quarta-feira, janeiro 09, 2008

E quando seis não são meia dúzia?
José Nêumanne O Estado de S. Paulo

O Partido dos Trabalhadores (PT) é um aplicado discípulo dos coronéis da Guarda Nacional de antanho. Sua Bolsa-Família, por exemplo, é uma versão contemporânea do ancestral método de dar o peixe, em vez de ensinar o pobre a pescar, que os chefes políticos regionais da República Velha usavam. Não apenas para assegurar os préstimos do agraciado em troca de um punhado de farinha, mas também para mantê-lo sob jugo permanente: o homem capaz de produzir o próprio alimento pode conquistar a autonomia e, depois, negar-se a servir ao barão. Mas na adaptação do feudalismo coronelista ao figurino socialista, que os petistas dizem vestir, há também o abandono de velhas práticas que garantiam a solidez das relações entre manda-chuvas e súditos. Uma é a do fio de bigode: entre coronéis o empenho da honra valia mais que documento. No neocoronelismo petista a palavra é vaga e a promessa, vã: obtida a regalia, não se cumpre a contrapartida ofertada.
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