BRASIL: RESERVA COM CAPITAL ESPECULATIVO
Cesar Benjamin, Folha de S. Paulo, A marcha da insensatez
A fase aguda da crise mal começou e já tivemos de recorrer a um empréstimo de US$ 30 bilhões do Fed (o banco central dos EUA), que dispensou intermediários e passou a operar como emprestador de última instância a bancos centrais vulneráveis. Uma consulta a alguns números da economia brasileira mostra por que entramos na primeira lista de países socorridos, ao lado de México, Coréia do Sul e Cingapura.
Desde 2002, mais de 80% do que recebemos do exterior, na forma de saldo comercial, foi enviado de volta, na forma de remessas de serviços e rendas. O pequeno saldo restante fica longe de explicar o acúmulo de cerca de US$ 200 bilhões em reservas, alardeado como sinal de solidez.
A maior parte dessas reservas foi formada com capital externo de curto prazo, atraído ao Brasil pelos juros altos e aqui distribuídos em ativos dotados de elevada liquidez. As reservas brasileiras são a contrapartida de um passivo líquido que, ao se mover, pode reduzi-las a pó. Enquanto o governo comemorava o "fim da dívida externa", formava-se uma nova dívida mais perigosa.
Esse capital de curto prazo não planta um pé de alface. Ao contrário: ao entrar, valoriza o câmbio e contribui para fragilizar o sistema produtivo. Não faltaram advertências sobre isso. Mas a valorização cambial tinha aliados poderosos: ajudava o BC a atingir as metas de inflação, aumentava as remessas de lucros das empresas multinacionais e permitia gigantescos ganhos aos especuladores. MAIS
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