sábado, agosto 25, 2007

Bolsa Família - Fácil de entrar, difícil de sair
Giuliano Guandalini, Veja

Felizmente, pesquisas indicam que o ambicioso programa brasileiro é bem direcionado e contribui para reduzir a desigualdade de renda no país. No entanto, peca ao não abrir portas de saída para seus assistidos. Uma vez inscritos no programa, são pouquíssimos os que o deixam, ao contrário do que ocorria com os food stamps. Assim, o Bolsa Família transformou-se num meio de vida, e não numa ajuda emergencial e transitória. Nas áreas mais pobres, como o sertão nordestino e o mineiro, já há falta de mão-de-obra para a lavoura. Em vez de roçarem ou semearem, os ex-agricultores preferem ficar em casa, sacando mensalmente sua parcela do Bolsa Família ou algum outro benefício. Por isso se tornou extremamente difícil – se não impossível – que qualquer governo se sinta em condições de eliminá-lo no futuro, mesmo se ele se tornar obsoleto.

Como, então, resolver o problema? Uma das soluções é ampliar as condições para que o benefício seja concedido e, talvez, estipular prazos de duração. Caso contrário, o programa se encerrará num assistencialismo fácil – equiparável a lançar dinheiro de helicóptero sobre regiões castigadas pela fome. Quem ganha o Bolsa Família pode até abandonar a miséria extrema, mas não vislumbra a oportunidade de saltar de classe social – afinal, cada atendido ganha, em média, 15 reais por mês.
De acordo com os estudiosos, a redução efetiva da desigualdade depende de dois fatores: o investimento em educação de qualidade e o acesso ao crédito.
Daí a importância de iniciativas como o microcrédito idealizado pelo economista Mohammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2006. Há trinta anos, Yunus fundou em Bangladesh o Banco Grameen e ajudou assim a alicerçar as fundações do microcrédito em vários outros países – menos no Brasil, onde a iniciativa ainda é tímida. O Grameen funciona, grosso modo, como uma grande cooperativa. Os juros são reduzidos, e a inadimplência é baixíssima. Os valores emprestados são módicos, mas suficientes para que as pessoas mais humildes dêem o pontapé inicial em pequenos negócios. O dinheiro dos repagamentos permite que o crédito se espalhe para outras famílias. LEIA MAIS

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