quarta-feira, maio 16, 2007

"Esse câmbio é um desastre para a economia'
Estadão
Para o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, o Brasil sofre da doença holandesa - situação em que uma ou poucas mercadorias exportadas por um país levam à valorização de sua moeda. No caso brasileiro, a alta do real se deveria às vendas de commodities ao exterior.
O que o dólar a R$ 1,98 significa para a economia brasileira?
É a confirmação da tendência de sobrevalorização da taxa de câmbio que ocorre em todos os países em desenvolvimento. Uma taxa de câmbio assim é um desastre porque impede que haja desenvolvimento econômico. Num quadro de globalização, em que a lógica fundamental é a da competição, essa taxa de câmbio torna a indústria gradualmente inviável, especialmente aquela que tem conteúdo tecnológico mais sofisticado, a mais importante para o desenvolvimento econômico.
O que o governo deveria fazer para evitar isso?
Esse problema que está acontecendo conosco se chama doença holandesa. Só conseguiremos crescer se conseguirmos neutralizar essa doença, mantendo a taxa de câmbio compatível com o crescimento econômico. Seu efeito se dá sobre a indústria, que não morre, mas se torna maquiladora. Só monta e usa mão-de-obra barata.
Como controlar isso hoje?
O país que melhor faz isso é a Noruega. O país estabeleceu um alto imposto sobre a exportação de petróleo. Se toda a receita do imposto entrasse na Noruega, pressionaria o câmbio para baixo. O país, então, criou um fundo internacional, composto por títulos e ações, para onde vai o dinheiro do imposto.
O Brasil deveria taxar as exportações?
Primeiro, devemos fazer controle de entrada de capitais. O setor exportador pode absorver um imposto desde que a taxa de câmbio suba proporcionalmente. Se for negociado, não tem prejuízo para essa indústria.
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