quarta-feira, outubro 10, 2007

A farsa antiprivatista
Editorial, Folha de S. Paulo

HÁ CERCA de um ano, em pleno segundo turno da disputa presidencial, a campanha petista se preocupava em eximir-se de quaisquer intenções privatistas. Lançava toda a carga dessas políticas contra a chapa de Geraldo Alckmin. A estratégia eleitoral deu certo, mas escondeu a verdade.

Ontem a segunda gestão Luiz Inácio Lula da Silva privatizou 2.600 km de rodovias federais. Concedeu a empresas o direito de explorar 36 postos de pedágio em vias importantes como a Fernão Dias (que conecta São Paulo a Belo Horizonte) e a Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba).
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Pois é, ? Criticou, criticou, mas fez igual. Ainda bem que fez. Ainda bem que aprendeu. Porque não dá para ser Getúlio Vargas no século 21. Getúlio construiu indústrias, deu início à industrialização brasileira, beleza! O governo de Getúlio tinha mesmo que fazer porque não havia capital privado suficiente. Getúlio arrecadava em torno de 15 % do PIB e optou pelas empresas estatais - e não por mais investimentos em saúde e educação. Naquela época havia poucas escolas, a população era analfabeta. Quem cuidava da saúde eram as santas casas, propriamente chamadas de misericórdia. Saúde era favor, não direito.
No século 21, tudo mudou. A demanda por saúde e educação aumentou exponencialmente. O governo do século 21 arrecada mais de três vezes o de Getúlio. E mesmo assim tem sérias dificuldades (gerenciais, inclusive) em prestar serviços de qualidade em saúde, educação, segurança. Outra coisa: agora há capital privado abundante - no Brasil e no mundo.
Os petistas e nacionalistas viúvos de Getúlio querem o quê? Que o governo continue deixando de lado a educação, a saúde, a segurança, para investir em empresas estatais?
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