Cutucando
A ilusão de que a Administração Cavani seria diferente das que a antecederam no tocante à probidade administrativa e a ética política se desmanchou no ar como bolha de sabão. Numa análise superficial não seria exagerado nem injusto afirmar que a gestão Luiz Cavani (PSDB) deve passar à História como aquela em que a mediocridade administrativa e os escândalos envolvendo seus auxiliares diretos em desvios de dinheiro público envergonharam e decepcionaram todos aqueles que acreditaram no empresário que iria dedicar parte de sua vida para ajudar Itapeva a sair do atraso.
Dói n´alma registrar nesta coluna, cujo escriba está de plantão há 50 anos, que após todo esse tempo pouco mudou em Itapeva o trato com a coisa pública. Com raras e respeitáveis exceções nossa cidade teve uma sucessão de prefeitos, vereadores e secretários sem nenhum amor por sua terra, que só tiraram proveito do cargo para acertar suas vidas em detrimento de uma das populações mais carentes do Estado.
Como a crise mundial que já existia, mas que só se tornou pública em setembro, a gestão Cavani também havia muito tempo vinha tropeçando na improbidade administrativa e na falta de zelo pelo dinheiro público, mas só em setembro (festa de aniversário da cidade) revelou-se que o então impoluto doutor Luiz Cavani (PSDB) apostara todas as suas fichas (até as que não tinha) a fim de se reeleger. E conseguiu.
Os dez dias da FAI com rodeios, duplas sertanejas das mais caras, pastor show-man a 11 mil reais por uma única noite, fizeram parte da orgia de gastos custeados (segundo se afirma) por pródigos fornecedores da Prefeitura. E as suspeitas de desvios de recursos da festa se avolumaram a partir do inquérito instaurado pelo Ministério Público em que aparecem envolvidos secretários municipais da maior confiança do prefeito, induzindo à conclusão de que ele sabia o que acontecia sob o seu nariz e se omitiu.
O promotor doutor Helio Dimas de Almeida Jr. vem se dedicando com afinco na apuração de possíveis irregularidades na arrecadação e uso dos recursos e já pediu a quebra de sigilo bancário, fiscal e financeiro do empresário Cláudio Macarrone. Comenta-se que no dia em que se abrir a caixa-preta da FAI, a Receita Federal e a Justiça vão ter dias trabalhosos tantos são os que terão de prestar contas. Por uma questão de sigilo e para colaborar com o Ministério Público não adiantamos nomes.
E as notas frias? Essas são tantas e serviram para tantas finalidades que qualquer servidor público que quiser fazer um curso de como desviar dinheiro de uma Prefeitura acéfala é só procurar alguns dos envolvidos cujos nomes estão na boca do povo.
Todavia, foi graças à coragem e o desprendimento do empresário José Bueno Machado Netto e a presteza profissional do jornalista-diretor do Ita News, Kiko Carli, que toda maracutaia das notas frias veio à tona, derrubando de um sopro o castelo de cartas de probidade e lisura da gestão Cavani. Portanto, Itapeva deve aos dois um preito de gratidão, mesmo diante da circunstância de o querido Zé Bueno ter sido um dos envolvidos por obra e graça de quem usou e abusou de sua humildade e boa fé.
A “CEI das gráficas”, assim como o Ministério Público de Itapeva em relação a FAI, vem desvendando antigos usos e costumes, meios escusos de desviar dinheiro público com notas tiradas de produtos que não correspondem à realidade, ou seja, notas frias. Os três vereadores, até onde pode se avaliar, têm se desempenhado corretamente levando acreditar que o relatório final pode incriminar membros de destaque da Administração. Isso vem demonstrar que ao fiscalizar o Executivo a oposição presta um grande serviço não só ao prefeito como ao município. Chega daquela unanimidade burra, criticada, aqui, por este escriba, unanimidade responsável em grande parte por tudo de ruim que está acontecendo em Itapeva e na Prefeitura. Dignidade já.
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