver sovando a massa, saquinhos de plástico nas mãos.
Os pastéis deverão ser feitos a mão, a massa não deverá ser aberta com rolo ou máquina.
A quantidade de óleo na panela deverá ser suficiente para cobrir os pastéis para fritá-los.


BOM APETITE!


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